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DULCE MARIA 📜

Eu percebi que não adiantava mais ficar adiando, eu precisava vê-lo imediatamente. A ansiedade seria capaz de acabar comigo se eu não fizesse, então resolvi pegar e seguir o mesmo endereço de onde ele morava anteriormente. Por sorte é a mesma casa, agora muito diferente pois já fazem anos e eu sorri com as lembranças que invadiram minha mente no instante em que saí do carro.

Meu coração estava quase saindo pela boca, vim o caminho todo pensando em mil formas de iniciar uma conversa com ele, mas sabia que na hora seria impossível lembrar de alguma.

Foi então que caminhei para o lado esquerdo da casa, para que ninguém me visse parada lá fora. Demorei a ter coragem para apertar a campainha e no mesmo instante me perguntei se realmente queria fazer isso depois de tanto tempo.

Só depois de lembrar de tudo que aconteceu me dei conta de que precisava, então respirei fundo e apertei. Uma senhora abriu e sorriu para mim, eu fiz o mesmo e pensei que iria desmaiar ali.

— Pois não? — ela disse.

— Oi, me chamo Dulce Maria, sou uma conhecida da família que voltou de viagem. Gostaria de falar com a mãe do Christopher, a dona Alexandra.

— Claro, só um momento. Preciso comunicar a patroa que a senhorita está aqui. Aguarde um instante, certo? — eu assenti e ela fechou o portão.

Logo pensei se a mãe de Christopher iria me deixar entrar, ela deve me odiar pelo o que tive que fazer. Sinto um arrepio só de pensar o quanto ela deve ter sofrido com o fato do filho ter se decepcionado com alguém que amava.

— Olá, a senhora autorizou sua entrada. Por favor, me acompanhe. — ela deu espaço e eu entrei a esperando fechar o portão.

— Ela por acaso ficou surpresa quando a senhora falou de mim? — perguntei enquanto caminhávamos rumo à entrada.

— Sim, no começo pareceu não acreditar quando eu disse o seu nome. Se conhecem há muito tempo?

— Sim, faz muito tempo.

Entrei e já dei de cara com a sala de estar, os móveis impecáveis e a decoração nem se fala. Olhei em volta e consegui me lembrar de todos os detalhes da casa antigamente, tive um déjà vu de imediato naquele momento.

Então vi dona Alexandra se aproximar, ela ainda tinha a mesma aparência, agora mais velha. Eu sorri e ela pareceu tão surpresa, mas se manteve séria.

— Angie, nos deixe a sós por favor. — pediu.

— Sim, senhora. Até mais, Dulce!

— Até mais Angie, prazer em conhecê-la.

— O prazer foi todo meu. — assentiu e saiu.

Alexandra sentou no sofá e fez um gesto para eu fazer o mesmo, quase não consegui me mexer. Estava muito nervosa, temendo que Christopher aparecesse a qualquer momento.

— Dulce, que surpresa você por aqui. Voltou há muito tempo? — senti um certo deboche em sua fala.

— Voltei ontem, passei mais tempo do que esperava passar em Nova York.

— Eu sei onde você estava. — disse em um tom sério e grosso.

— Já faz muito tempo, talvez não lembrasse. — tentei soar o mais tranquila possível.

Alexandra nunca me tratou com grosseria, obviamente agora ela tinha motivos pra isso.

— Me desculpe se estou sendo grossa, é difícil para uma mãe esquecer os momentos de sofrimento de um filho.

— Ok, eu vim aqui justamente para falar disso. Tudo o que aconteceu entre o Christopher e eu foi verdadeiro, eu o amei e ainda o amo muito. — ela estava séria e logo me olhou surpresa.

— Você ainda ama o meu filho? — novamente um certo deboche em sua fala.

— Sim! Eu sei que pelo o que eu tive que fazer não parece, mas garanto que sim.

— Então, se amava tanto. Por que o descartou?

— Eu não o descartei, só achei que seria inviável manter o relacionamento nas condições que eu estava.

— Que condições? Gostaria muito de saber quais.

— Eu achei que teria tempo suficiente para manter minha relação com ele e outros afazeres enquanto estava lá, mas a faculdade exigiu muito de mim e eu não conseguia conversar direito com ele. Percebi que isso o estava machucando e não era justo continuar assim.

Ela me olhou e segurou minhas duas mãos, seu olhar havia mudado e agora parecia ter entendido a minha explicação sobre o que aconteceu.

— Você não quis continuar machucando meu filho com sua ausência, por isso contra sua vontade teve que dar um fim no que tinham.

— Sim e me doeu muito ter que fazer isso. — minha voz ficou embargada.

— Sinto muito querida, me perdoe. Achei que você tinha outros motivos para ter feito o que fez.

— Não, eu sempre amei o Christopher e em nenhum momento jamais quis machucá-lo.

— No fundo eu sempre soube. — sorriu.

Foi um alívio enorme para mim quando dona Alexandra entendeu os meus motivos, no fundo do meu coração eu espero que Christopher também entenda. Ela me perguntou mais sobre a viagem e o que eu fiz depois de terminar a faculdade, me senti como nos velhos tempos.

— Eu vou chamá-lo, está pronta para falar com ele? — perguntou ao ficar de pé.

— Sim. — eu assenti e ela subiu as escadas em direção ao andar de cima.

O medo começou a me invadir, minhas mãos estavam suadas e meu corpo estava todo trêmulo. Eu sabia que ficaria nervosa quando fosse falar com ele, mas não imaginava que tanto. Alguns minutos depois Alexandra voltou e Christopher não estava acompanhando dela.

— Ele não vem? — perguntei com estranheza.

— Vem sim, ele ficou se vestindo.

— Ah, achei que ele não queria me ver.

— Na verdade eu não disse que era você, apenas disse que tinha alguém querendo falar com ele e tenho certeza de que isso o deixou curioso.

— Espero que ele não se decepcione quando me vir.

— Pare com isso, Dulce! Tenho certeza de que assim como eu, ele ficará surpreso, mas logo entenderá. — sorriu positivamente.

Ficamos conversando, confesso que foi uma ótima forma de me distrair por um momento. Até que ele desceu e ficou parado ali na minha frente, meus olhos encheram de lágrimas no mesmo instante em que o vi ali diante dos meus olhos.

— Oi, Christopher. — eu disse por fim.

Fighting for Love (Vondy)Onde histórias criam vida. Descubra agora