Capítulo 2

1.2K 68 2
                                    

Isabela narrando

Ao vê-lo meu coração disparou. Droga, o que faço agora?
Haja naturalmente Isabela, haja naturalmente... Eu mentalizava.

- Boa tarde senhor!  Aqui está nosso cardápio. - Estiquei o cardápio para ele. Ele continuou olhando para fora pela grande janela de vidro. Como ele não pegou o cardápio da minha não eu coloquei em cima da mesa. - Qualquer coisa é só chamar. - Me virei para sair.

- Eu quero um expresso, sem açúcar. - Sua voz era firme.

- Já trago senhor! - Nem me virei para ele, respondi de costas mesmo. Senti um gelo na coluna.  Fiz o café e coloquei em sua mesa. - Aqui está, espero que goste.

- Tanto faz. - Ele pegou o café e começou a beber, eu pedi licença e me retirei.

Fui para atrás do balcão e fiquei observando ele bebendo o café, como pode uma pessoa ser tão amargurada assim? Deve ter passado por muitas coisas na vida.
Ele acabou de beber o café, deixou o dinheiro ao lado da xícara, colocou o óculos, levantou e foi em direção a porta. Após ele sair, fui até a mesa onde ele estava sentado, ele deixou uma gorjeta muito alta.
Recolhi sua xícara e coloquei na pia. Outros clientes foram chegando e logo já era hora de ir embora.
O dono do bar só ficava na parte da manhã, eu assumia o horário da tarde e fechava o bar.
Peguei meu bolo coloquei em cima da mesa, onde o malvadão estava sentado mais cedo,  e cantei parabéns para mim, após todos já terem ido embora. Já era quase meia noite, então tinha que cantar parabéns logo.
Assoprei as velas e meu pedido foi que eu pudesse ser feliz algum dia.

Ao abrir a olhos vi no chão uma identidade caída, era do cara do supermercado, o malvadão. Seu nome é Ravi Lucca, que nome diferente e bonito.
Coloquei no balcão, na parte de documentos perdidos.
Voltei para a mesa onde estava o bolo, cortei um pedaço e comi.
Abaixei a cabeça e comecei a chorar.
Estava cansada de ser sozinha, cansada de não ser amada e ser infeliz.
Será que um dia isso tudo seria diferente?
Após não ter mais lágrimas para chorar, limpei o rosto e comi o pedaço de bolo. Tirei um pedaço para levar para casa e guardei o resto na geladeira.

Estava mais frio do que o normal. Me encolhi o máximo que pude e fui andando em direção à minha casa. Eu não tinha muitos agasalhos quentes, não podia me dar o luxo de comprar.
Entrei e como esperado, ninguém em casa.
Tomei um banho quente e deitei para dormir.
Sonhei com Ravi, isso que dá nunca ter namorado. O primeiro homem bonito que vemos já nos apaixonamos.

Cheguei mais cedo hoje no serviço, Ravi pelo jeito já tinha vindo buscar sua identidade.

- Bela, deixaram um presente para você. - Senhor Nicollo gritou para mim, quase já saindo do bar. - Está na sala dos armário.

- Quem foi que deixou? - A porta bateu. Gritei, mas ele não ouviu.

Aproveitei que não tinha ninguém no bar e fui na sala dos armários. Tinha uma bolsa de mão, dois sobretudo, casacos de gola alta, suéter e um casaco forrado com pêlos. Todos bem quentinhos.
Quem compraria isso pra mim?
Esse alguém deve saber que não tenho casacos quentes. Ri de mim mesma.
Estou muito grata, mas não sei a quem agradecer. Não tenho a menor idéia de quem pode ser a pessoa que me deu esses presentes.
Pude sorrir um pouco e distrair minha mente.

Ao terminar o expediente, tranquei o bar e fui caminhando em direção a minha casa.
Dois carros pretos pararam ao meu lado, saíram uns homens e eu ameacei correr.

- Ei! Não faça isso! Se correr vai ser pior. - Desisti e resolvi me render. Levantei as mãos e virei lentamente.

- Pode levar o que quiser... - Meus casacos... Nem tinha usado ainda, deu uma dor no peito.

- Nós vamos levar você. Pode ser do jeito fácil ou do jeito difícil. Você escolhe.

- Tá bom, eu não tenho escolha, tenho?  - Fui caminhando na frente e o brutamontes atrás. Ao entrar no carro o homem que estava falando comigo lá fora, ligou para o chefe dele.

- Tudo certo chefe, estamos indo.
-Eles dirigiram e pararam em frente a minha casa.

- O que está acontecendo ? -Eu olhava assustada para eles.

- Você já vai saber. - Ele deu um sorriso de lado. - Entre!

Ao entrar estava meu tutor e meu "suposto irmão" sentados no sofá. Alguns homens de preto estavam dentro da casa também.
Dois deles estavam com uma arma apontada para a cabeça de Cristóvão e Leandro.

-  O que está acontecendo aqui? O que vocês fizeram? - Eu comecei a ficar nervosa.

- Calma mocinha, senta aí . - Falou um homem mais velho. Sentei no sofá e eles começaram a falar com Cristóvão.

- Então, você acha que somos otários? Acha que poderia nos dever tanto dinheiro assim? Você foi avisado. Agora você vai ter que escolher, seu filho ou sua filha?

- Quê? Eu não tenho nada haver com isso. Pelo amor de Deus, me deixa ir embora. Eu não conto nada do que está acontecendo aqui, eu prometo. - Levantei do sofá.

- Senta aí ! - Minhas pernas falharam com o grito, que o homem que falava com Cristóvão, deu. Cai sentada.

- Você vai escolher quem eu vou matar hoje, em troca da sua dívida. Vamos, não temos tempo a perder. Tempo é dinheiro.

- Eu não posso abrir mão do meu filho, ele é meu sangue. - Cristóvão falou.

- O quê? Eu não acredito no que está acontecendo. Comecei a chorar.

- Por ele ser seu sangue que você não deveria escolhe-lo. Deveria existir menos pessoas iguais a você nesse mundo, seu lixo. - Falou um terceiro homem com touca ninja. Ele puxou o homem que falava com Cristóvão e cochichou no ouvido dele. Deu um papel e uma caneta em sua mão.

- Então minha cara... - O homem se direcionou a mim. - Agora você tem direito a escolha, ele sorriu para mim. Ou você morre eu assina esse contrato de casamento.

- O quê? Isso é um sonho? Só pode ser... - Coloquei as duas mãos na cabeça.

- Você decide... Não temos muito tempo.

- Por que isso tudo está acontecendo? Eu posso saber pelo menos quem seria meu esposo? - Sequei o rosto com as costas das mãos.  O homem de capuz assentiu com a cabeça para o que falava comigo.

-  Ele é o filho do chefe da máfia. No caso, o substituto do chefe. Você vai casar com o chefe da máfia italiana.

Talvez seja amorOnde histórias criam vida. Descubra agora