08

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Refleti a noite inteira e cheguei a uma conclusão. Eu não sinto tesão pela Julia. Eu estou assim porque ela é a única garota perto de mim no momento. Eu estou carente porque não tenho com quem ficar.

Me levantei do chão e me arrependi de ter dormido esta noite fora, é extremamente desconfortável.

Subi as escadas da lancha e entrei no banheiro, por sorte a Julia já tinha enchido a bomba com água.

Depois fui até a dispensa e lá encontrei um pacote de miojo, fui ver se o fogão tinha gás e infelizmente não tinha. Comi o miojo cru, não é ruim.

— Payton. — Me virei de frente quando ouvi a voz da garota. — Eu não acredito que você está comendo miojo cru.

— É bom.

— Eu sei que é bom, e esse era o MEU miojo! E guardei ele para EU comer. Ele era MEU. — Ela foi até a dispensa brava. — Não tem mais miojo. Você comeu o último.

— Eu não tenho culpa.

— Tem sim! Você que comeu.

— Ju, para de ser exagerada, é só um miojo.

— ERA O MEU MIOJO! VOCÊ NÃO TINHA PERMISSÃO PARA PEGAR ELE.

— Por que você grita?

— Eu te odeio! E você está me devendo um miojo.

— Tudo bem, quando a gente sair daqui eu compro um para você. — Eu disse para ela calmo.

— Eu quero três!

— Tudo bem, eu compro três.

Ela deu meia volta e suspirei aliviado, essa menina é muito estressada.

— PAYTON! — Berrou do banheiro. — VOCÊ USOU TODA A ÁGUA! — Ela veio irritadissima em minha direção.

— Por que você está tão brava hoje? — Perguntei sem entender.

— EU NÃO SEI SE VOCÊ PERCEBEU MAS EU NÃO QUERO MAIS FICAR AQUI COM VOCÊ. — Alterou a voz.

— VAI EMBORA ENTÃO, VADIA PROBLEMÁTICA. — Falei no mesmo tom que ela.

— DO QUE VOCÊ ME CHAMOU?

Porra, eu disse sem pensar.

— Você ouviu. — Diminui meu tom de voz

— Não! Eu não ouvi. — Ela ficou me encarando com raiva.

— Então deixa eu repetir... vadia problemática. — Falei devagar, com medo, mas falei.

Ela partiu para cima de mim, me fazendo ficar deitado no chão e começou a me dar socos no peito.

— Não está doendo. — Comecei a rir.

— Eu te odeio! — Ela tentou sair de cima de mim, mas eu segurei a mão dela. — Me larga!

— Você é bem surtadinha, né? — Sorri pensando besteiras. — Não vai me dar nem um beijinho?

— Aqui o beijinho. — Ela começou a puxar meu cabelo.

— Larga se não eu puxo. — Peguei no cabelo dela e ameacei puxar.

— Puxa que eu gosto! — Ela admitiu, mas logo se arrependeu de ter falado. Sempre desconfiei que ela gostava dessas coisas. — Larga o meu primeiro!

— Mas não tem vergonha. — Eu ri me divertindo da situação. — Larga você primeiro.

— Payton! — Ela voltou a me encarar com a expressão de brava.

— No três a gente larga juntos. Um... Dois... — Troquei as posições, agora eu estava em cima dela.

— Você é sempre rápido assim? — Ela soltou meu cabelo e eu soltei o dela. Ficamos nos encarando por um tempo. — Sai de cima de mim.

— Chata. — Eu me afastei, e ela arrumou seu cabelo.

— Olha só o que você fez, agora eu vou ter que arrumar meu cabelo de novo.

— E olha para o meu. — Apontei. — Você acha que é fácil ter esse cabelo sedoso?

— Você quis dizer seboso, né? Nem toma banho.

— Eu tomo sim.

— É, eu percebi. — Falou irônica. Vi ela saindo para o caminho da cachoeira.

— Isso tudo é tesão? — Eu perguntei. — Você deve ficar bem molhada quando eu brigo com você.

— Só nos seus sonhos. — Ela rebateu.

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