Capítulo 9.

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Acreditar que não tem culpa

A sala era aconchegante, as paredes brancas, os quadros minimalistas, Ryujin se encantava com aquela sala, sentia que foi feita especialmente para ela.

—Bom, foi isso que aconteceu. E eu não sei mais o que fazer para acabar com os pesadelos_ Ryujin olhou brevemente a mulher de cabelos longos que anotava tudo que ela dizia.

—E esse Beomgyu? Como você se sente estando perto dele?_ Olhou para a garota, procurando uma resposta.

—É estranho, parece que ele é diferente, eu me sinto de um jeito que não sei explicar, nunca vi uma pessoa assim._ Ela nao podia negar que a aproximação dos dois fez ela pensar muito sobre o porquê ele queria ser tanto seu amigo.

—Você nunca viu uma pessoa assim, ou você nunca viu um garoto assim?_ Ryu não respondeu, ao invés disso, virou os olhos para cima, procurando uma resposta em sua mente._ É o primeiro amigo que você faz? Digo, alguém do sexo masculino?

—Sim.._ Respondeu pensando no que ela acabou de dizer.

—Bem, no seu caso é completamente normal, sua relação com seu pai não é boa. Isso é um jeito de seu cérebro se defender de qualquer pessoa do sexo masculino, mas pelo que vi esse rapaz lhe faz bem._ A Myoi tinha uma voz calma, Ryujin não a via só como sua psicóloga, mas também como um refúgio. Era fato que ela sabia muito mais que sua própria mãe, não por falta de confiança, mas por saber que sua psicóloga não vai julgar, muito menos desprezar seus sentimentos._ Assim que chegar em seu dormitório, quero que você faça uma lista do porquê esse Beomgyu te faz se sentir assim, ou melhor, uma lista de seus pontos positivos em nesse pouco tempo de convivência.

—Por que isso?_ Era estranho pensar que depois de anos vindo se consultar, essa é a primeira vez que o assunto é sobre garotos.

—Quero que você entenda que nem todos os garotos ou homens vão te tratar como seu pai lhe trata, e eu sei que no fundo você tem medo de ter algum tipo de relação com ele, mesmo sendo apenas amizade. Quero que você faça isso.

—Tudo bem, vou fazer isso._ Pontos positivos, isso era fácil, na verdade, seria mais difícil achar pontos negativos  em Choi Beomgyu.

—Sobre os pesadelos._ Passou a página em seu caderno, procurando algo sobre a Shin_ É sempre o dia do acidente, certo?

Era como rotina, mas não tinha como se acostumar, os pesadelos traziam sentimentos ruins, mesmo que sejam os mesmos toda vez.

—Sim, mas no pesadelo me sinto sufocada, parece que tiraram o oxigênio de mim._ As diversas vezes que se sentia assim, eram incontáveis_ Jeemin está sempre lá._ Sua voz falha ao dizer o nome de sua irmã falecida, e seu rosto já estava úmido por conta das lágrimas._ Eu me sinto culpada de certa forma.

—Ryujin_ Entregou alguns lenços para a garota._ Você se sente assim porque fizeram acreditar que você é a culpada, mas você não é, e não é a primeira vez que te digo isso._ Mina segurou as mãos de Ryujin, fazendo ela desviar o olhar da doutora_ Sinto muito por você ter tido uma infância assim, sinto muito mesmo. Por isso estou cuidando de você. Shin Ryujin, olhe para mim._ Pediu, vendo que ela já estava chorando descontroladamente_ Você era apenas uma criança. Sabe quem realmente tem culpa? Aquele motorista que veio com um carro desgovernado, ele sim tem culpa.

—Eu quero acreditar nisso._ Disse com certa dificuldade, seu soluço soou na sala toda_ Juro que quero.

O ᴛᴇᴍᴘᴏ ᴄᴏᴍ ᴠᴏᴄᴇ̂ | BᴇᴏᴍʀʏᴜOnde histórias criam vida. Descubra agora