Capítulo 35

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Ravi Lucca narrando

Entrei no meu quarto e fui em direção a poltrona, onde eu costumava dormir.
Enfiei a mão nos cantos da poltrona, tentando encontrar um vão para enfiar as coisas. Achei um pendrive com um papel enrolado.
Isa era esperta mesmo, aquilo fez as lágrimas escorreram pelo meu rosto.
No papel tinha senha e e-mail. Deixei as coisas no mesmo lugar e voltei para o quarto de Isa.

- Vicallio, preciso de um celular, ou de um notebook.

- O notebook é mais fácil de arrumar, trago para você mais tarde.

- Como você vai fazer isso?

- Ah, deixa comigo mano. - Contei para ele o que Isabela deixou para mim. - Essa menina tem sangue de mafioso na veia. - Vicallio gargalhou. - Que mulher inteligente!

- Eu nunca tive alguém que se importasse tanto assim comigo.

- Aí você fere o meu coração, irmão. Poxa, estou aqui muito antes de Isabela. - Ele fez uma carinha de choro.

- Para de bobeira! - Sorri e abracei Vicallio.- Você é o meu melhor amigo. Ainda bem que tenho você na minha vida. Obrigado por existir.

- Aí, agora sim. - Vicallio era um brincalhão. - Te amo mano. Conte comigo sempre.

- Sempre.

- Vou ter que encontrar seu pai mais tarde, para passar o relatório. O que você quer que eu fale?

Isabela narrando

Dois seguranças me acompanharam desde a Itália. Cheguei no Brasil e fui levada para um lugar de praia, era deserto, mas muito bonito.
A casa era enorme e ficava de frente para o mar.
Tinha muitos funcionários e seguranças na casa.
Entrei no quarto e me imaginei ali com Ravi, poderíamos estar vivendo em um lugar como esse.
Conversei com uma senhora, era a governanta e cozinheira, seu nome é Ana. Tentei falar português. Perguntei se o hospital era longe dali, eu tinha que me consultar.
Ela falou que poderia ir comigo, que diria para o segurança que era uma das normas do Brasil, você ter que fazer um check up assim que chegasse no país.
Como já era noite, iríamos no outro dia bem cedinho.

Fiz a ultra e vi meu bebê,  pedi para o médico enviar a ultra para meu e-mail.
Peguei a ultrassom e coloquei na bolsa. A receita dei na mão de Ana, ela iria comprar os medicamentos.
O segurança estava do lado de fora, avisei que teria que voltar no mês seguinte para outra revisão.

Entramos no carro e ele começou a dirigir. Me senti segura em pedir algo para Ana, fui para meu quarto e escrevi uma carta para Ravi. Coloquei junto com a foto da ultrassom.
Pedi para Ana por em um envelope. Escrevi o endereço para onde ela teria que enviar.

- Pode deixar. - Ela pegou as coisas e colocou no seu avental. A noite dona Ana foi para casa, acho que daria tempo dela colocar nos Correios.

Tenho tentado dormir, mas está sendo uma tentativa em vão. Estou me sentindo tão infeliz. Não tenho vontade de viver. O que me dá forças é nosso bebê. Choro o tempo todo. Será que Ravi está se cuidando? A noite foi passando e logo era dia, mais uma vez não consegui dormir.
Ouvi umas batidas na porta do quarto.

- Pode entrar! - Sentei na beirada da cama.

- Bom dia, senhora. - Era Ana com uma bandeja com o café da manhã.

- Obrigada Ana. Não estou com fome, mas vou forçar para comer.

- Pense no seu bebê. - Ela falou e deu para entender, pois eu não era muito boa em português. Sorri e agradeci. Ela deixou a bandeja e desceu. Sentei em frente a bandeja e comecei a chorar.

- Aaah, Ravi. Que saudades de você. - Chorei tanto que parecia que meus olhos iam sangrar. Tentei levantar para ir ao banheiro e minha vista escureceu. Cai batendo a mão na mesinha, a bandeja com o café caiu por todo o quarto. Tentei levantar mas não tive forças.

- Senhora! - Ana abriu a porta do quarto, junto dela estava o segurança. A arma dele estava em punho, como se procurasse por alguém. - O que houve? Ajude- a. - Ela pediu para o segurança. Ele guardou a arma e  se aproximou, me pegando do chão. Me pegou no colo e me colocou na cama.

- A senhora está bem? - Ele me olhava para ver se tinha algum machucado.

- Está tudo bem. Obrigada. Eu ainda não sei seu nome.

- Meu nome é Heinz. - Ele que me trouxe da casa de Ravi.

- Obrigada Heinz. - Veio uma crise de choro tão grande. Heinz ficou meio desconfortável, tentou colocar a mão no meu ombro para me consolar, mas puxou a mão imediatamente.

- Senhora, fica calma. Tenta respirar.

- Heinz, já te tiraram de quem você ama? Você sabe como é essa dor?

- Já sim, senhora. - Eu olhei para ele e ele engoliu seco. - No meu caso foi o pai da minha noiva que me afastou dela. Noivamos escondido dele, logo descobrimos que ela estava grávida, quando contamos para o pai dela, ele deu uma coça nela. Me levou para um lugar para me matar, mas consegui escapar. Isso tem uns dez anos, mas sofro como se tivesse sido hoje.  - O olhar dele ficou distante. - Me especializei em força tática e especiais, sou um dos melhores snipes da Itália. Caso eu precise usar para resgatar minha noiva e meu filho ou filha.

- Então você entende o que estou passando. Tenho vontade de morrer todos os dias. Parece que tem um buraco negro no meu peito.

- A senhora tem que se manter firme. Vai doer por muito tempo, talvez nunca cure. Mas a senhora não pode perder as esperanças. Fui contratado há pouco tempo, mas já ouvi falar sobre Ravi Lucca. Sei que uma hora ou outra ele vem atrás da senhora. Por isso me contratam, sou bom no que faço.

- Você não vai mata-lo, vai? - Meu coração acelerou.

- Está mais para ele me matar. Ravi é muito melhor do que eu. Em toda a Itália não há quem se compare a ele , sua fama percorre. Um homem justo, porém frio. Não deixa rastro e executa sem pensar duas vezes. Fiquei até surpreso quando soube que ele tinha casado. Ele nunca foi de de entender com ninguém.

- Eu meio que obriguei ele. - Sorri para Heinz.

- Então a senhora é pior do que ele? - Ele abriu a boca, formando um O. Fazendo cara de pavor . Logo sorriu.

- Ravi me salvou. Eu sou capaz de morrer por ele.

- Por que o pai dele separou vocês? Sei que não dá minha conta, mas não custa perguntar. Já que vamos ficar muito tempo juntos por aqui.

- O pai de Ravi descobriu que sou filha do seu arqui-inimigo.


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