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CHRISTOPHER UCKERMANN 📜

E lá estava eu subindo em direção ao meu quarto, onde teria uma conversa que poderia muito bem ser evitada se tudo isso não tivesse acontecido ainda pouco. Miranda estava na varanda e ficou de pé ao me ver entrando.

— Está tudo bem? Sua mãe parecia um pouco chateada. — fui andando até ela.

— Ela queria falar sobre a visita surpresa da minha ex namorada hoje.

— Você parece bastante incomodado com isso, acho que devemos aproveitar o momento para continuar a nossa conversa.

— Tudo bem, afinal você veio para isso né.

— Christopher, eu quero que nós dois possamos falar abertamente e ser transparentes um com o outro.

— Eu também, só que pra mim é difícil ter que falar sobre isso com você.

— Você querer fugir do problema não vai te ajudar a resolver nada.

— É estranho eu estar tendo que falar da minha ex com a minha atual namorada.

— Sim, mas você não precisa encarar isso como se fosse o fim do mundo. Eu só quero que você coloque todas as cartas na mesa de uma vez.

Eu precisava ser sincero com ela, por mais que fosse estranho ter que falar de um assunto que diz respeito à uma relação antiga. Tenho esperança de conseguir pelo menos colocar um ponto final nessa bagunça que de repente voltou para mim, não quero mais isso atrapalhando.

— Você quer que eu seja sincero, certo? Pois bem, a Dulce foi o meu primeiro amor. Eu a conheci ainda criança, estudamos juntos durante toda a fase do período escolar e só nos separamos quando chegou o momento de ir para a faculdade. Na verdade ela acabou indo antes do esperado e eu fiquei pra trás, decidimos manter o nosso relacionamento a distância e confesso que não foi fácil pois eu sentia muita falta dela. — fiz uma pausa um pouco dramática, pois eu ainda conseguia lembrar de cada momento em específico.

— Você não precisa contar a história toda se não quiser. — ela disse e eu decidi continuar.

— Ela acabou ficando muito atarefada e quase não tinha tempo de conversar comigo, obviamente comecei a ficar chateado e logo decidi falar como eu estava me sentindo com isso. Acabamos brigando por chamada de vídeo e ela terminou comigo, pareceu esquecer da minha existência e decidiu seguir sua vida normalmente durante todos esses anos.

— Ela realmente teve zero empatia por você. — disse Miranda com um tom de deboche.

— Eu demorei muito pra entender que ela não queria mais nada comigo, sofri demais até perceber que não adiantava continuar esperando. Ela não iria voltar e eu precisava seguir em frente, então comecei a faculdade e logo conheci você e os meus agora melhores amigos.

— Imagino que não tenha sido fácil pra você tentar esquecer dela a todo custo, mas ela escolheu te deixar de lado. — eu assenti ao ouvir.

— Senti como se tivesse vencido uma batalha quando aceitei ficar com você, quando me dei uma chance de amar novamente. Tive muito medo, porque de certa forma ainda estava preso a ela e eu não queria acreditar que tudo poderia se tornar apenas lembranças de algo que um dia aconteceu. — engoli em seco.

— Você realmente a amava muito, era capaz de fazer qualquer coisa por ela.

— Eu era ingênuo, costumava pensar que a vida era feita apenas de momentos felizes e eu nunca iria me machucar porque a amava muito.

Um nó se formou em minha garganta, pois eu não imaginava que sentia algo tão profundo até poder admitir isso para alguém em voz alta. Sempre achei que eu era um idiota por pensar que nada seria capaz de me machucar, porque eu amava muito uma garota. Nunca esperei que ela ou alguém pudessem ser capazes de me magoar em algum momento, sempre cultivei em meu coração sentimentos bons e ingênuos demais para um adolescente do sexo masculino.

As pessoas costumam dizer que as mulheres são mais emotivas nesse sentido, foi ensinado desde de cedo que os homens devem esconder e jamais deixar transparecer seus sentimentos, pois seria como se mostrar fraco diante de algo assim. Eu cresci me achando um frouxo por não conseguir disfarçar a minha tristeza após ter o coração partido, em nenhum momento consegui esconder a minha dor ao lembrar dela e de tudo que significava pra mim.

— Estou surpresa com tudo isso, Christopher. Você está certo de não querer falar sobre isso, te machuca lembrar o que essa situação causou.

— É exatamente isso, eu espero que você tenha entendido o motivo pelo o qual não me sinto bem tendo que falar disso.

— Eu entendo sim, mas tem outra coisa que anda perturbando a minha cabeça.

— O quê?

— Se você ainda sente alguma coisa pela Dulce.

Naquele momento eu travei e não sei por qual motivo achei que não teria uma resposta para aquela pergunta, óbvio que ter que reviver todos aqueles momentos me fez sentir tudo de novo.

— Eu não sinto mais nada, você é a única pessoa que eu quero ficar no momento. — segurei sua mão e ela sorriu aliviada.

— Não sei o que faria se você dissesse que ainda sente algo por ela. — mirou o chão.

— Se eu ainda sentisse algo por ela, não a teria deixado sair daqui como você mesmo viu.

— Obrigada por ter sido verdadeiro comigo, me sinto mais tranquila depois dessa conversa. — me abraçou e eu retribuí.

Mesmo assim eu ainda me sentia estranho, não sei porquê parece que tenho dúvidas do que acabei de falar. Talvez eu só esteja confuso pelo o que tive que contar, toda essa história mexe muito com a minha cabeça e é complicado demais tentar entender essa situação.

Fighting for Love (Vondy)Onde histórias criam vida. Descubra agora