Capítulo 6.

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Aquele dia em que nevou...

2016, 23/07
01:46 | Madrugada

—Vamos Yuna, tome o remédio!_ O senhor segurava sua filha mais nova que se debatia em seus braços, que fazia birra para não tomar os medicamentos.
Estava com suspeita de pneumonia, teve febre e tosses constantes. A família passou a madrugada acordada de tanta preocupação._ Depois desse ainda tem outro.

—Papai!_ A garota puxava o pai pela camisa, tentando chamar sua atenção._ Vamos brincar!

—Agora não ,Jeemin._ A mulher afastou um pouco a garota para que segurasse os braços da mais nova._Ryujin, leve Jeemin para o quintal._ Sua mãe disse preocupada com a mais nova que não parava de tossir após tomar seu remédio.

Ryu estava vidrada na televisão, passava alguma coisa divertida, a deixava feliz com ficar assistindo, mas ficou chateada por ter que sair dali para cuidar de sua irmã do meio.

A cerca do quintal era baixa, dando a visão da estrada que sempre ficava deserta nesse horário. Ryu, de dez anos, cruzou os braços chateada, tendo que ficar vigiando sua irmã no quintal de casa. Ela poderia estar terminando de assistir o desenho na TV.

—Jeemin, se comporte. Mamãe e papai estão cuidando de Yuna._Mesmo o médico passando os remédios corretos, a menina não melhorava, e Jeemin era uma criança carinhosa e gostava de estar com os pais sempre que pudesse, mas agora ela está triste pois não está tendo a devida atenção que ela queria.

—E você não pode brincar comigo?_ A menina de cabelos longos caminhava pelo quintal, indo até a cerca, próxima à porta._Por favor.

—Não. Não quero. Nem pense em sair!_ Apontou para a garota tentando mostrar alguma autoridade, mas ela não deu ouvidos.

—Vamos brincar com a bola!_ Ela saiu da casa sem aviso._ Vem!

—Jeemin, você não pode sair!_ Ryujin foi ignorada por sua irmã do meio que chutava a bola no meio da rua._ Jeemin!

—Só um pouco, por favor..._ Pediu fazendo uma carinha gentil.

—Não! Eu já disse!

—Deixa de ser chata!_ Ela se virou irada._ Eu vou brincar onde eu quiser!_ Se sentou no chão da rua jogando a bola para cima e para baixo, não se importando onde estava.

—Então tá! Fique ai sozinha!._ Ryujin gritou de volto se virando para entrar em casa.

—Me espera! Aí_ Percebeu que sua irmã a deixaria ali, Jeemin tentou se levantar, mas acabou tropeçando em seu próprio pé._ Ryujin!

—Você é chata,sabia?_ Pegou sua boneca no balanço e subiu dois degraus para entrar em casa. Antes de tocar a maçaneta, seu corpo se encolheu com o enorme estrondo atrás dela.

Tampou seu ouvidos rapidamente, foi um barulho alto, assustador.

Seu corpo não estava preparado para virar, mas ainda sim fez.

Seus olhos se lacrimejaram quando viu o corpo de sua irmã esticado no asfalto. Um carro veio em alta velocidade e atingiu seu corpo, mas covardemente saiu dali em disparada.

—Jeemin?_ Foi a única coisa que saiu de sua boca quando viu o corpo da garota e a poça de sangue no meio da rua._ Jeemin...

—JEEMIN!_ Seu pai saiu de casa ao ouvir o barulho, correu até o corpo de sua filha, mas já era tarde. Seus olhos estavam abertos e tinha uma ferida enorme em sua cabeça, o pequeno corpo continha pequenos arranhões também.

Em poucas horas a polícia, ambulância, e vizinhos estavam se aglomerando na rua naquela madrugada.

Yuna estava dormindo, estava em sono pesado por conta dos remédios.

Seus pais choravam desesperados, e a polícia fazia perguntas a Ryujin, mas ela ficava calada, não sabia o que dizer, estava estática.

A garota nunca irá esquecer o olhar de desespero e tristeza de seus pais naquele dia.

Era para ela ter aceitado brincar com ela, era para dar atenção a irmã. Era para ela ter feito o possivel para deixá-la segura. Mas ficou apenas no "era"...

Naquela madrugada, no mês de julho, nevou como nunca havia nevado.

E em Ryujin também nevou, seu corpo ficou frio como aqueles flocos de neve que caíam do céu.

O ᴛᴇᴍᴘᴏ ᴄᴏᴍ ᴠᴏᴄᴇ̂ | BᴇᴏᴍʀʏᴜOnde histórias criam vida. Descubra agora