delicate (tamber)

28.

Tara
Carpenter

Se eu pensei um dia que as coisas não poderiam piorar, eu definitivamente estava errada.

Sendo bem sincera, não pensei que chegaria a esse ponto. Enfim, cá estamos nós.

— Tara Carpenter? — Uma das recepcionistas chamou pelo meu nome.

Me levantei, com os meus dedos vermelhos por terem sido pressionados contra aquela cadeira da recepção. — Sou eu. — Respirei fundo, pronta para lidar com alguma péssima notícia.

Na realidade, eu não estava nada pronta para lidar com qualquer coisa. Minha cabeça estava explodindo, meu corpo extremamente fraco e quase dominado pelo cansaço, meu coração apertado e um vazio incomum dentro de mim.

— Você é a acompanhante de Amber Freeman, certo? Ela está na sala sete. — Falou a mulher, me encarando de um jeito estranho.

Por um momento, parecia que seus olhos transmitiam pena por mim. Agarrei o bolso da minha calça, sentindo a bombinha fazendo volume do lado.

Caminhei para o corredor, passando pelas janelas das salas, vendo alguns pacientes enquanto isso. Chegando na sala sete, simplesmente travei.

Mesmo que eu tentasse, nenhum movimento era realizado. Meu corpo ficou parado, assim como um estado de choque. Eu queria mexer a minha mão, pegar na maçaneta e entrar, mas eu não conseguia.

Talvez, mas só talvez, eu não quisesse encarar a realidade, bater de frente com o que aconteceu com Amber. Apesar de tudo, foi culpa minha.

— Tara! — Escutei uma voz soltar como um alívio, parecendo mais calma por ter me visto igual um robô na frente da porta.

Me virei brevemente para olhar de quem pertencia a tal voz, e então, vi os meus amigos no corredor.

— Você está bem?! — Wes foi o primeiro a se aproximar, me enrolando em seus braços.

Mindy e Anika estavam exalando preocupação, sem desgrudar os olhos de mim, parecendo que eu poderia quebrar a qualquer momento.

Bom, sendo realista, eu estava quebrada faz tempo.

Mais distante, observei Blake se afastando de Quinn, como se a ruiva fosse contaminar alguém apenas encostando.

— Eu disse para não me tocar! — Blake disse alto, encolhendo os ombros.

— Por favor, só escute — Quinn tentou chegar perto novamente.

As duas apenas pararam com a discussão quando notaram que eu estava assistindo esse tempo todo.

— Tara, ei — Blake acenou — Você está bem? O que aconteceu?

— É muita coisa para explicar — Comecei a brincar com meus dedos, costume para o nervosismo.

Todos nós saímos do hospital por um instante, apenas para eu contar a história em particular e sem ninguém de fora escutar. Acabei revelando tudo, do início ao fim, todo o drama e complicações com a minha mãe.

Recebi caras e bocas surpresas, até mesmo assustadas após ouvirem as coisas surpreendentes. De certa forma, contar em voz alta que minha mãe estava na delegacia, foi um alívio.

— Eu sinto muito por tudo isso — Mindy me olhou triste. — Amber está bem, certo?

— Está tudo bem com ela — Afirmei, sentindo meu coração apertar novamente depois de terem tocado em seu nome.

Minhas costas pesavam de uma forma absurda, carregando a culpa por tudo isso ter acontecido. Então, eu caí na realidade que poderia ter estragado tudo na vida de Amber.