Capítulo 11

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Isabela narrando

Tenho vivido momentos mágicos ao lado de Ravi. Já se passaram quinze dias que estou em sua casa, nunca pensei que seria tratada assim.
Quando ouvi dizer que ele era um mafioso isso me causou espanto, fiz um pré-julgamento.
Com ele meus dias tem sido lindos, apesar de não sair. Ele é muito ocupado, geralmente está na rua fazendo alguma coisa. Eu passo o dia no quarto lendo ou vendo televisão, quando ele não está em casa. Ainda tenho que ficar deitada e ter uma refeição equilibrada, por causa dos antibióticos.

Me curei completamente da pneumonia, mas Ravi ainda cuida de mim como antes. Quando tem que sair, ele me liga para ver se já fiz minhas refeições. Por vezes já senti Ravi me cobrindo pelas madrugadas, ele não dorme muito daí vem no meu quarto ver se eu estou bem.

Consegui ler o contrato, a maior parte está escrito para Ravi. Que ele tem que ser companheiro, demonstrar sentimentos, fazer as refeições juntos, fazer coisas que um casal normal faria. Para mim só está apenas para aceitar ou não. Caso eu não aceite, não posso magoa-lo com as palavras, tenho que ter uma justificativa.
Até agora está tudo indo bem.

O contrato tem duração de um ano, caso ele queira renovar eu tenho que estar de acordo.
Estou tentando não me apegar a ele, sei que um homen desse não ficaria com uma mulher como eu. Isso só foi um meio dele não ficar sem o dinheiro que meu padastro estava devendo. Mas as vezes parece ser verdadeiro os sentimentos dele por mim.

Pra quem nunca foi cuidada por ninguém, é fácil se apegar a alguém que cuida de você. Por mais que eu saiba que é fictício, eu me iludo pensando que poderia ser real. Ainda tem um agravante... Ravi é lindo e educado.
Aí que as coisas pioram, tem como controlar o sentimento?

Hoje ele saiu muito cedo, já é pouco mais de meia noite e ainda não voltou. Quando ele sai assim eu não consigo dormir, fico preocupada mas não me sinto no direito de ligar para ele.

Estava deitada na cama, olhando o céu pela grande janela de blindex, quando escutei um barulho no andar de baixo e alguns homens falando. A porta do quarto estava entreaberta, sempre fica assim.
Andei até o corredor e ouvi a voz dele, falando com os seguranças. Aquilo me trouxe paz.

- Falem baixo, vão acordar Isabela. - Ele estava se importando comigo, eu sorri. Até onde era por causa do contrato? - Venham para o escritório.

- Ih, está caidinho por ela... - Um dos homens que estava com ele falou.

- E você está morrendo de inveja, porque ninguém te quer. - Todos deram gargalhadas e entraram no escritório.

Voltei para o quarto com um sorriso enorme nos lábios. Sei que estou um pouco iludida, um pouco não, muito. Mas eu vou aproveitar cada minuto que tenho perto de Ravi. Talvez eu não tenha a oportunidade de ser cuidada assim novamente.
Deitei e fiquei pensando em tudo o que aconteceu, como eu queria que isso fosse de verdade.
Lembrei do dia em que Ravi dormiu comigo e eu acordei bem perto do seu rosto, em cima do seu braço. Dei um sorriso ao lembra disso.

- Posso saber do que a senhorita está sorrindo? - A voz dele era tão penetrante,parecia que fazia massagem nos meus ouvidos. Abri os olhos e olhei para ele ainda sorrindo.

- Estou lembrando de uma coisa que aconteceu. - Continuei rindo.

- Agora eu estou curioso. - Ravi veio andando na direção da cama. Ele estava de calça de moletom e sem camisa, sua blusa estava pendurada no seu ombro. Ele secava o cabelo com uma toalha. - Posso saber? - Ele sentou na cama, jogou a toalha na cadeira que estava ao lado e vestiu a blusa.

- Estou lembrando do dia que você dormiu comigo. - Decidi ser sincera.

- Ah, é? Então as lembranças são boas? Eu falei que não sabia dormir com ninguém.

- Sim, você acredita que eu acordei em cima do seu braço?

- Acredito. Eu sabia que você estava lá.

- Quê? Não... Por que não me tirou? - Eu dei uma gargalhada, não sei se foi de nervoso ou e vergonha.

- Não estava me incomodando. Naquele dia você dormiu muito mal, acredito que foi por causa da dor. Daí quando você dormiu, também consegui dormi. Você estava dormindo tão bem...

- Que vergonha! - Tapei o rosto com as mãos.

- Não tem do que se envergonhar. Sou seu marido, lembra? - Ele sorriu logo em seguida.

- Mudando de assunto... - Sorri e tirei a mão do rosto. - Você já jantou?

- Ainda não. Subi para tomar banho e para ver como você estava. Você está bem?

- Estou sim. - Ele estava evitando contato visual deu para perceber, por isso sentou do meu lado.

- Então está bem. Vou descer para jantar e depois vou tentar dormir. Boa noite Isabela, obrigado por estar acordada até agora esperando eu chegar.

- Ravi, posso descer com você? - Ele franziu a sobrancelha e me olhou.

- Você não está com sono? Já está tarde.

- Eu vou jantar com você.

- O quê? Você não jantou ainda? Por quê ? - Ele ainda me olhava.

- Eu estou te esperando. - Olhei para baixo envergonhada.

- Isso é estranho, nunca ninguém me esperou para fazer refeições. E olha que eu não gosto de comer sozinho, por isso como muito mal.

- Sério? - Olhei para ele.

- Sim. Isso é novidade para mim, alguém me esperar para comer. - Ele deu aquele sorriso que faz covinhas na bochecha.

- Das outras vezes eu só não esperei porque você chegou cedo, daí jantamos juntos. Hoje foi o dia que você chegou mais tarde. Eu estava muito preocupada. - Até quanto eu poderia demonstrar meus sentimentos?

- Olha, desculpa. Eu não sei como reagir a isso. Nunca tive ninguém que me esperasse e tão pouco que se preocupasse comigo. Meu pai é muito reservado, não pergunta sobre nada. Só quando algo lhe interessa, aí ele pergunta. Minha mãe também era dessa mesma vibe. Não perguntava sobre nada e nem dava palpite.

- Eu estou te incomodando? -Olhei para ele.

- Não, não está. Só estou surpreso. Surpreso para o lado bom. Não se preocupe. Obrigado por me esperar.

- Por nada. Você quer falar como foi seu dia hoje? Não sei se pode contar...

- Tá aí, outra coisa estranha. Eu não costumo contar como meu dia foi. Não tem quem se importe.

- Agora você tem. Pode me contar sobre tudo o que você quiser. Pode falar sobre qualquer coisa. - Ele riu encarando a parede.

- Vem, vamos jantar. - Ele saiu na frente e eu fui logo atrás. Fui procurar um elástico para prender o cabelo. Ele parecia não acreditar que alguém se importava com ele. Quando cheguei ele já estava colocando nossas refeições nos pratos.

- Deixa eu te ajudar... - Ele tampou as vasilhas com as comidas e eu guardei na geladeira. Peguei o suco e coloquei em cima da ilha. Parei do lado dele para pegar os copos.

Talvez seja amorOnde histórias criam vida. Descubra agora