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CHRISTOPHER UCKERMANN 📜

A minha surpresa foi muito grande pois assim que chegamos no quarto de hóspedes, lá estava a minha irmã que eu não via há alguns anos. Claire é a minha irmã mais velha, ela nunca soltou a minha mão em momento algum, esteve ao meu lado sempre que precisei. Brigávamos como a maioria dos irmãos, mas eu sempre tive a certeza de que poderia contar com ela. Desde de que teve que ir embora para construir uma nova vida, eu senti a sua falta como imaginei que sentia no momento em que ela precisou ir.

Demos um abraço muito forte, naquele momento me senti como nos velhos tempos em que ela me levava para a escola ou me abraçava quando eu ficava com medo depois de assistir filmes de terror com meus amigos escondido dela e da minha mãe. Foi reconfortante tê-la ao meu lado novamente e saber que a nossa conexão permanece a mesma mesmo depois de um tempo.

— Senta aqui que eu quero conversar com você. — ela disse e eu sentei na cama de frente para ela.

— Eu vou deixar vocês conversando, qualquer coisa estou lá embaixo. — disse minha mãe fechando a porta logo em seguida.

Ficamos apenas nós dois sozinhos no quarto, ela me olhou com carinho e logo sorriu para mim.

— Eu não sei por onde começar, aconteceram tantas coisas desde de que você foi e… — me interrompeu.

— Você pode me contar sobre o que quiser, por exemplo. A mamãe me disse que você tem uma loja de motos e recentemente foi a um evento.

— Tenho sim, trabalho com alguns parceiros e amigos. Fui para esse evento, mas preferia ter ficado em casa.

— Eu conheço essa cara, pode me contar o que aconteceu.

Contei para ela com todos os detalhes o que houve há alguns meses atrás e o que aconteceu depois do evento, ela sempre soube sobre Dulce, então eu poupei qualquer enrolação sobre esse assunto em específico. Eu me abri da forma que só sabia fazer quando estava conversando com ela, minha irmã que me entende como ninguém.

E ela obviamente me compreendeu e eu sabia que mais cedo ou mais tarde viria um sermão.

— Não acredito! Deveria ter escutado ela sim, me lembro como se fosse ontem você apaixonado e não parava de falar dela um só segundo.

— Foi antes dela ter feito o que fez.

— Todo mundo merece uma segunda chance e inclusive o perdão, eu conheço você e sei que o meu irmão é compreensivo e um bom ouvinte.

— Eu não sou mais assim, naquela época era ingênuo e não tinha noção das coisas.

— Você sempre foi muito amoroso, como o nosso pai. Eu sei que aí dentro ainda existe essa parte tão importante da sua personalidade, deixa que isso saia e dê uma segunda chance pra Dulce.

— Acho melhor não mexer mais nesse assunto, eu não consigo ter uma conversa sem que perca completamente o controle das minhas palavras.

— É óbvio que você ainda está magoado pelo o que aconteceu, mas não pode deixar isso te impedir de fazer o que é certo. Sei que no seu coração existe uma vontade enorme de ouvir e entender o que ela fez, precisa aceitar isso.

— Eu senti tanta falta dos seus conselhos, das nossas conversas diárias. Mas eu sinto que não posso irmã, me machuca lembrar de tudo.

— Você tem que superar o que houve, não vai te fazer bem ficar remoendo o que já passou.

— Só queria que as coisas voltassem a ser como antes.

— Você sabe o que não adianta apenas querer, tem que fazer acontecer.

Ela me abraçou novamente e naquele momento suas palavras permaneceram fortes em minha mente, o seu apoio e cuidado ainda é o mesmo.

— Bom, vamos falar de você. Por que demorou tanto pra voltar para casa? — perguntei.

— Eu concluí a faculdade e fiz muitos cursos depois disso, conheci um cara e… — alguém abriu a porta justo quando ela ia falar.

— Olha quem chegou. — disse um homem que segurava uma criança e logo atrás minha mãe apareceu empurrando um carrinho de bebê.

— Quem é? — perguntei surpreso.

— Era justamente o que eu ia te contar antes deles chegarem, essa é sua sobrinha Emma. — a pegou no colo e levou até mim para que eu a segurasse.

— Então, quer dizer que eu sou tio? — perguntei e a olhei com carinho.

— Isso mesmo, ela tem só cinco meses. — sorriu para mim admirada.

— Eu já sou avó. — disse minha mãe em um tom engraçado e rimos juntos.

— Ah, e esse é o Alex. Pai da Emma. — disse Claire e ele acenou para mim amigavelmente.

— Muito prazer Christopher, a Claire falou muito de você. — sorriu e eu dei um pequeno aperto de mão.

— O prazer é meu, estou muito feliz por saber que tenho uma sobrinha que por sinal é muito parecida com o tio. Já viram isso? — arranquei sorrisos de todos que estavam ali.

— Convencido, ela se parece comigo e você é a minha cara. — disse Claire se gabando.

— Vamos deixar esse motivo por enquanto. — comentei.

E por um momento eu esqueci de todas as coisas que estavam em minha cabeça, observar aqueles olhinhos com um brilho tão único e o pequeno sorriso de quem ainda não tinha nenhum dente. Me fizeram pensar diferente e enxergar a vida de outra maneira a partir dali, eu senti que poderia fazer qualquer coisa para mudar como me sinto atualmente e principalmente rever minhas atitudes.

Minha irmã diante dos meus olhos com uma filha e alguém que também é responsável por essa criança, minha mãe do outro lado com um sorriso enorme admirando todos juntos ali. Fiquei muito pensativo ao lidar com essa situação, só pensei no quanto seria importante estar presente na vida de Emma até ela se tornar adulta como nós.

Alguém tão pequeno com uma noção mínima do mundo a sua volta, mas parecendo tão feliz de estar com pessoas que a amam ao seu lado.

Fighting for Love (Vondy)Onde histórias criam vida. Descubra agora