Refleti a noite inteira e cheguei a uma conclusão. Eu não sinto tesão pela Julia. Eu estou assim porque ela é a única garota perto de mim no momento. Eu estou carente porque não tenho com quem ficar.
Me levantei do chão e me arrependi de ter dormido esta noite fora, é extremamente desconfortável.
Subi as escadas da lancha e entrei no banheiro, por sorte a Julia já tinha enchido a bomba com água.
Depois fui até a dispensa e lá encontrei um pacote de miojo, fui ver se o fogão tinha gás e infelizmente não tinha. Comi o miojo cru, não é ruim.
— Payton. — Me virei de frente quando ouvi a voz da garota. — Eu não acredito que você está comendo miojo cru.
— É bom.
— Eu sei que é bom, e esse era o MEU miojo! E guardei ele para EU comer. Ele era MEU. — Ela foi até a dispensa brava. — Não tem mais miojo. Você comeu o último.
— Eu não tenho culpa.
— Tem sim! Você que comeu.
— Ju, para de ser exagerada, é só um miojo.
— ERA O MEU MIOJO! VOCÊ NÃO TINHA PERMISSÃO PARA PEGAR ELE.
— Por que você grita?
— Eu te odeio! E você está me devendo um miojo.
— Tudo bem, quando a gente sair daqui eu compro um para você. — Eu disse para ela calmo.
— Eu quero três!
— Tudo bem, eu compro três.
Ela deu meia volta e suspirei aliviado, essa menina é muito estressada.
— PAYTON! — Berrou do banheiro. — VOCÊ USOU TODA A ÁGUA! — Ela veio irritadissima em minha direção.
— Por que você está tão brava hoje? — Perguntei sem entender.
— EU NÃO SEI SE VOCÊ PERCEBEU MAS EU NÃO QUERO MAIS FICAR AQUI COM VOCÊ. — Alterou a voz.
— VAI EMBORA ENTÃO, VADIA PROBLEMÁTICA. — Falei no mesmo tom que ela.
— DO QUE VOCÊ ME CHAMOU?
Porra, eu disse sem pensar.
— Você ouviu. — Diminui meu tom de voz
— Não! Eu não ouvi. — Ela ficou me encarando com raiva.
— Então deixa eu repetir... vadia problemática. — Falei devagar, com medo, mas falei.
Ela partiu para cima de mim, me fazendo ficar deitado no chão e começou a me dar socos no peito.
— Não está doendo. — Comecei a rir.
— Eu te odeio! — Ela tentou sair de cima de mim, mas eu segurei a mão dela. — Me larga!
— Você é bem surtadinha, né? — Sorri pensando besteiras. — Não vai me dar nem um beijinho?
— Aqui o beijinho. — Ela começou a puxar meu cabelo.
— Larga se não eu puxo. — Peguei no cabelo dela e ameacei puxar.
— Puxa que eu gosto! — Ela admitiu, mas logo se arrependeu de ter falado. Sempre desconfiei que ela gostava dessas coisas. — Larga o meu primeiro!
— Mas não tem vergonha. — Eu ri me divertindo da situação. — Larga você primeiro.
— Payton! — Ela voltou a me encarar com a expressão de brava.
— No três a gente larga juntos. Um... Dois... — Troquei as posições, agora eu estava em cima dela.
— Você é sempre rápido assim? — Ela soltou meu cabelo e eu soltei o dela. Ficamos nos encarando por um tempo. — Sai de cima de mim.
— Chata. — Eu me afastei, e ela arrumou seu cabelo.
— Olha só o que você fez, agora eu vou ter que arrumar meu cabelo de novo.
— E olha para o meu. — Apontei. — Você acha que é fácil ter esse cabelo sedoso?
— Você quis dizer seboso, né? Nem toma banho.
— Eu tomo sim.
— É, eu percebi. — Falou irônica. Vi ela saindo para o caminho da cachoeira.
— Isso tudo é tesão? — Eu perguntei. — Você deve ficar bem molhada quando eu brigo com você.
— Só nos seus sonhos. — Ela rebateu.
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A Ilha
أدب الهواةApós um "passeio" entre inimigos que acaba em um acidente, Payton e Julia ficam presos em uma ilha deserta e dependem um do outro para sobreviver. Onde um odiava o outro, mas será que esses sentimentos vão mudar?