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CHRISTOPHER UCKERMANN 📜

Depois que ela foi embora, peguei minhas coisas e fui pra casa. Eu não queria conversar com ninguém, estava chateado demais pela forma como as coisas aconteceram, estava planejando uma viagem para me desestressar e tudo que consegui foi mais estresse com isso tudo.

— Filho, não sabia que voltaria logo. — disse minha mãe caminhando até mim.

— Eu e a Miranda tivemos um desentendimento e achei melhor voltarmos pra casa. — fiz menção de subir as escadas em direção ao meu quarto.

— Aonde você vai? — perguntou.

— Pro meu quarto, tomar um banho e tentar esquecer esse dia de merda. — respirei fundo.

— Eu quero conversar com você, senta aqui. — apontou para o sofá em sua frente.

— É sério? — arqueei a sobrancelha.

— Você não vai me evitar como tem feito esses dias, seja homem e sente-se para conversar com a sua mãe. — seu tom era autoritário.

Eu realmente não estava afim de ter qualquer discussão no momento, mas me vi obrigado a sentar e ouvir o que ela tem para me dizer.

— Estou aqui, não vai me torturar com o mesmo assunto de sempre, né?

— Primeiro, quero saber por qual motivo você e a Miranda brigaram? — sentou-se ao meu lado.

— Fala sério mãe, é coisa minha.

— Christopher, você nunca foi assim. Sempre me contou tudo e nunca teve vergonha disso, o que está acontecendo? — sua voz estava mais compreensiva agora.

— Sempre contei tudo porque eu era uma criança em fase de crescimento, sem saber tomar as próprias decisões e totalmente perdido.

— E não é assim que você está agora?

— Tá me chamando de criança? — a olhei surpreso.

— Sim, é isso que você está me parecendo agora. Uma criança, porque não assume as responsabilidades, foge de tudo e de todos e não aceita ouvir uma verdade sequer.

— A gente tem mesmo que falar sobre isso agora?

— Quero que entenda o que está acontecendo, eu olho pra você e não vejo o meu filho.

— É melhor me explicar direito isso aí, não entendo nada.

— Desde de que a Dulce voltou, você anda diferente, parece que se desestabilizou inteiro.

— Não vamos começar a falar nela. — revirei os olhos.

Ela bateu as mãos nas coxas e ficou de pé, caminhando de um lado para o outro e eu sabia que iria começar a falar muitas coisas ali.

— Acho que já entendi qual é o seu problema, você não aceitou essa volta da Dulce e muito menos o que ela teve que fazer por você. Isso te transformou em um menino imaturo, que não escuta ninguém e acha que é o único coitadinho nessa situação. — me encarou ao terminar.

— Isso é besteira, mãe! O que aconteceu no passado, não me interessa mais.

— Chega! Você vai agir como o homem que eu sei que você é e vai me dizer que eu estou certa, porque eu te conheço perfeitamente Christopher.

Naquele momento me dei conta de que poderia tentar esconder as coisas de qualquer pessoa, mas da minha mãe isso era impossível. Ela me conhece melhor do que eu mesmo e consegue distinguir perfeitamente quando não estou sendo quem sou.

— Tudo bem. Eu não aceitei que ela voltou, estou completamente mexido com isso e tento disfarçar a tratando mal e fingindo que não me importo nenhum pouco. — falei tudo de uma vez e senti meu peito arder com a verdade dita em voz alta.

— Eu sabia, te conheço muito bem pra saber que estava o tempo todo tentando negar algo que está sentindo fortemente dentro de você. — sentou-se ao meu lado.

— Achei que nunca mais a veria mãe e que não teria que lidar com todos aqueles sentimentos novamente. — minha voz embargou.

— Te entendo meu filho, comigo você pode se abrir e sabe muito bem disso. Agora por que tratá-la tão mal? Ela só quis te contar a verdade por trás de toda aquela situação, meu amor.

— E eu sei perfeitamente disso, mas não consigo aceitar que ela tenha conseguido abrir mão do que tivemos tão facilmente. — as lágrimas estavam caindo antes que eu me desse conta.

— Não foi fácil, você se engana quando acha que foi. Ela mesma me disse, pode acreditar.

— É sério?

— Sim, assim com você ela sofreu muito.

— Me parece tão difícil de acreditar, é como se ela tivesse certeza do que iria fazer.

— Você colocou na cabeça que não entende e agora não tem jeito, né? Eu conversei com ela e ouvi tudo com detalhes, não é difícil de entender.

— Mãe, acho melhor a gente parar com esse assunto.

— Não fuja outra vez, você precisa entender de uma vez por todas.

— Realmente não quero fazer isso. — fiquei de pé e subi com minhas malas em direção ao meu quarto.

Joguei tudo no chão e deitei na cama, olhando para o teto e recapitulando toda conversa que acabei de ter com a minha mãe. Minhas próprias palavras ficaram se repetindo em meu pensamento e eu não conseguia acreditar que admiti tudo aquilo para mim mesmo e para ela.

Não minto quando sinto que não consigo acreditar nela, tudo parece só uma série de mentiras para me enrolar. Esse tipo de coisa parecia tão impossível pro nosso amor, pra quem éramos e a relação que tínhamos. Nunca imaginei que isso poderia acontecer em algum momento, eu a amava e queria que fosse pra sempre isso que sentia dentro de mim.

E me vejo lembrando disso a cada instante, mas automaticamente bloqueio qualquer coisa que envolva esse tipo de sentimento. Me sinto encurralado e sem saída, querendo respostas, mas encontrando apenas mais dúvidas.

Parece que nunca poderemos ter de volta aquele amor, tudo ficou para trás e agora faz parte do passado. Poderíamos ter tido tudo, penso nas milhões de coisas que teríamos feito e o quanto eu esperava que ela estivesse ao meu lado.

Infelizmente não foi bem assim que aconteceu.

Fighting for Love (Vondy)Onde histórias criam vida. Descubra agora