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Não me lembro de absolutamente nada depois que eu e Payton resolvemos ficar chapados. Só sei que acabei de acordar com a lancha no meio da areia em uma praia vazia.

— Payton, acorda. — Balancei ele, que estava jogado no chão abraçando um litro de água.

— O que rolou? — Ele abriu os olhos parecendo tonto. — Onde estamos?

— Não sei. — Levantei-me e saí da lancha. — TEM ALGUÉM AQUI? — Gritei a procura de algum ser vivo.

— Está vendo alguém por aqui? — Payton perguntou irônico ainda na lancha.

— Sai daí e vamos procurar ajuda.

— Vamos ficar aqui, é mais seguro.

— Se for pra ser assim, acho melhor a gente ir para casa então. — Falei o mais provável.

— E eu vou saber onde a gente está.

— Se lembra de alguma coisa?

— Só que eu deixei no piloto automático e a gente começou a ficar chapados.

— Espera aí. — Entrei na lancha correndo e fui até a cabine. — Onde está o localizador?

— Você jogou no mar.

— EU FIZ O QUÊ? — Arregalei os olhos.

— Jogou no mar. — Respondeu calmo.

— Olha, Payton, eu não estou de brincadeira! Por acaso você escondeu?

— E você acha que eu estou? Acha mesmo que eu queria ficar aqui com você?! E é óbvio que eu não escondi.

Revirei os olhos. Eu literalmente não sei o que fazer.

— O que a gente vai fazer? — Perguntei nervosa.

— Vamos comer alguma coisa, eu estou com fome.

— Só tem mais um salgadinho e é meu, você já bebeu a água sozinho. — Peguei minha mochila e abracei-a.

— Quando você estiver dormindo eu vou comer esse salgadinho, você só vai ver. — Payton falou vingativo.

— Se fode, otário. — Reclamei. — Vamos ficar aqui até buscarem a gente.

— Liga para alguém.

— Sem bateria. — Mostrei meu celular totalmente descarregado.

— Não trouxe carregador portátil?

— Por que eu iria trazer?

— Eu trouxe. Me dá a sua mochila.

— Está aqui dentro? — Perguntei e ele concordou. Eu não posso ficar sem bateria!
Coloquei minha mochila no chão e procurei pelo carregador portátil de Payton. Assim que encontrei fingi que iria entregar para ele, e na primeira oportunidade saí correndo, entrando no meio do mato.

— JULIA, VOLTA AQUI COM O MEU CARREGADOR! — Payton veio correndo atrás de mim.

— NÃO, EU SEI QUE SÓ TEM UMA CARGA! — Enquanto eu corria tentava conectar no meu celular.

Payton era rápido demais, ele iria me alcançar fácil, de repente senti um puxão de cabelo.

— SEU IDIOTA! — Dei um chute na canela dele, que reclamou.

— Devolve o meu carregador.

— Não. — Eu lutava para ele não pegar o fio de mim, mas como sempre ele conseguiu pegar e ficou puxando. — Me devolve.

— Não, é meu!

Puxei de volta e por um segundo percebi que poderia rasgar o carregador, antes que eu pudesse soltar o fio já tinha arrebentando.

— OLHA SÓ O QUE VOCÊ FEZ!

— VOCÊ QUE FEZ ISSO! ERA SÓ TER SOLTADO ANTES. — Gritei com ele. — EU TE ODEIO.

— ADVINHA SÓ?! EU TAMBÉM TE ODEIO.

Joguei o resto do fio que estava nas minhas mãos na cara dele.

— Você é culpada disso.

— Você que é. — Rebati.

Na verdade a culpa é do Nick. Ele me paga. Payton saiu de perto de mim e eu o segui, não podia me arriscar ficar sozinha no meio desse lugar.

— Está me seguindo por quê?

— Eu não quero ficar sozinha. — Respondi seca. — E eu quero tomar banho.

— Vai no banheiro da lancha, simples.

— Não tem chuveiro lá. Só tem vaso sanitário.

— Se eu tivesse meu carregador, talvez eu pudesse colocar carregar meu celular e ligar para alguém.

— Vai ficar jogando isso na minha cara agora?

— Vou.

— Payton, eu estou começando achar que a gente está em um hotel só que no meio do mato.

— Por que acha isso?

— Não sei, isso não tem cara daqueles hotéis resort? — Olhei para os lados.

— Não, isso tem cara de ilha deserta.

— Não deve ser deserta.

Caminhamos por um tempo e parece que estávamos andando em círculos, só mato, mato e mais mato. Tirando uma cachoeira linda que encontramos no meio do caminho.

— Que horas são? — Perguntei olhando para o céu.

— Pelo sol quente, deve ser três ou quatro horas da tarde.

Meus pais devem estar putos da vida comigo. Além de eu ter "roubado" a lancha deles, ainda consegui me perder em uma ilha. Eu só queria deitar na minha cama e assistir Netflix abraçada no Connor.

— É melhor nós voltarmos para a lancha. — Payton disse e concordei.

— Eu acho que tem comida na despensa, você não precisa roubar meu salgadinho. — Soltei uma risada.

— Tem luz lá dentro?

— Tem. Fica tranquilo, vai dar tudo certo.

Sentamos na areia, ficando de frente para a lancha, Payton começou a desenhar algo na areia e eu fiquei brisando por um tempo. Depois de ter escurecido entramos na lancha dos meus pais e ficamos em apenas um cômodo, desligamos todas as luzes para elas não queimarem e comemos algo. Por sorte tinha comida na despensa.

A gente precisa dar um jeito de ligar para alguém o quanto antes.

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