17

1.9K 82 10
                                    

— Julinha, eu sei que não é a melhor comida do mundo, mas é o que temos para hoje. — Entrei na cozinha com um peixe na mão.

— Não acredito que você pescou um peixe. — Ela disse olhando com cara de nojo. — Você sabe que eu não gosto.

— Mas não tem o que comer aqui, esse é o meu almoço. Se você não quiser fique à vontade para procurar frutas pela ilha.

Comecei a tirar as escamas do peixe com o canivete

— Não, eu posso tentar comer peixe, vou ficar praticamente um ano tirando os espinhos.

— Que nada, eles nem são tão grandes, Ju, pode comer não vai matar.

— Eu que sei, Payton. — Revirou os olhos para mim.

— Deveria revirar os olhos por outro motivo. —
Dei um sorriso de canto.

— A noite você me explica melhor. — Ela disse de uma forma inocente, mas de inocente essa garota não tinha nada. — Quer ajuda em alguma coisa?

— Sim, você pode fazer uma fogueira lá fora para assar o peixe. — Eu disse.

Depois de eu ter descamado todo o peixe, coloquei ele em um galho e pedi para Julia deixar sobre o fogo, que eu já voltava. Fui atrás de algumas folhas grandes pois ela estava com nojo de sentar no chão.

— Julia! — Exclamei, quando voltei vi o peixe pegando fogo. — Eu disse para você deixar sobre o fogo e não dentro do fogo.

Quase me queimei para tirar o peixe lá de dentro, mas no final eu consegui.

— Achei que seria mais rápido desse jeito. — Se explicou.

Entreguei as folhas para ela se sentar.

— Por sorte ele não queimou. — Cortei metade do peixe para ela e a outra metade para mim.

— Eca, não acredito que vou comer isso. — Falou pegando um pedaço e tirando todos os espinhos, depois de quase uma década ela comeu o primeiro pedaço.

— É tão ruim assim? — Perguntei à ela.

Depois de eu ter comido o segundo pedaço me veio uma ânsia de vômito. Não aguentei e tive que ir até atrás dos arbustos para vomitar.

— Payton, está tudo b... — Ela não conseguiu terminar a frase e acabou vomitando ao meu lado.

Depois de termos vomitado nosso almoço, jogamos o peixe fora e fomos atrás de frutas.

— Viu, você foi dar uma de cozinheiro e nos deu intoxicação alimentar. — Ficou reclamando.

— Julia, eu entendi, não precisa ficar repetindo.

— Eu estou me sentindo mal ainda, sabia?

— Tá bom, Julinha, me desculpa, eu nunca mais vou pescar peixes e fazer para nós. Vamos comer frutas até nos resgatarem. — Falei entediado.

— Mas eu acho que a gente passou mal pela má alimentação, não só por causa do peixe.

— Claro que é. — Eu concordei. Fomos até o mar para lavar a boca.

— Credo, a água é salgada.

— E eu já fiz xixi aí dentro. — Ela me olhou com cara de nojo. — Não se esqueça que você mamou, então...

— Eu já entendi. — Me interrompeu.

— E se afogou. — Falei rindo.

— Quer jogar mais o que na minha cara?

— Você não vai querer saber.

— Eu sei, e eu gosto. — Ela sorriu.

Fomos atrás de algumas frutas, não queríamos comer o mesmo de sempre então achamos melão e comemos escorados em uma árvore.

A IlhaOnde histórias criam vida. Descubra agora