Capítulo 10

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Ravi narrando

Parei na frente dela e me inclinei um pouco para a frente. Para ficar na altura do seu rosto, já que ela estava deitada.

- Pode falar, se estiver ao meu alcance, eu farei.

- Dorme na cama comigo, por favor... - Não sei porque, mas aquilo me fez sorrir, fez pulsar meu coração, como se eu estivesse esperando ela pedir.

- Tem certeza? Eu sou meio espaçoso, vou acabar te incomodando. - Sorri para ela.

- Eu não me importo... Não posso deixar você dormir no chão. E contigo aqui, eu me sinto melhor. - Isabela deu um sorriso tímido.

- Tem certeza? Depois não pode reclamar...

- Tenho sim. - Ela chegou para o lado, abrindo espaço para eu deitar. Peguei o edredom que estava em cima do colchão e deitei ao seu lado. Deitei com a barriga para cima e coloquei um braço atrás da cabeça.

- É estranho deitar na cama com alguém. Você acredita que nunca tinha dormido com ninguém? - Eu encarava o teto.

- Eu já dormi com muitas pessoas. - Ela estava deitada de lado e me olhava.

- Sério? - Franzi a sobrancelha, aquilo me deu um certo ciúme. Eu olhei para ela enquanto falava.

- Sim, no orfanato. - Ela tinha um semblante de paz e um olhar profundo, como se lembrasse de algo.

- Ah, tá. Entendi. - Que idiota eu. Sorri sem perceber, estava aliviado. Esqueci que ela cresceu em um orfanato.

- Por que está sorrindo? - Ela me olhava com ar de riso.

- Nada, é que eu sou um idiota mesmo... Então, está preparada para dormir com um sem modos? - Me virei de frente para ela para falar. Mudando logo de assunto.

- Estou sim. - Ela olhou dentro dos meus olhos e sorriu. Aquele sorriso me trazia tanta paz. Como eu queria ter Isabela em minha vida para sempre.

- Você é diferente... - Nem me dei conta que estava falando, pensei que era só nos meus pensamentos.

- Diferente como? Tem algo errado em mim? - Ela franziu o cenho.

- Não, errado não. Você é perfeita. - Eu a olhava e minha vontade era de poder abraça-la. - Eu gosto de ficar com você, você me faz bem. Parece que eu te faço bem também, isso me deixa feliz.

- Você não sabe o quanto me faz bem. - Ela sorriu com os olhos. - Aquilo aqueceu meu coração, nunca ouvi ninguém dizer que gostava da minha presença.

- Que bom... Eu desejo do fundo do meu coração que você seja feliz. Que encontre uma pessoa que te ame e te proteja.

- Eu desejo o mesmo a você. Você é uma pessoa boa, merece ser correspondido a altura. - Ela falou.

- Você não me conhece, eu não sou tão bom assim como você pensa. Isso aqui é uma máscara, normalmente eu não sou assim. Estou cumprindo um contrato, lembra?

- Eu acho que a máscara que você veste, é do personagem malvado. Esse aqui é quem você realmente é de verdade. - O que ela falou mexeu comigo. - Você só não tinha motivos para tirar a máscara, agora você tem. - Ela sorriu.

- Você acha isso, é? Espero que não se decepcione. - Olhei em seus olhos de um jeito suave, quase implorando para ela não me deixar se caso eu a decepcionasse.

- Se você for mais uma decepção, vai ser apenas mais uma. Já tenho uma coleção de decepções na vida, uma a mais ou uma a menos não vai fazer diferença.

- No que depender de mim, não vou te decepcionar nunca, ou pelo menos vou tentar. Só te peço para não alimentar expectativas, estou falando quem eu sou de verdade. Eu sou um mafioso, Isabela. Faço coisas que nem sempre são boas.

- Eu entendo... Mas o Ravi que está aqui nessa cama comigo é quem realmente você é. É o Ravi ser humano e gentil, não o Ravi mafioso. - O que Isabela estava fazendo na minha mente? Como ela é cruel, isso é golpe baixo. Não está nem me dando chance de defesa. Como eu queria beijar aqueles lábios...

- Você tomou seu remédio da noite, né? - Mudei de assunto, antes que eu não conseguisse mais me controlar. Pra que eu aceitei deitar aqui?

- Tomei sim, quando fui ao banheiro eu tinha acabado de tomar.

- Então vamos dormir, você precisa descansar. Vou apagar a luz e vou deixar a do banheiro acesa. Caso sinta algo me acorde, não hesite em me chamar.

- Tá bom, obrigada. - Apaguei a luz e deixei a do banheiro acesa. - Deitei de barriga para cima e coloquei um braço atrás da cabeça. - Ravi, boa noite. Bons sonhos.

- Obrigado, boa noite. Bons sonhos. Espero que melhore logo. - Olhei para o lado dela e sorri.

- Obrigada por ter ficado aqui comigo. Espero um dia poder retribuir tudo isso que você está fazendo por mim.

Ela se encolheu um pouco e se ajeitou embaixo de seu edredom. Eu fiquei ali olhando para o teto e pensando um milhão de coisas.
Como vai ser quando ela tiver que ir?
O tempo passou e eu nem me dei conta. Quando a olhei ela dormia um sono profundo, seu rosto irradiava paz. Quanto sofrimento já passou...
Queria ser corajoso o suficiente para não deixa-la partir, queria pedir que ficasse e que deixasse eu fazê-la feliz .

Mas a realidade bate na minha porta, Isabela não me merece
Eu sou uma pessoa ruim, faço coisas ruins.
Tenho que sufocar todo e qualquer sentimento que a prenda. Ela merece ser feliz e viver uma vida normal.

Me deitei de frente para ela e fiquei admirando sua beleza, sua pele parecia uma porcelana. Uma mecha de cabelo, caída em seu rosto, dava um contraste perfeito, sua pele clara realçava o tom alaranjado do cabelo.
Aproximei minha mão vagarosamente e tirei a mecha da frente de seu rosto, colocando para trás. Ela se mexeu e eu levantei a mão, no susto. Fiquei paralisado com a mão no ar.
Isabela chegou mais para frente e enfiou o rosto em meu tórax, me puxou pelo casaco, que eu estava vestido, e se aninhou ali.

Minha respiração ficou ofegante e meus olhos arregalados. Fiquei paralisado, sem saber o que fazer.

- Ravi, me abraça? Estou com frio. - Sua voz era rouca e parecia que ela estava sonhando. Puxei meu edredom e nos cobri. A abracei e puxei para mais perto de mim. Queria que o tempo congelasse. Nunca me senti tão bem do jeito que estou me sentindo agora. Eu tenho que parar de me iludir, mas vou deixar isso para depois... Agora só vou curtir o momento. Adormeci em poucos minutos.

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