delicate (tamber)

06.

Amber
Freeman

Mesmo que tenha passado dois dias, eu ainda acordo com aquele beijo na minha cabeça.

Não, eu não falei para Tara e realmente não sei quando vou contar para ela que a garota que ela beijou na festa de Halloween é a pessoa que ela mais odeia.

Me levantei, sentindo o sono quase me arrastando para a cama novamente. Olhei o meu celular, vendo que finalmente estava no horário e não chegaria atrasada, eu acho.

O apartamento estava totalmente silencioso, sem o cheirinho do café, sem o barulho do chuveiro, e então, presumi que Tara saiu mais cedo.

Apenas me arrumei sem pressa, quase cochilando em pé. Deixei o apartamento cinco minutos antes da aula e finalmente caminhei para a faculdade.

Cheguei em ponto, entrando na sala e vendo Tara em uma das cadeiras. Passei por ela, sem dizer nada, às vezes podíamos agir igual estranhas.

Me sentei no fundo, onde costumo ficar sempre. O sono se fez presente e só piorou quando a professora disse as primeiras palavras naquela sala.

Estava quase dormindo, quando meu celular vibrou e me fez despertar um pouco.

mindy gêmea engraçada
Eii.
A mãe de Wes não está em casa por hoje.
Planejamos uma noite com o pessoal.
Você vai, né?

amber f.
Acho que sim.

Desliguei o celular e tentei o meu melhor para não cochilar no meio da aula. Meus olhos pareciam tão pesados, quase uma missão impossível.

Passei a aula inteira assim, até finalmente acabar e ir para os corredores. Me apoiei em uma das paredes e cruzei meus braços.

Apenas despertei de verdade quando escutei o barulho de algo batendo bem forte perto de mim, como algum caderno de capa grossa.

Obviamente me assustei e virei rápido para o lado, vendo Tara realmente segurando um caderno.

— O que foi?! — Perguntei confusa, sem entender o motivo dela ter feito isso.

Tara me olhou, provavelmente me julgando bastante por dentro. — Que horas foi dormir ontem?

— Por que? Eu fui cedo!

— Porque você estava dormindo no corredor.

— E o que tem? Não é da sua conta, me deixe dormir em paz — Resmunguei, me afastando.

— Você é realmente insuportável — Tara revirou os olhos.

— Você vai mais tarde na casa do Wesley? — Apenas ignorei o insulto dela.

— Se eu conseguir ir, ainda estou sem meu carro — Tara ajeitou a alça da mochila em seu ombro.

— Não tem problema, Blake pode levar nós duas — Dei de ombros.

— Hum, tá bom. Então, eu infelizmente te vejo mais tarde — Tara se afastou.

O resto do dia passou rápido, assim como as aulas. O horário marcado para ir até a casa de Wes era sete horas.

Me joguei na minha cama, sentindo meu corpo todo relaxar. Ouvi a porta abrindo e me deparei com Tara entrando e me encarando.

— O que? Vai me beijar? — Perguntei.

— Não, que nojo, Amber!

Apenas ri fraco com o comentário de Tara e continuei olhando para ela.

— Qual é a graça?

— Nada.

— Você não vai se arrumar? Já são seis horas.

— Eu já estou pronta.

Observei ela, pensando se era possível uma mulher tão linda assim existir. Talvez eu esteja sendo muito emocionada, mas ela é realmente maravilhosa.

— Você conhece uma tal de Quinn? É uma ruiva que odeia a Blake — Tara me perguntou, colocando seu casaco.

— Sim, mas eu acho que isso não é ódio não, viu? É só uma implicância boba.

— Quem sabe — Tara virou pra mim e mostrou o seu casaco. — O que acha?

— Nossa, você realmente só veste coisa brega, né? — Brinquei com ela, sorrindo fraco.

— Cale a boca! — Tara se moveu rápido e pegou o travesseiro em sua cama, jogando diretamente no meu rosto.

Vou admitir que doeu um pouco, ela tacou com raiva.

Me levantei e puxei o meu, arremessando em sua cabeça. Tara aproveitou para deitar na cama e colocar seus braços acima do rosto, fazendo um escudo.

Continuei acertando o travesseiro nela e Tara simplesmente me puxou pela blusa, me fazendo cair na cama junto com ela, a diferença é que ela subiu em cima de mim e arrancou o travesseiro da minha mão.

Que coisa clichê da porra.

Ficamos nos encarando em total silêncio, pelo menos a guerra de travesseiros acabou. Tara continuou por cima, até realmente notar o que fez e saiu de cima de mim.

— Enfim, Blake deve estar esperando pela gente — Ela arranhou a garganta e pegou as suas coisas.

Saímos do apartamento sem dizer absolutamente nada uma para a outra, estava desconfortável.

— Oi, queridas! — Blake acenou para nós duas, dentro do seu carro.

— Oi, Blake — Tara entrou na frente, colocando um sorriso no rosto.

Entrei sem dizer nada, apoiando a minha cabeça no banco e cruzando os braços.

— O que foi? — Blake me olhou.

— Nada — Menti, mantendo meu olhar na rua.

— Se você diz — Blake ligou o carro, levando nós duas para a casa de Wes.