Capítulo 7

922 55 3
                                    

Ravi narrando

Só saí de casa depois que o médico a examinou e a medicou. A alimentei e deixei alguns funcionários sob aviso.
Saí, mas minha cabeça permaneceu lá.
Consegui resolver o problema e achei quem estava desviando as cargas. Demorou mais tempo que o normal e eu estava mega ansioso para voltar para casa.
Era estranho eu me sentir assim, nunca fui de ser apegado a nada.
Acho que era falta da minha mãe e remorso por não ter conseguido salva-la. Tinha algo em Isabela que me puxava pra ela, eu não sei ao certo o que é.

Cheguei em casa, já estava anoitecendo novamente. Perguntei sobre Isabela e os funcionários disseram que ela tinha passado o dia no quarto. Que tinha almoçado e tomado os remédios. Disseram que quando levaram  seu lanche ela estava dormindo profundamente. Daí não quiseram acorda-la.

- Isso era que horas? - Eu olhei no relógio.

- Por volta das duas da tarde. - A cozinheira respondeu.

- E será que ainda está dormindo? Já vai dar dezenove horas, vou lá ver. Ela não pode ficar muito tempo sem comer. Obrigado a todos, podem deixar a comida em cima do fogão, eu nos sirvo. Podem ir... - Me despedi deles.

- Obrigada senhor.  - Eles ficavam em uma casa nos fundos da minha.

Subi e abri a porta vagarosamente. Ela parecia dormir ainda. Fiquei parado admirando seu rosto sereno. Me deu vontade de acaricia-la. Decidi chama-lá , estava chegando o horário do remédio.

- Isabela... - Eu a chamei de longe. Como ela não respondeu, resolvi colocar a mão nela. Outra vez ela estava ardendo em febre. Tive um medo terrível dela convulsionar novamente. - Isabela! - A balancei. Tirei meu tênis e o sobretudo que eu estava vestindo, tirei o casaco mais fino que estava por baixo e fiquei com uma camisa de algodão. Permaneci com a calça jeans. Ela balbuciava coisas, mas eu não conseguia entender. A peguei no colo e fui em direção ao banheiro, não daria tempo de encher a banheira, a temperatura dela estava muito alta. - Isabela, está me escutando? Eu tenho que te dar um banho... - Ela não respondia e parecia estar inconsciente. Como ela não conseguiria ficar de pé sozinha, entrei no box com ela e liguei o chuveiro. A abracei e deixei a água cair. - Isabela, abre os olhos. Isabela! - Chamei novamente. Os olhos dela se abriram vagarosamente.

- Ravi... O quê... - Seus olhos fecharam novamente e sua cabeça caiu para frente. Batendo em meu peito.

- Isabela... - Respirei fundo e bufei.  - Você consegue me ouvir? Se sim, mexer a mão. - Ela levantou a mão com um pouco de dificuldade e segurou no meu braço.

- Estou tentando ficar acordada. - Sua voz  saiu como um sussurro.

- Tá bom, eu vou te apoiar na parede e vou tirar essa roupa molhada de você. Você não pode ficar assim, isso vai agravar a pneumonia. Tenta segurar seu corpo, você consegue?

- Consigo... - Ela sussurrou novamente.

- Tá bom, vou te encostar na parede . - Eu a encostei na parede e enfiei o joelho entre suas pernas, um meio de segura-la, caso caísse. - Levanta um pouco os braços, para eu tirar seu casaco. - Ela levantou com dificuldade e tirei seu casaco. - Preciso tirar a parte de baixo também. - Ela abaixou a calça até o joelho. Coloquei o pé na calça que estava na metade de sua perna e empurrei para baixo. Pisei na calça e a  levantei, a calça saiu com facilidade.

- Ravi... Eu estou com muito frio. - Ela começou a tremer.

- Com licença e desculpa. -  Tirei sua lingerie molhada.  Sai do box com ela no colo. - Eu vou te secar e te colocar na cama. - A sequei do jeito que deu, coloquei um hobby nela e a  levei para a cama. - Deita,vou te cobrir.

- Eu estou com muito frio, tem outro remédio para febre? Por favor... - Ela se tremia toda.

- Vou pegar. Fique calma. - Levei  o remédio e ela conseguiu beber. A careta que ela fez foi engraçada, por causa do gosto do remédio. - Não te dei comprimido porque fiquei com medo de você engasgar. - Expliquei.

- Tudo bem, obrigada. - Ela se ajeitou na cama e eu a cobri com mais uma coberta.

- Volto em dois minutos, vou tirar as roupas molhadas. - Eu estava ensopado. 

- Não precisa ter pressa. Você já fez muito por mim. - Ela falou enquanto tremia.

- Já volto! - Sai deixando a porta se fechar sozinha. Fui o mais rápido que pude, não demorou muito e
eu já estava de volta, vestido com um conjunto de moletom. - Chega um pouquinho para o lado. - Levantei a ponta do edredom e deitei do seu lado. Passei a mão por baixo dela e a  puxei para perto de mim.

- Você deve ter coisas para fazer. Não precisa... - Ele tentou falar.

- Xiu... -  Coloquei o dedo em sua  boca. - Já falei que vou cuidar de você. - A ajeitei no meu braço, ela estava com a cabeça em meu ombro. Parecia que algo a tinha feito relaxar, seu corpo não estava mais tão rígido.  Puxei a coberta e nos cobri.

- Eu não estou acostumada com isso. - Ela deu um sorriso tímido.

- Então acostume-se. Vou pedir para entregar nossa janta, quando você estiver melhor. - A cozinheira dormia na casinha. Eu também não estava acostumado com aquilo.

- Se eu falar para você jantar sem mim, vai adiantar? - Ela tentou me olhar nos olhos.

- Não! - Respondi com um tom seco, evitando contato visual.

- Então tá. - Ela abaixou os olhos.

- Tenta relaxar, tá bom? - Eu estava morto de preocupação com ela. - Desculpe ser tão seco as vezes, mas você não está em condições de se cuidar sozinha.

- Só não estou acostumada com isso... - A voz dela saiu baixa.

- Com isso o quê? - Afastei um pouco meu rosto, de modo que conseguiria ver seu rosto.

- Alguém cuidando de mim... Nunca tive quem cuidasse de mim, quando estava doente, ou até mesmo no dia a dia. Sempre tive que me virar sozinha.

- Me conte um pouco sobre sua história de vida, se isso não te incomodar, é claro. - A puxei para mais perto. Ela estava deitada de lado no meu ombro, seu rosto estava perto do meu queixo. Nunca fiquei tão perto assim de uma mulher, nunca quis estar com alguém assim. Pelo menos eu tinha a desculpa do contrato. Isabela não tem saído um minuto da minha cabeça, é algo tão estranho. Esse sentimento é muito novo para mim.

Talvez seja amorOnde histórias criam vida. Descubra agora