Capítulo 40

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Isabela narrando

Me espremi o máximo que pude. Estava começando a ficar nervosa, Heinz não voltava. Ouvi sua voz ecoar na cozinha.

- Isabela? - Ele estava me procurando.

- Estou aqui. Saí de onde estava escondida e caminhei até Heinz. Um homem apareceu atrás dele com a arma apontada. - Abaixa Heinz. - Ele correu em minha direção para me proteger. Me concentrei naquele filho da mãe e disparei. Ele caiu, mas o tiro de sua arma ainda saiu, atingindo o meu braço de raspão.

- Você está louca? - Heinz segurou nos meus ombros. - Você tem que se proteger!

- Mas ele ia atirar em você.

- Eu posso morrer, você não.  Se proteja. Lembra do que eu falei?

- Sim, eu lembro. - Abaixei os olhos.

- Isso está doendo? - Ele segurou meu braço para ver o ferimento.

- Está ardendo. - Eu ainda continuava olhando para baixo.

- Ainda bem que foi de raspão. E se a munição entrasse no seu braço? Você ia ter que ir para o hospital.

- Desculpe Heinz. - Meus olhos começaram a encher de lágrimas. Comecei a chorar e soluçar.

- Desculpe. Vem aqui. - Ele me abraçou. - Só fiquei nervoso. Agora estou te devendo duas vezes. Obrigado por ter treinado e se dedicado. Você está uma verdadeira sniper. Mas você tem que se proteger, e se o tiro pega na sua barriga? - Ele passou a mão no rosto.

- Desculpe. - Comecei a chorar ainda mais.

- Fica calma, tá legal? - Vou te dar água e vamos arrumar as coisas para irmos.

- Está bem. - Respirei fundo e sequei as lágrimas com as mãos.

- Bate aqui. - Ele levantou a mão para eu bater. - Você arrasou muito. Estou orgulhoso, de verdade.

Bebi água e subi para arrumar as coisas. Heinz discou um número e falou um código, parecia que estava falando sobre produtos de limpeza.
Em pouco tempo chegou uma equipe, tinha sacos preto e itens de limpeza. Foi o tempo de eu tomar banho e pegar a mochila com as coisas, tudo já estava limpo e sem corpos.

- Vamos? Estou pronta. - Vesti um macacão preto, bem confortável e calcei um tênis. Peguei um sobretudo e joguei no braço. Heinz já estava arrumado, estava com calça e casaco preto também. Ele me deu mais uma arma e munições.

- Pedi um jatinho, não podemos entrar com armas no avião. Íamos demorar muito também até chegar lá. Levaria umas doze horas, mas vamos chegar em seis horas.

- Tomara que Ravi esteja bem. - Juntei as mãos, como quem ora e fechei os olhos pedindo a Deus para guarda-lo. Saímos e entramos no carro. Dei adeus para Ana, antes de sair de casa.

- Se cuida menina. - Ana gritou ao entrarmos no carro.

- Obrigada por tudo. - Ela limpou os olhos com as mãos.  Heinz ligou o carro e pisou fundo, ainda bem que era domingo, as ruas estavam vazias.

Em meia hora chegamos no aeroporto. Entramos no jatinho e seguimos viagem.
Minhas pernas tremiam tanto. Aquelas seis horas foram uma eternidade.
Chegamos no aeroporto e já tinha um carro nos esperando.
Vicallio veio correndo em minha direção, Heinz ameaçou puxar a arma das costas. Segurei sua mão e fiz um sinal para ele ficar calmo.

- Isabela. - Ele me abraçou. - Como você está linda. Está tudo bem com vocês? - Ele me olhou.

- Está tudo bem, só um tiro de raspão no braço.

- Meu pai! Mas você fez curativo? Isso pode inflamar.

- Heinz fez o curativo. O mais importante agora é salvar Ravi. Eu estou desesperada Vicallio. - Eu limpei o rosto com as mãos. As lágrimas escorriam. - Ah, esse é Heinz. - Heinz estendeu a mão para Vicallio. - Esse é Vicallio, o melhor amigo de Ravi.

- Já ouvi falar sobre você. - Heinz respondeu ao apertar a mão de Vicallio.

- Digo o mesmo. - Vicallio respondeu. - Obrigado por cuidar de Isabela.

- Só fiz meu trabalho.

- Você fez muito mais que seu trabalho, você pode ter certeza que será recompensado por isso. - Vicallio sorriu para Heinz. - Agora vamos para o que interessa. Temos que deixar Isabela em um hotel para irmos resgatar Ravi.

- Nem pensar, eu vou junto. - Me posicionei.

- Você não pode fazer isso. Olha o seu estado. - Vicallio arregalou os olhos.

- Eu vou salvar o meu marido. Aliás, essa família desgraçada, que o sequestrou, é minha.

- Isabela, eles não sabem sobre você ser família deles. Não sabem também da gravidez. Isso é arriscado demais.

- Você quer que eu fique esperando dentro de um quarto? Pois eu não vou. - Alterei a voz. - Vocês vão me levar.

- Ei, ajuda aqui. - Vicallio olhou para Heinz.

- Eu não estou nem aqui. - Heinz sabia que eu não ia desistir.

- Vicallio, deixa eu tentar salvar meu marido. Se alguma coisa acontecer com ele, eu não vou me perdoar. Eu estou te implorando.

- Ravi vai me matar. - Ele sussurrou. - Está bem, vou te levar, mas você tem que se proteger e se manter calma. Ok? - Vicallio falou para mim.

- Escutou senhora? Se proteger... - Reforçou Heinz.

- Eu faço o que vocês quiserem, eu juro.

- Então vamos. O pai de Ravi está nas redondezas, ele vai tomar um susto quando te ver. - Vicallio sorriu e entramos no carro.

Vicallio dirigiu até um galpão abandonado. Lá já tinha uma equipe escondida no meio da mata, próximo ao local. Fui informada de que tinha três pessoas infiltradas na equipe de Vanuc.
A estratégia foi montada e logo começamos a entrar no galpão. Ravi estava no subsolo. Vicallio e Heinz estavam liderando missão, Heinz era especialista em resgate.
Estávamos todos de colete a prova de balas.

Cada homem que aprecia, eles eliminava. Uns a tiros, com armas com silenciadores, outros a facada.
Conseguimos descer, ao longe vimos Ravi sentado em uma cadeira. Suas mãos estavam amarradas para trás, seu rosto estava ensanguentado e sua cabeça um pouco inclinada para frente. Parecia estar exausto.

- Ravi. - Minha reação foi corre para ele. Vicallio e Heinz me seguraram.

- Calma Isabela. Não podemos por tudo a perder. Temos que ser racionais.

- Ele está machucado Vicallio. -Me deu uma crise de choro.

- Olha aqui, se você não aguentar ver, pode voltar. Mas se você decidi ficar, você vai ter que ser forte. Até porque você tem que dar forças para Ravi. A situação pode complicar mais ainda. Ser tiver que chorar, chore tudo agora. Quando você entrar, vai ter que ser forte. O que você escolhe?

Talvez seja amorOnde histórias criam vida. Descubra agora