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Eu suportava a Julia, mas agora que ela perdeu a memória não é mais a mesma pessoa.

Ela está totalmente diferente, eu gostava daquela Julia que me irritava toda hora e não a que fica babando em cima de mim.

Talvez eu possa suportar a nova Julinha, mas não vai ser a mesma coisa.

— Vêm, vamos. — Ela me puxou até a cachoeira, pulou e como eu estava grudado nela caí junto.

— Por que fez isso? — Falei rindo tirando meu cabelo do rosto.

— Porque eu quero te dar e não sei como pedir.

Por essa eu não esperava, na verdade eu esperava, mas eu não sabia que ela tinha coragem de falar.

— Eu não sei o que dizer. — Eu realmente não sabia o que falar.

— Brincadeira, você é tipo um amigo para mim.

— Ah, claro. Amigos. — Sorri fraco.

— Como será que o Connor está? — Ela perguntou começando a nadar pela cachoeira. Revirei os olhos.

— Deve estar sentindo muito prazer com uma desconhecida. — Soltei uma risada, diferente da Julia que fechou a cara.

— Você deve ser obcecado por ele.

— Credo.

— Ah, já entendi. Você ainda não assumiu? Relaxa, leva tempo essas coisas.

— Claro que não, Julia, eu sou hétero. — Falei.

— Mudando de assunto... O que a gente pode fazer para eu voltar a me lembrar das coisas?

— Vamos jogar um coco na sua cabeça e vê no que dá.

— Não, seu idiota, vou jogar um coco em você para ver se gosta. — Ela me bateu de leve.

— Machucou. — Fingi estar triste.

— Ei, isso me lembrou algo. — Ela saiu da água torcendo suas roupas.

— Lembrou o quê? — Perguntei animado.

— Vem aqui. — Fiz o que ela pediu, saí da água e fiquei na frente dela. Ela me deu um tapa no rosto.

— Por que você fez isso? — Perguntei com a mão no local atingindo.

— Quando eu te bato me lembro de algo.

— Lembrou de alguma coisa pelo menos?

Eu seria a pessoa mais feliz do mundo se ela lembrasse de algo.

— Acho que sim, me lembro de nós dois na lancha, tinha uma pistola junto, alguma coisa assim.

— Isso! Sim, isso aconteceu, lembra de mais coisas?

— De eu acordando e indo para a lancha de noite. — Ela pareceu pensar em algo. — Depois você e um menino chegando.

— Isso também aconteceu! Lembra de mais alguma coisa?

— Não.

— Me bate. — Eu pedi.

— O que? Não vou fazer isso.

— Me bate! Você briga comigo, e lembra de alguma coisa, certo? Então essa é a solução.

— Vou pegar pesado porque eu quero me lembrar.

Antes que eu pudesse falar algo ela deu um chute no meu pau! Cai no chão de tanta dor.

— Lembrou de algo? — Eu perguntei com lágrimas nos olhos.

— Não.

— Que legal. — Resmunguei com ironia.

— Espera, eu me lembrei do Nick, eu acho, ele é meio loirinho? — Eu concordei. — Cara, ele é gostoso.

— E você é louca.

A IlhaOnde histórias criam vida. Descubra agora