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Acordei na manhã seguinte e abri meus olhos lentamente, percebi que Julia não estava mais no quarto. Dormimos esta noite no quarto dela e da irmã que tinha na lancha, eu queria dormir na suíte dos pais dela, mas ela negou.

O bom desse quarto é que tinha duas camas de solteiro.

Levantei-me e fui até o banheiro que tinha no corredor dos quartos, abri a torneira para lavar o rosto e não saiu água.

Mas que merda.

Fui em direção a saída da lancha e vi Julia escrevendo "S.O.S" com um graveto na areia.

— Você gosta de acordar cedo. — Falei observando-a. — O que está fazendo?

— Tentando salvar a gente, coisa que você não fez até agora.

— Agora a culpa é minha?

— Sim, é sua. Se você não tivesse colocado no piloto automático nada disso teria acontecido.

— Se você não tivesse chapada isso também não aconteceria.

— De qualquer jeito a culpa é sua.

— Claro, sempre tem que ter um culpado. — Falei irônico.

— Exato, e o culpado é você.

— Julia, eu não quero discutir com você.

— Pensasse nisso antes de nos prender nessa ilha.

— Mas você está chata hoje. — Revirei os olhos. — Aliás, por que não sai água da torneira?

— Tem que encher com água a bomba que fica embaixo da pia.

— Ah entendi. — Dei as costas e subi na lancha.

— Espera aí. — Ela veio correndo até mim. — Você realmente acha que vai usar o meu banheiro?

— Sim, eu vou.

— Não, você não vai.

— E quem vai me impedir? Você? — Encarei ela de cima a baixo.

— Não vai pegar água para encher?

Se eu sair daqui é capaz dela se trancar no banheiro só para eu não poder usar.

— Só vou sair se você vir junto.

— Não, eu estou bem aqui. — Ela se escorou na parede.

— Julinha, eu só quero mijar e lavar o rosto.

— E eu estou impedindo? Vai lá fora, pega a água do mar e volta. Simples.

— Eu sei que não vai ser tão simples assim, acha que me engana? — Encarei ela. — Eu vou ficar aqui até você sair.

— Espera sentado.

Fazia mais de duas horas que Júlia estava ali, ela não saía de jeito nenhum.

Eu vou mijar aqui, não aguento mais.

Me levantei do chão e ela sorriu vitoriosa. Comecei a abrir o zíper do meu calção e ela arregalou os olhos.

— Ei, ei, o que está fazendo?

— Eu vou mijar nessa plantinha. — Apontei para o vaso de flor que estava no corredor.

— Não mesmo! É da minha mãe isso.

— Então sai daí porque eu estou apurado.

— Você é um otário. — Ela começou a rir de mim e fiquei sem entender. — Pode usar meu banheiro, eu vou usar o da suíte dos meus pais.

Encarei ela com um ódio enorme. Como é que eu não me lembrei daquela maldita suíte?

Ela saiu em direção ao quarto dos pais dela e fui correndo antes que ela chegasse antes. Entrei na suíte e tranquei a porta rápido.

— GAROTO, ABRE ESSA PORTA! — Ela batia na mesma irritada.

— Para. — Comecei a rir. — Vai quebrar, sua louca.

— Aí eu termino de quebrar ela na sua cara! Você não queria usar a porra daquele banheiro?! Vai lá e usa agora.

— Agora eu quero usar esse. — Gargalhei.

Julia Miller

O Payton é um otário, ridículo, pau no cu. Eu vou matar esse garoto!

Dei um chutão na porta e saí de lá brava.

Enchi a bomba de água da pia e escovei meus dentes com a escova nova que estava guardada em um dos armários.

Amarrei meu cabelo em um coque e saí da lancha a procura de frutas, já que a comida da despensa não vai durar por muito tempo.

— O que está fazendo? — Payton começou a me seguir.

— Aproveitou bem a MINHA suíte? — Perguntei irônica.

— Claro que sim, foi uma maravilha. — Ele sorriu cínico. — Você ainda não me respondeu.

— Indo procurar comida ou melhor, frutas. Acho que não tem comida aqui na ilha, mas se bem que fruta é considerada uma comida. — Comecei a refletir isso.

— Eu deveria ter pego meu óculos de sol. — Ele disse.

— Por que está falando comigo? Eu ainda estou brava com você. — Falei seca.

— Eu não tenho ninguém para conversar, me deixa.

Caminhamos bastante e não achávamos frutas nem nada do tipo. Tinha algumas frutas, mas elas ficavam no topo das árvores e era muito alto para pegar.

— Vem aqui. — Payton se ajoelhou na minha frente.

— O que você está fazendo?

— Sobe nos meu ombros e pega aquelas frutas. — Pediu e fiz o mesmo.

— Vai um pouco mais para frente. — Mandei e ele deu um passo. — Isso, para.

— Pegou? — Ele perguntou e em questão de segundos comecei a gritar por causa de uma aranha que estava no meio das árvores.

— O QUE FOI?

— ME COLOCA NO CHÃO! — Berrei.

— O que foi, porra?

— Tinha uma aranha na penca de banana!

— Dramática.

— PAYTON, ME COLOCA NO CHÃO! — Pedi pela segunda vez, ele abaixou-se e eu saí de cima de seus ombros.

— Quanto drama!

— Não é drama! — Falei irritada. — Queria ver você no meu lugar.

— Mano, é só uma aranha, a gente é maior que ela, podemos pisar e matar, simples. — Olhei estranho para ele. — O que foi?

— Payton... A aranha está no seu ombro. — Avisei assustada.

— Ju, deixa de ser mentirosa, é claro que a aranha não está no meu om... — Olhou para seu ombro e logo de cara viu aquele bicho preto, peludo e enorme.

— Eu falei.

— TIRA ELA DE MIM. — Ele começou a gritar em uma tentativa falha de tirar a aranha. — TIRA, PUTA QUE PARIU! — Gritava enquanto a aranha corria pelo seu corpo.

— PARA QUIETO SENÃO ELA NUNCA VAI SAIR DAÍ. — Gritei chamando sua atenção.

— Faz alguma coisa. — Pediu ficando parado aos poucos.

— Está sentindo ela em algum lugar do corpo?

— S-sim. — Se virou de costas para mim.

— Não se mexe. — Mandei.

— Julinha, onde você está indo?

Acho que é uma caranguejeira, não vou conseguir matar ela, eu tenho muito medo.

— Vou atrás de uma folha enorme e expulsar ela daí, não se mexe. — Eu disse.

— Tá, mas não demora.

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