Capítulo 45

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Ravi Lucca narrando

Meu pai e Vincenzo resolveram dar uma trégua.
Vincenzo tem se mostrado um pai dedicado, ele cuida de Isabela com tanto amor.
As vezes os deixo a sós, dou a desculpa que vou buscar algo, ou até mesmo que vou tomar banho. Quando volto ele está gargalhando com ela.
Para um homem que nunca sorria e era muito temido por todos, Vincenzo tem se mostrado uma pessoa muito feliz e amoroso. Ele faz questão de passar todos os minutos que pode, ao lado dela.

Já estamos no hospital há quinze dias, Isa já completou oito meses. A hemorragia foi controlada, mas ainda estamos aflitos.
Não saí de perto dela nem por um dia, tenho dormido no mesmo quarto que Isa.
Ela está de repouso absoluto, só levanta para ir ao banheiro e fazer sua higiene.

Meu pai passa na parte da manhã para saber dela, mas ainda não consegue olha-la nos olhos. Não sei se é por remorso ou por raiva.
Vincenzo sempre está por perto o observando, parece ter medo de que  meu pai fale algo que possa aborrece-la. Ele tem experiência, sabe a dor que é perder uma pessoa que ama. Apesar do meu pai também ter, não foi uma perdoar tão prematura e também não foi privado de viver sem o filho, assim como Vincenzo.

Estou sentado na poltrona observando Isa deitada de lado. Ela dorme com o braço dobrado embaixo da cabeça, a outra mão está na barriga.
Minha esposa parece um anjo, esse cabelo cobre combina perfeitamente com essa pele clara e essa boca vermelha.
Eu sou o homem mais feliz dessa vida, poderia fazer qualquer coisa por ela, só para garantir sua paz.

Levantei e caminhei até ela, coloquei a mão em sua barriga e Lucca pulou.

- Bom dia, está falando com o papai,é? - Sussurrei para ele. - Vai acordar a mamãe, fica quietinho. - Dei um beijo em sua barriga, onde estava a minha mão.

- Eu também quero beijo. - Isa se espreguiçou e estendeu os braços para mim.

- Seu pedido é uma ordem. - Me inclinei em sua direção e dei um selinho nela. - Te amo.

- Eu te amo. Você é minha alegria. - Ela passou a mão em meu rosto. - Como pode você ser tão lindo assim? Sou louca por você Ravi Lucca. - Ela falou meu nome, daquele jeito que faz minhas pernas ficarem sem forças.

- Isso é golpe baixo. - Sorri para ela.

- Golpe baixo é esse seu sorriso. Já falei que se você me pedisse qualquer coisa, após sorrir, eu faria. Eu amo você todinho.

- Você é a minha alegria, minha paz e o meu ponto fraco. Obrigado por ser minha.

- Eu que te agradeço. Obrigada por ter me escolhido. - Ela passou a mão no meu rosto novamente e sorriu. - Vou levantar, tenho que tomar banho para fazer alguns exames. Temos que ver como esse rapazinho está.

Entrei com minha esposa no banheiro para auxilia-la no banho. Ao se secar, escorreu um líquido, como aquele de quinze dias atrás.
Isa olhou assutada para mim.
Vesti a camisola nela e peguei a cadeira de rodas, coloquei na porta do banheiro e ela se sentou.

- Vamos ver o médico. Eu acho que esse menino não vai demorar para nascer, está muito apressado. - Caminhei até a sala do médico e relatamos o que havia acontecido. O médico fez alguns exames e viu que o líquido amniótico estava pouco, o bebê entraria em sofrimento fetal em pouco tempo.

- Você não está sentindo dor? - O médico perguntou para Isa, ao examiná-la.

- Não. Nem mesmo uma dor de cabeça. - Ela sorriu.

- Você está com cinco de dilatação. - Ela olhou assutada para mim e eu senti meu coração disparando. - Não podemos esperar muito, pois ele está fazendo força para nascer. Vou te encaminhar para uma cesariana. Já tomou café da manhã?

- Não, não comi nada por conta dos exames de sangue que teria que fazer hoje. - Ela segurou minha mão e apertou. Estava suando.

- Muito bem. Vou pedir uma enfermeira para te preparar. Se o senhor quiser assistir o parto... - Ouvir aquilo me deu um misto de nervosismo e alegria. Olhei para Isa, meus olhos já estavam rasos de lágrimas.

- Eu quero. - Passei a mão no rosto dela. - Eu vou ficar com você, meu amor. Vamos conhecer nosso pequeno.

- Pois bem, vou pedir a enfermeira para ir até o quarto de vocês. Vou me preparar. Com licença. - Voltamos para o quarto e esperamos a enfermeira chegar.

- Isa, eu quase me esqueci. Hoje é aniversário do meu pai. - Sorri para ela. - Vai nascer no dia do vovô.

- Sério? Que alegria. - Isa sorriu e bateu palminhas. - Ele vai ficar todo bobo.

- Eu ficaria. - Sorri para ela. Ouvimos batidas na porta.

- Com licença. - Era o pai de Isa.

- Olá, bom dia. - Isa o recebeu com um sorriso.

- Está pronto para conhecer seu neto? - Perguntei sorridente.

- O quê? Ele vai nascer hoje? - Ele arregalou os olhos.

- Sim. Isa está com dilatação, mas não está sentindo dor. O líquido está pouco, antes que Lucca comece a sofrer, o médico optou por uma cesariana.

- Sério que ele vai nascer no mesmo dia do meu aniversário? Gente, que presentão. - Isa e eu nos entre olhamos e sorrimos um para o outro.

- O senhor faz aniversário hoje? - Isa perguntou.

- Sim, você faz no mesmo dia da sua mãe. Disso eu lembro.

- Parabéns Sr. Vincenzo. Hoje também é aniversário do meu pai. - Sorri.

- Que alegria! Lucca vai nascer no dia dos avôs. - Ele sorria e batia palma.

- Com licença. - A enfermeira entrou no quarto. - Vim buscar a senhora, vamos? - Isa sentou na cadeira de rodas. - Senhor Ravi Lucca, caminhe até o final do corredor, ali terá um local para o senhor trocar de roupa. O centro cirúrgico fica ao lado.

- Senhorita. - Vincenzo falou com a enfermeira. - Eu também posso assitir ao parto? Mesmo que do lado de fora. Vi que tem um blindex no centro cirúrgico.

- Pode sim. O outro avô está lá fora, ele vai assitir também? - Ela olhou para mim.

- Meu pai está aí?

- Sim, está na recepção.

- Eu posso chamá-lo? - Falei eufórico.

- Pode sim, mas não demore. Enquanto isso, vou levar Isabela para prepara-la. - Dei um beijo na testa de Isa e observei a enfermeira a levando pelo corredor.

Talvez seja amorOnde histórias criam vida. Descubra agora