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DULCE MARIA 📜

Christopher continuava me encarando e era impressionante pois parecia que ele estava cheio de ódio de mim e eu não fiz absolutamente nada.

— É sério que você vai começar a me tratar com ignorância novamente, eu nem fui falar com você.

— Eu só quero saber o que você está fazendo aqui.

— Caso não tenha enxergado, eu estou trabalhando.

— Você na Perroni's Magazine, meus parabéns. — o deboche claro em sua fala.

— Só isso? — perguntei pois queria ir embora dali.

— O que você perguntou pra minha namorada?

— Perguntas que dizem respeito ao motivo que trouxe aqui, não se preocupe porque não foi nada demais.

— Espero que você não queira falar suas besteiras pra ela.

— É sério? Você veio falar comigo achando que eu pretendo arruinar o seu relacionamento porque você se recusa a ouvir e entender os meus motivos?

— Só acho que não vai ser legal se por acaso você resolver falar disso com ela, estou apenas evitando que essa ideia passe pela sua cabeça.

— Não se preocupe que eu não pensaria em uma idiotice dessas, eu tenho mais o que fazer ao invés de ficar tentando sabotar o relacionamento dos outros.

— Você me amava, não?

— O que isso tem haver?

— Não sei, acho que… — o interrompi.

— Você acha mesmo que eu seria capaz de algo assim? Realmente você não me conhece. — fiz menção de ir embora, mas ele começou a falar.

— Não te conheço porque você havia ido embora há anos e voltou completamente diferente.

— Todos mudamos, Christopher. Mas eu ainda sou eu mesma, se eu não me importasse não teria ido na sua casa falar com você sobre algo que aconteceu há um tempinho.

— Não acho que tenha ido de bom grado, talvez você só quisesse me confundir. Uma forma de avisar que havia voltado e que eu meio que deveria temer a você.

— Quantos absurdos mais você consegue falar em questão de segundos? Eu não acredito que você tá me acusando dessas coisas, eu só queria resolver um mal entendido.

— Você ter me deixado foi um mal entendido?

— Não, mas a forma como você interpretou as coisas mudou absolutamente tudo.

— Então, eu que sou o errado agora?

— Não adianta falar com você, porque o que você pensa é importante. Eu estou cansada de tentar te provar que eu não fiz aquilo por vontade própria, que existiu um motivo. — minha voz embargou.

— Lá vem você de novo com esse papo, eu só estou te pedindo pra não falar sobre isso com a minha namorada.

— Eu não vou falar nada! Acho que você que deveria falar, se teme tanto que eu possa dizer algo que atrapalhe a sua relação perfeita.

E eu simplesmente dei as costas para ele, sem esperar que mais ofensas chegassem aos meus ouvidos. Como eu pude achar que seria capaz de me resolver com alguém assim? Ele diz que eu mudei, mas ele virou outra pessoa em questão de anos. Ainda tem coragem de me acusar de coisas que eu não fiz e jamais faria, odeio ter que amá-lo ainda e me sentir uma completa idiota por insistir que posso convencê-lo da verdade.

Sei que isso só acontecerá quando ele decidir se dar conta por si mesmo, não adianta dar todas as explicações possíveis quando ele não está interessado em saber disso. Fiquei triste e surpresa ao mesmo tempo quando Miranda disse que se conheceram na faculdade e ficaram tão próximos que ele contou os sonhos dele pra ela, e pensar que eu era sua ouvinte antigamente.

Tudo que ele sonhava em realizar um dia, me contava na época em que estávamos juntos. Eu sentia que fazia parte de sua vida e sempre desejei estar com ele quando finalmente as coisas estivessem se encaminhando para uma realização, imagino quanta coisa eu perdi e talvez ele nem tenha sentido a minha falta.

Entrei no banheiro e sentei no vaso, por sorte estava tudo limpo e logo desabei no choro.

— Dulce? — era a voz de Anahi dentro do banheiro.

Ela me chamava de porta em porta e quando finalmente me achou, se ajoelhou em minha frente e eu não conseguia falar nada. Parecia que minha garganta estava cheia de nós.

— O que foi, amiga? Se acalma, respira e vem lavar o rosto aqui comigo. Vem. — fiquei de pé e ela me levou até a pia.

Fiz um gesto de que não iria lavar o rosto, peguei alguns papéis que tinham ao lado e enxuguei meus olhos.

— Consegue me contar o que aconteceu? — perguntou Anahi e eu assenti.

— O Christopher veio falar comigo depois da entrevista.

— O quê? Não acredito, toma por sorte trouxe minha bolsinha de maquiagem junto comigo e temos praticamente a mesma cor de pele. — me entregou e eu comecei a retocar meu rosto.

— Ele veio me pedir pra não contar nada da gente pra namorada e ainda me acusou de uma porção de coisas. — falei enquanto me maquiava.

— Que desgraçado, amiga esse homem é insuportável! Quando vi ele no red carpet e tive que tirar fotos dele com aquela mulher, senti o estômago embrulhar na hora.

— E eu que tive que entrevistar ela e a ouvir dizer que esteve do lado do Christopher durante todo o processo de construção do sonho dele.

— Que sínica!

— Fazer o quê, ela tinha que responder a minha pergunta e não sabe como temi pela resposta.

— Que situação chata, amiga. Sinto muito que você tenha passado por isso, aquele imbecil deve ter te dito coisas horríveis porque você tava chorando muito. — colocou a mão carinhosamente no meu ombro.

— Nada que eu já não tenha ouvido com clareza, deixei ele falando sozinho e vim correndo pra cá.

— Me perdoa, mas ele é um idiota. Não se trata assim alguém que você viveu praticamente uma vida, juro que se pudesse ia matá-lo agora mesmo. — dei uma risada.

— Só você pra me fazer rir numa hora dessas.

— É pra isso que servem os amigos. — sorriu pra mim.

E eu me vi retocando a maquiagem por causa de um cara que foi o amor da minha vida, que não entendeu que tudo que eu quis foi protegê-lo durante aquela época e percebo que nada disso importa porque ele está magoado demais pra querer ouvir uma explicação ou coisa assim.

Fighting for Love (Vondy)Onde histórias criam vida. Descubra agora