Capítulo 4.

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Perseguida pela culpa

O corredor já estava cheio, a professora de português havia faltado, então, são horas há mais para Ryujin dormir.

Bocejou enquanto caminhava lentamente, desviando das garotas que caminhavam ali. Assim que virou o corredor indo para o refeitório, se bateu com Beomgyu.

—-Hum?_ Ryu aproximou o rosto para enxergar melhor, ainda estava sonolenta, mal queria sair da cama, só levantou porque estava com fome.

—Oi, eu estava esperando para irmos para a próxima aula.

–A professora disse que faltaria._ Passou por ele, esse que veio caminhar ao seu lado._ Por que veio até aqui?

—Eu só_ Coçou a cabeça um pouco envergonhado_ Queria te ver.

—Me ver? Por quê?

—Ah...eu..._ Embolou um pouco nas palavras _ Queria te conhecer melhor._ Disse antes dela partir para a fila do café da manhã.

Ryujin não respondeu, achou melhor assim.

Pegou as coisas que queria, colocando de forma desorganizada na bandeja.

Procurou a mesa mais distante e ficou por lá. Beomgyu preparou sua bandeja e foi até ela rapidamente.

—Ei, Yeji!_ A Shin chamou Yeji que deu meia volta ao ver que ela já estava acompanhada_ Yeji!_ Chamou mais uma vez vendo um sorriso travesso nela, como Beomgyu estava ali, ela foi tomar o seu café da manhã com o namorado._ Droga.

—Só vai comer isso?_ Apontou para o café da manhã dela que continha em apenas uma caixinha de leite e cinco biscoitos jogados de qualquer jeito.

—Sem fome._ Ela ficava assim toda vez que chegava perto daquele dia.

—Você normalmente come mais que isso, aconteceu alguma coisa?_ Ficou preocupado de repente.

—Você está reparando no que eu estou comendo?_ Sua voz saiu um pouco estressada, ela agora se lembrava do motivo pelo qual estava tendo esses pesadelos, aquele bendito dia estava chegando.

—Eu perguntei primeiro.

—Não, não aconteceu nada!_ Enfiou um bolacha com agressividade na boca. _ Ela respirou fundo já imaginando o que estava por vir.

—Tudo bem então._ Beomgyu percebeu a garota um pouco nervosa._ Posso...sentar ao seu lado na aula?

—Tá. Tudo bem._ Apesar de tudo, o garoto não tinha culpa de nada, e não faria sentido tratá-lo mal por uma coisa que ele não fez.

—Ryujin!_ Yeji chegou perto da mesa onde vocês estavam._ Cheguei lá no quarto e seu celular estava tocando._ Entregou o telefone para ela.

—Já volto._ Ela saiu correndo para o dormitório assim que viu o nome que apareceu na tela de seu celular.

"Papai".

Fechou a porta e coçou a garganta antes de atender a ligação, suas mãos começaram a suar, estava nervosa e não havia acontecido nada ainda.

—Alô?._ Sua voz vacilou um pouco._ Pai?

—Está feliz?_ Seu tom raivoso no outro lado da linha fez Ryujin se encolher_ Está vivendo bem depois do que você fez?!

—Pai, por favor..._ Estava acontecendo de novo.

—O que você vai fazer agora? Já vão se passar seis anos! Sabe o que senti durante esse tempo? Você só tinha um trabalho para fazer, um trabalho! _ Gritou_ Você estava lá e não fez nada, NADA!

—CHEGA!_ A garota gritou de volta, estava preparada para dizer tudo que estava entalado, e sem perceber, já estava chorando_ Eu me sinto sufocada a cada dia que se passa, eu não consigo dormir sem ter pesadelos e nem estou com vontade de viver! E agora? Está feliz que estou vivendo assim? Estou pagando o preço, não,é?!_ Ele não disse nada, apenas resmungou alguma coisa, o telefone foi tomado de sua mão.

—Minha filha, não ligue pra ele. Os remédios não estão funcionando, eu sint-._ Ryu desligou a chamada para não ouvir mais nada.

Seu pai não a amava, ela sentia isso. Sua infância inteira foi sobre ela ser a culpada de tudo.

Se deitou na cama e começou a chorar.

Começou a bater em seu peito com força, próximo ao coração, a culpa era grande demais para caber ali, faria qualquer coisa para tirar aquela dor.

Seu choro ficou em sintonia com o barulho da chuva forte que caía lá fora.

O ᴛᴇᴍᴘᴏ ᴄᴏᴍ ᴠᴏᴄᴇ̂ | BᴇᴏᴍʀʏᴜOnde histórias criam vida. Descubra agora