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— Me fala mais coisas?

Essa era a minha desculpa para escutar a voz dele. Essa voz perfeita que me faz ficar com muito tesão, de alguma forma.

— Uma vez quando nós estávamos na praia, você levou uma queimadura de água viva e eu tive que urinar em você para passar a dor. — Ele disse rindo.

— Meu Deus! Sério? Eu vi seu pau?

— Julia? Que isso? — Ele me olhou assustado.

— Brincadeira... — Disfarcei. — E sobre o menino lá? O Nick. — Mudei de assunto.

— Não sei se você lembra dele.

— Não, mas me fala mais sobre.

— Ele é um garoto muito engraçado e divertido, se eu não me engano vocês se conheceram em uma festa. E eu e ele na escola.

— E a escola?

— O que quer saber?

— Sobre meus amigos, em que ano estou, essas coisas.

— Você não tem amigas, porque é anti social, está no segundo ano do ensino médio e tem o Connor.

— Quem é esse?

— É seu namoradinho.

— O que? Eu tenho um namorado?

Eu namoro e estava imaginando coisas absurdas com Payton em minha mente. Que horror. Agora vou ter que imaginar um trisal.

— Namora, mas ele não presta e sinto lhe dizer, mas você é corna.

— Corna. Essa palavra me lembra algo. — Falei pensativa.

— Sim, lembra você.

— Payton! — Empurrei ele de leve.

— Qual foi? Só estou falando a verdade. — Ele riu.

— Me fala como o meu namorado é, o físico e a personalidade.

— Ele é parecido comigo, só que eu sou mais bonito é claro.

— Convencido. E você namora?

— Não, nunca namorei. Não sou desses.

— Por quê?

— Acho que não estou pronto para entrar em um relacionamento, tenho que evoluir muito como pessoa.

— E você prefere como eu era antes ou agora? — Perguntei curiosa.

— Não sei.

— Tem algo que mudou muito?

— Sim! Você agora está muito quietinha e santinha.

Santinha porque ele não lê meus pensamentos.

— A gente poderia fazer algo, né? Está chato ficar aqui parada.

Eu não aguentava mais ficar parada nesta ilha, não tem nada para fazer aqui. Bom, até tem mais aí o Payton tem que colaborar nisso.

— O que quer fazer?

Hum, você sabe o que eu quero.

— Não sei, o que a gente fazia antes?

— A gente brigava por qualquer coisa.

— Sabe o que a gente pode fazer? — Mordi o lábio inferior e me aproximei para um beijo.

— Ju, não confunde as coisas. — Ele disse se afastando.

Então vai se foder. Senti que ficou um clima bem estranho entre nós, então eu resolvi dar o fora dali.

— Onde vai? — Perguntou.

— Dar uma volta, está chato aqui. — Fingi não me importar com o que aconteceu.

— Está tudo bem entre nós? Eu não quero que fique um clima estranho.

Se você não quisesse um clima estranho era só ter me comido violentamente.

— Sim, tudo bem.

Fui até a lancha e entrei pela cozinha, abri a despensa e não tinha nada do meu gosto para comer.

— Estou com fome. — Falei para Payton.

— Se vira, tem frutas pela ilha inteira.

Nossa, quanta grosseria.

— Por que você está me tratando assim? O que eu te fiz? — Perguntei um pouco magoada.

— A gente sempre foi assim, você que não lembra.

— Você não pode mudar?

— Não.

O que esse garoto tem na cabeça? Como eu suportava ele antes? Agora eu entendi porque eu não ia com a cara dele, que menino mais idiota.

Bipolar do caralho.

— Pode me levar até onde tem as frutas, por favor?

— Você sabe o caminho.

— Payton, você esqueceu que eu perdi a memória? — Eu disse brava.

— Eu me esqueço às vezes. — Falou e percebi ele tentando esconder um sorriso.

— Espera! Eu me lembro disso, me lembro de algo parecido com isso.

— De você brigando comigo?

Mas ele gosta de se fazer de vítima!

— É, alguma coisa assim, não sei bem o que é.

— Se lembra disso? — Antes que eu pudesse responder ele me deu um selinho.

— Por que fez isso?

— Para ver se você lembra de algo. — Ele disse.

— A gente já fez isso antes?

— Só uma vez e foi você que roubou o selinho.

Porque ele fez isso? Juro que não entendo, uma hora ele é legal comigo, outra hora ele está de mal humor e outra hora ele me beija.

— Você é um babaca mesmo. — Comentei. — Vamos ir atrás de comida.

A IlhaOnde histórias criam vida. Descubra agora