Capítulo 42

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Isabela narrando

Meu coração estava disparado, não sabia o que aquele louco iria tentar. Estava orando para Vincenzo fazer alguma coisa ao meu favor.

- Larga ela, eu já falei. Você sabe que não podemos mexer com as famílias. Ela está grávida, você não tem juízo? Pare já com isso. - Vincenzo gritava para o sobrinho.

- Eu só vou parar quando eu ver o meu dinheiro.

- Larga ela Vanuc. - Ravi levantou do chão. Seu rosto estava todo ensanguentado.

- Ei, ei, ei... Não dê nem mais um passo ou eu atiro nela. - A arma estava apontada para minha cabeça. Seus capangas apontavam a arma para Ravi. - Eu sei do que você é capaz.

- E o senhor? O senhor não vai fazer nada com esse maledetto? Não bastou ele já ter quase matado sua filha? - Vincenzo franziu a sobrancelha.

- O que você está falando rapaz? - Vincenzo olhou para mim.

- Isso mesmo, sua filha. Isabela é sua filha com seu primeiro amor. Lembra dela?

- O quê? - Vincenzo estava com os olhos arregalados. Vanuc olhava para Vincenzo sem entender.

- Ele está falando isso para confundir a mente do senhor, tio. - Vanuc soltou um sorriso fraco.

- Cale a boca. Solte -a. - Vincenzo veio até mim e me tirou das mãos de Vanuc. - Eu preciso ver uma coisa. Com licença. - Ele levantou meu rabo de cavalo, verificando meu pescoço, na parte da nuca. - Essa manchinha no pescoço... - Seus olhos encheram de lágrimas. - Posso ver sua mão direita? - Estendi a mão para ele e ele virou meu pulso para cima. Deixando minha mancha de nascença, no pulso, exposta.

- Como o senhor... Como o senhor sabe disso? - Meus olhos estavam rasos de lágrimas.

- No dia em que você nasceu eu estava no hospital. Sua mãe e eu estavamos tão felizes. -  Seus olhos estavam rasos de lágrimas também. - Eu entrei com ela na sala de parto. Estávamos planejando fugir. - Ele secou a lágrima e deu um sorriso. Aquele sorriso era idêntico ao meu. - Eu fui a primeira  pessoa a te pegar no colo. Um bebê tão frágil. Seus olhinhos brilharam em minha direção e você deu um sorrisinho para mim. Eu pude ver a manchinha no seu pulso, idêntica a minha. Procurei por mais sinais no seu corpo e achei uma na nuca, igual a da sua mãe. Eu sabia que ficar com sua mãe seria uma tarefa difícil, seus avós não deixariam. Então eu tinha que ter algo para te identificar como minha filha, caso eu não pudesse acompanhar seu crescimento, por isso descobri as manchas. Você nasceu antes do tempo, mas sempre foi muito forte.

- Então o senhor sabia de mim? Por que nunca me procurou? - As lágrimas escorriam no meu rosto. - O senhor sabe o quanto minha vida foi difícil? O quanto eu sofri, o senhor sabe?

- Desculpe Isabela. - Ele secou as lágrimas do rosto. - Inclusive, foi eu que te dei esse nome. - Ele abaixou os olhos. - Eles levaram você para a encubadora e eu fiquei no quarto com a sua mãe. Seu avô e sua avó entraram no quarto e me viram lá. Começaram a discutir comigo e sua mãe me defendeu,a pressão dela começou a subir. Tive medo dela quebrar o resguardo, pois sua mãe me protegia a unhas e dentes. Pra não piorar as coisas ali naquele ambiente, eu decidi sair do quarto. Entrei no meu carro e fiquei ali, chorando. Sua mãe teve uma complicação, devido ao estresse e deu uma hemorragia nela. - Ele respirou fundo, parecia estar revivendo a cena. - Foi aí que sua mãe faleceu, eles não conseguiram estancar a hemorragia. Só soube depois de dois dias, pois tive que ir embora do carro mesmo, eles não deixaram eu entrar mais hospital. Tentei que eles deixassem eu te ver , mas a notícia foi que você também tinha falecido. Como eu desejei a morte. Com o tempo comecei a me questionar, porque não deixaram eu te ver no caixão. Mas isso me causava tanta dor que preferi deixar pra lá.

- Então o senhor me queria? - Funguei.

- Mais do que tudo. Você era a realização do nosso sonho. Me perdoe Isabela, por não ter insistido, por ter acreditado em uma mentira e não ter ido atrás da verdade. Eu sinto muito.

- Eu posso te dar um abraço? - Eu olhei em seus olhos.

- Você faria isso? Ah, Isabela. Vem aqui. - Ele me puxou e me envolveu em seus braços. - Me perdoe filha. - Ele estava soluçando. - Eu prometo nunca mais sair de perto de você. Prometo compensar todo tempo perdido. Não vou deixar você chorar de tristeza, nunca mais.

- Isabela? - A voz de Ravi ecoou atrás de mim. Me soltei do abraço de Vincenzo e me virei o mais rápido que pude. Talvez ele estivesse preocupado, eu estava chorando muito.

- Ravi. Meu Ravi. - Andei em sua direção e me agarrei nele. - Que saudades, meu amor. Que saudades. Eu falava entre os beijos que ele me dava. Você está bem? - Passei a mão em seu rosto.

- Estou sim. - Ele sorriu entre as lágrimas. - Como você está? Eu juro que não vou deixar ninguém nos separar, nunca mais. - Ele me abraçou tão apertado. A dor que eu sentia no peito foi embora na mesma hora. Nosso pequeno pulou na minha barriga.

- Ravi, ele está pulando. - Nossos rostos estavam molhados por conta das lágrimas.

- Deixa eu sentir. - Ele colocou a mão na minha barriga e nosso pequeno Lucca se mexeu com força.

- Ele nunca mexeu assim, com tanta força. - Sorri.

- Está fazendo festa para o papai. Como você está meu príncipe? - Ravi deu um beijo na minha barriga.

- Já podemos acabar com a palhaçada? Agora isso aqui virou festa de família? - Vanuc se aproximou. - Eu quero o meu dinheiro ou alguém vai morrer nessa sala.

- Eu transfiro o dinheiro para você. - Vincenzo falou para o sobrinho.

- Não, eu quero que Ravi me dê o dinheiro. Caso contrário, vou ter que matar alguém. Seja a mulher ou o filho.

- Para de falar besteira, Vanuc. Eu não acabei de falar que vou depositar o dinheiro?

- Eu quero que Ravi me pague.

- Eu não vou te dar nada. Você estava me roubando e eu ainda tenho que te pagar? - Ravi estava abraço comigo. Senti uma mão segurando meu cabelo. Vanuc embolou a mão e me puxou pelos cabelos.

- Larga ela agora.-  Vincenzo veio andando em direção a Vanuc. Ele fechou a mão e acertou de cheio o nariz de seu sobrinho.

Talvez seja amorOnde histórias criam vida. Descubra agora