Ravi Lucca narrando
Eu me levantei correndo e abracei Isabela. Eu a abracei tão apertado que a escutei gemer.
- Desculpe, desculpe. Te machuquei? Desculpe.
- Está tudo bem. - Ela sorriu.
- Isso não é um sonho, certo? - Meu coração estava disparado.
- Não, não é. Eu estou aqui. - Ela colocou uma mão em meu rosto. Coloquei minha mão por cima da dela e fechei os olhos, sentido seu toque suave e sua mão quente.
- Você está proibida de me deixar. - Abri os olhos e olhei para ela. - Você não sabe o quanto eu sofri. - Já não conseguia mais falar, um nó se formou em minha garganta.
- E você acha que não me deu um susto não? Acordar e ver você caído no chão... - Ela começou a chorar.
- Vem aqui. - A puxei para um abraço., ela estava com um braço para baixo e o outro um pouco elevado por causa do soro.
- Você não pode me assustar assim. - Ela enfiou o rosto no meu tórax e só chorava. - Eu pensei que você...
- Você quer falar de susto para mim? - A interrompi. Ri em meio as lágrimas. - Eu quase morri por sua causa, você deu uma parada cardíaca na minha frente. Eu quase enlouqueci. - As lágrimas já estavam escorrendo no meu pescoço.
- Eu ouvi você conversando comigo todos esses dias. Eu já tinha desistido de voltar, mas você falou que não estava dormindo e nem se alimentando. Então reuni forças para tentar voltar, só para brigar com você . Afinal eu ainda tenho uma missão por alguns meses, sendo sua esposa.
- Você me ouviu? - Segurei o rosto dela com as duas mãos.
- Sim, você falou que hoje seria seu aniversário. Tentei decorar com o que tem aqui no hospital, mas não tem muita coisa. - Ela olhou um pouco para o lado, para mostrar a decoração. Eu me aproximei e tomei seus lábios. Aquele beijo foi algo que descongelou por completo meu coração.
- Você está proibida de me deixar, quer seja até o fim do contrato, quer seja depois. Eu nunca mais vou deixar você ir. Olha aqui nos meus olhos. - Isso era uma coisa inédita, pois eu nunca pedi para alguém olhar nos meus olhos. - Eu estou sentindo um negócio estranho aqui dentro de mim e não é a dor da culpa. É uma coisa boa, mas me faz dependente muito de você. Não sei o nome que se dá a isso, eu nunca senti essa coisa. Ao mesmo tempo é bom, ao mesmo tempo é desesperador. Eu fico feliz e me entristeço. Feliz por ter você , triste por ver você sofrer. Dá vontade de guardar em um lugar onde nada possa te machucar.
- Talvez seja amor. - Ela sorriu e eu me entreguei totalmente aquela sensação. Meus muros já tinham ido por água abaixo mesmo, eu não estava fazendo questão nenhuma de demonstrar que eu era o macho alfa, expus toda minha vulnerabilidade. Tomei seus lábios novamente.
- Eu não vejo mas minha vida sem você. Eu não sei quando comecei a ficar tão dependente assim de você. Eu só sei que eu quis morrer todos os dias, vendo o seu estado. Me arrependi de tantas coisas. Dói você ver uma pessoa inocente sofrer e você não poder fazer nada. Como eu quis que isso fosse somente um pesadelo.
A puxei pela cintura e coloquei uma mecha de cabelo atrás de sua orelha. Tomei os lábios de Isabela, não queria solta-la nunca mais. Nunca fiquei tão feliz em um aniversário meu.
- E você acha que comigo está sendo diferente?
- Isabela, você lembra do que me falou antes de desmaiar?
- Sim, lembro sim. Que eu te amo, Ravi Lucca. - Ele olhou em meus olhos e sorriu para mim. Aquilo saiu tão natural.
- Repete novamente? Por favor! - Eu estava com minhas mãos em sua cintura e a encarava. A olhava com ansiedade.
- Eu te amo Ravi Lucca. Posso ficar dizendo isso a noite toda. Eu te amo tanto que poderia fazer qualquer coisa por você. É estranho, mas eu lembro até a primeira vez que te vi, foi no supermercado. Me iludi naquele dia, achando que poderia ser sua namorada. - Ela sorriu.
- Eu entrei lá só porque a vi, fui grosso com você. Nunca tive muito jeito para tratar as pessoas de fora do meu círculo. Também não queria chamar atenção. Eu sempre criei barreiras em volta de mim. Mas você fez meus muros desabarem. - A puxei para um abraço. - Obrigado por esse presente, obrigado por ter voltado para mim. Franzi a sombrancelha e me permiti chorar novamente, estava aliviado por ela estar bem.
-Posso te abraçar também?
- Faça isso, por favor. Eu preciso do seu abraço mais do que tudo. - Ela passou os braços por mim e deitou a cabeça no meu peitoral.
- Estou louca para ir embora. Quero cuidar de você e preparar um café para nós dois.
- Você não vai fazer nada, nem tão cedo. Você vai ser mimada e paparicada. - A afastei um pouco para olhar em seus olhos. - Eu vou viver para você a partir de hoje. Não vou deixar que nada te aconteça, eu prometo. - A puxei para um abraço novamente. Uma lágrima teimosa continuou escorrendo no canto do olho.
- Seu coração está disparado. - Ela sorriu.
- Estou feliz e ansioso. Nunca experimentei esses sentimentos juntos. É estranho e bom. - Funguei e sorri.
Pedi minha transferência para o quarto de Isabela. Após ela deitar na cama eu sentei na cadeira ao seu lado. Peguei o celular e tinha uma mensagem do meu pai, era algo pequeno.
Feliz aniversário filho, estou feliz que você está vivo.
Se cuida, te amo.Ele nem sabia o que tinha acontecido comigo. Meu pai não era muito de demonstrar sentimentos, depois que minha mãe se foi ele se fechou ainda mais.
Ele já desistiu de viver inúmeras vezes, daí vive afastado das pessoas agora.
Eu o achava egoísta, pois ainda tinha a mim, como ele queria parar de viver?
Mas depois de passar isso tudo com Isabela, eu pude entender o que é perder alguém. Você não consegue imaginar a sua vida sem a pessoa amada. Você não consegue pensar nas outras pessoas que te amam.
Pera aí... Viver sem a pessoa amada? Será que isso que eu estou sentindo por Isabela realmente é amor?
Eu estava envolto nos meus pensamentos, eu encarava a tela do celular, mas estava em outro lugar pensamento sobre meus sentimentos.- Ravi, está tudo bem? - Ela se virou com dificuldade para me olhar.
- Isabela, eu acho que eu te amo. - Ainda olhava para o celular. Não acredito que falei isso em voz alta. - Eu acho não, eu tenho certeza. - Meus olhos estavam arregalados e eu olhava para o nada, tentando entender o que era aquilo.
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Talvez seja amor
RomantizmIsabela tem um casamento por contrato com o atual mafioso da cidade. Seu cuidador e seu irmão de consideração a vende para Ravi Lucca, um mafioso perigoso e sem sentimentos. Ela vê todo o sonho que tinha, indo embora junto com sua vontade de viver...