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DULCE MARIA 📜

Um misto de emoções me invade quando saio do avião e me dou conta de que já estou em terras mexicanas. Nove anos depois e cá estou eu novamente, indo para a casa dos meus pais e ansiando por encontrar uma pessoa que fez parte do meu passado e que espero que não me odeie.

Meus pais foram me encontrar no aeroporto e viemos juntos para casa, que ainda fica no mesmo endereço. Entrei segurando as malas que quase caíram dos meus braços, fiquei admirada em como a minha casa havia mudado um pouco e mesmo assim ainda parecia ser a mesma.

— Fizemos algumas reformas. — disse minha mãe que apontou para que meu pai ajudasse com as malas.

— Eu senti tanta falta de estar aqui. — meus olhos encheram de lágrimas.

— O importante é que agora você está de volta, meu amor. — ela fechou a porta atrás de si e me chamou para ir até a cozinha.

Realmente foram feitas algumas reformas, mas a casa ainda possuía muitos dos detalhes de antes.

— Senta filha, vou preparar um lanchinho. Você deve estar com fome, não é? — disse indo até o fogão.

Sentei-me em uma das cadeiras e continuei a olhar com atenção cada detalhe.

— Seu pai achou que uma reforma faria bem, para dar um ar de novo. — minha mãe disse quebrando o silêncio que havia ali.

— Eu gostei. — disse apenas.

— Então, como foi passar todo esse tempo em Nova York? Já está com saudades de lá?

— Foi desafiador, porém ótimo. Sinto pouco, mas estava com mais saudade da minha casa.

— Entendo, imagino que também tenha sentido falta dos seus amigos e… — ela abandonou a frase.

— Sei bem de quem a senhora iria falar.

— Acabei esquecendo do que você me contou.

— Mãe, tudo bem. Parece loucura, mas eu quero muito ver o Christopher agora que estou de volta.

— Tem certeza? — perguntou surpresa.

— Tenho, não consegui parar de pensar nele um só segundo em todo esse tempo.

— Não te culpo por isso. O amor faz essas coisas com a gente mesmo. — colocou sobre a mesa um bolo e sanduíches junto de uma jarra de suco.

— A senhora viu ele alguma vez? — perguntei enquanto me servia de um copo de suco.

— Só uma e foi poucos meses depois que você saiu daqui, ele parecia triste. — partiu um pedaço do bolo e colocou em um prato.

— Acho que foi bem na época que terminamos. — mordi o lábio ao lembrar daquele dia.

— Provavelmente, o encontrei algumas vezes quando fui ao mercado e ele sempre acabava perguntando por você em algum momento.

— Sério? — senti meu coração acelerar.

— Sim, ele parecia desesperado por notícias suas e depois ele simplesmente parou de perguntar.

— Eu acho que ele me odeia, mãe.

— Que bobagem, Dulce. Por que você pensa isso?

— Eu o magoei, ele deve me odiar por isso.

— Eu duvido muito, ele sempre foi apaixonado por você e isso é recíproco. Não é?

— Não sei, já se passaram tantos anos que talvez ele nem sinta mais o mesmo.

— Isso não temos como saber aqui conversando, mas acredito que um amor assim não se esquece de uma hora pra outra. Se vocês tiverem que ter outra chance, terão! — tocou minha mão e sorriu.

Eu queria muito acreditar que o destino nos daria novamente uma chance de retornar de onde paramos, pensar nessa ideia me deixa com um certo nervosismo. Principalmente com a possibilidade de vê-lo novamente após tantos anos, penso em como ele deve estar, o que fez da vida e se ainda sente algo ou pensa em mim, como eu penso nele.

Difícil saber, mas mesmo com receio irei em busca de encontrar ele novamente e tentar resolver tudo o que aconteceu. Não somos mais namorados, mas sinto que as coisas acabaram ficando mal entendidas naquela época e eu não posso continuar sem fazer algo a respeito quando sei que estou tão perto dele nesse momento.

Só o fato dele ter demonstrado interesse em querer saber de mim mesmo após terminamos, já mostra que ele se importava. Assim como eu, ele não deixou de pensar um só segundo em mim.

Me dói tanto lembrar de tudo que tive que dizer a ele, acabei falando coisas que eu nem sentia. Tudo porque acabei ficando com raiva, acredito que nós dois tenhamos falados coisas que não queríamos naquele momento e depois eu me arrependi amargamente de ter feito o que fiz.

— Dulce? — disse minha mãe me chamando algumas vezes.

— Oi! Desculpa mãe, estava pensando.

— Nele, certo? Meu amor, não se preocupe. Estarei aqui torcendo que vocês se entendam e dê tudo certo!

— Eu também. — sorri fraco.

Estava me precipitando por querer que as coisas dessem certo? Existe uma grande possibilidade do Christopher não querer mais saber de mim, de ter me esquecido e não fazer questão alguma.

E pensar nessa possibilidade me machuca, pois nunca imaginei ele deixando de me amar. O mesmo vale pra mim, pois o amo com todo meu coração mesmo depois de tanto tempo.

Sei que as coisas podem não acontecer como eu espero, mas não adianta me torturar. Só saberei quando vê-lo e conversarmos pessoalmente.

Tenho certeza que ele ficará surpreso assim como eu, se passaram nove anos que mais parecem uma eternidade. Eu não voltei antes por falta de coragem, a minha vontade era de ter voltado imediatamente sem pensar duas vezes.

Eu mudei muito, mas os meus sentimentos por ele permanecem exatamente iguais. Nenhuma outra vez em minha vida, me imaginei sem amá-lo e isso continua até hoje. Espero que ele sinta pelo menos um pouco disso, por todos os anos que passamos juntos e pelo o que sentimos um pelo outro. Não tenho dúvidas de que ainda exista algum sentimento, por mais que tenham acontecido todas aquelas coisas.

Fighting for Love (Vondy)Onde histórias criam vida. Descubra agora