—Isso foi diferente do lapso que tive do Saiph.
—Talvez a sua mente apenas crie algo semelhante, o mais próximo que consegue se lembrar daquilo... Como em sonhos talvez?
—Faz sentido.
Estávamos voltando pra casa, Saiph nos seguia voando acima de nós. Quando me lembrei da minha primeira memória aqui, depois de um tempo senti ela ir além, como se fizesse ramificações com outras memórias relacionadas à primeira memória, como se todas fossem voltando aos poucos, mas ainda não conseguia me lembrar dele. Ele nem mesmo tinha se apresentado...
—Ainda não me disse seu nome... —Digo baixo.
Ele parou de andar na mesma hora em que terminei de falar, e então se virou. Assim que nossos olhares se encontraram senti uma tristeza intensa me atingir por alguma razão, ela se foi da mesma forma de chegou, de repente.
—Christopher. Você cost... Pode me chamar de Chris. —Diz sério.
—Eu... Me desculpe se...
(Christopher): Não precisa se desculpar.
O resto do caminho de volta foi em silêncio, exceto pelo som das asas acima de nós. Mas mesmo assim, eu me sentia confortável com os dois, havia algo importante que eu queria me lembrar, mas sabia que se era tão importante quanto uma parte de mim dizia ser, então ele não demoraria pra me ajudar a lembrar. A Ayla abriu a porta no mesmo momento em que nos aproximamos da mansão.
(Ayla): Como... O Saiph está de volta... —Conclui vendo o dragão aterrissando.
(Jeongin): Saiph? —Pergunta saindo da mansão. —O que achou dele? —Pergunta me abraçando. —O que estou perguntando? —Ri. —É claro que você amou ter um dragão.
—É. —Ri. —Ele é um pouco diferente do que me pareceu no lapso. Mas dessa vez eu me lembrei mesmo dele.
(Jeongin): Obrigado. —Agradece ao Chris.
(Christopher): Não precisa agradecer, eu preciso ir. Até.
—Até.
Ele abriu as asas e se lançou no ar antes que alguém dissesse mais alguma coisa.
(Ayla): Como foi?
—Tão incrível quanto da primeira vez. Elas continuam... Vão além, se conectando a outras.
(Jeongin): Se continuar assim, vai se lembrar de tudo em menos de um mês.
(Hyunjin): Entrem. —Diz parando na porta.
Fizemos como ele disse, e então ele fechou a porta. Do lado de dentro podíamos ouvir um som diferente lá fora, não haviam cantos de pássaros como normalmente, nem das árvores... Havia algo diferente de tudo que eu me lembrava de ouvir, algo que despertava pânico dentro de mim, mesmo que eu não tivesse a mínima noção do que poderia ser. Os três se entreolharam, e fizeram sinais, movimentaram suas mãos e então espadas apareceram nas mãos do Hyun, adagas nas da Ayla, e um arco grande e dourado nas mãos do Jeongin...
O que quer que estivesse lá fora era uma ameaça, e aparentemente não qualquer uma. Um som soou de dentro da casa, enviando uma onda elétrica de adrenalina por todo o meu corpo.
(Christopher): Tire ela daqui, agora. —Diz chegando na sala onde estávamos.
(Hyunjin): Vamos. —Assim que ele segurou a minha mão, eu não vi mais nada.
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Hyunjin
Ela não precisava ver nada daquilo, então era melhor estar dormindo enquanto eu a tirava de lá antes que a vissem. Não seria difícil tirar as impressões dela da mansão, o Chris podia fazer isso em segundos, mas talvez a força do encanto não fosse forte o suficiente pra protegê-la, enquanto ele usava a maior parte do poder tentando lutar contra o bichinho de estimação do Klark. E não íamos arriscar.
Se aquela serpente estava ali, seu mestre não podia estar longe. Enquanto observava ela dormir, sentia meus instintos abertos, aguçados, procurando possíveis riscos ao redor da mansão. Ela não devia estar aqui, esse lugar tinha memórias demais, e se isso despertasse algo nela, se a fizesse mal eu não saberia o que fazer, mas não tinha outro lugar, eu não podia levar ela pro palácio, e somente nós conhecíamos essa mansão... Ela estaria segura deles, e eu só esperava que ela estivesse segura de sua própria mente também.
Horas se passaram e eu ouvi alguém se aproximar, pelos passos eu não precisava me preocupar. Eles estavam bem. Ele abriu a porta e então eles entraram.
(Christopher): Hyunjin? —Chama do andar de baixo.
Me levantei da poltrona e saí do quarto a deixando ainda dormindo e desci as escadas.
—Ele estava lá, não estava?
(Christopher): Estava.
—Ele sabe dela?
(Christopher): Ainda não. Mas eu diria que suspeita, ele não teria vindo até aqui se não suspeitasse.
—Como?
(Christopher): Mesmo com Reinos separados, eles têm olhos em toda parte. Só precisamos encontrar os traidores e torná-los exemplos.
(Ayla): Não pode estar falando sério.
(Christopher): Por que não estaria? Ele podia ter matado ela, e ele ainda não está longe disso.
(Jeongin): Temos que tirar ela daqui, temos que levar ela de volta antes que isso aconteça de novo. Não sabemos se vamos ter tempo suficiente pra tirá-la de risco.
(Christopher): E como mandamos ela embora? Temos que rastrear onde está a saída pro mundo mortal, ela mudou de lugar várias vezes desde que ela chegou, e dependendo de onde esteja teríamos que passar por um dos reinos, se não todos. Achei que íamos deixar ela decidir, e era por isso que estamos trazendo de volta suas memórias.
—Sabemos. Mas não queremos que ela morra antes disso.
(Ayla): Sabíamos que teríamos que lidar com isso.
(Christopher): Eu vou estabelecer limites. De novo, e esse vai ser meu último aviso. Eles não podem entrar no meu reino sem um aviso e sair por aí como se fossem os proprietários.
(Jeongin): E como vai fazer isso sem provocar uma guerra?
(Christopher): Eles fizeram o suficiente pra provocar uma guerra sem a minha ajuda. Eles entraram no meu reino, andaram por aí pensando que eu não iria saber.
—Nós entendemos o quanto eles foram inconvenientes.
(Christopher): E está na hora de uma lição.
(Ayla): Então... O que fazemos?
(Christopher): Eu vou organizar uma reunião, e deixar claro que as nossas fronteiras não são invisíveis ou irrelevantes pra serem ignoradas. Se ouvirem e acatarem as instruções, vocês estão livres para ir a qualquer lugar do Reino sem riscos, se não, não haverá gentileza ou avisos.
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Locked Memories
FanfictionE se a vida que você vive, a forma como vê o mundo, não fossem o que você pensa? E se o mundo que você conhece não fosse a única coisa que conheceu durante a vida? E se tudo que você acredita e toma como verdade, só fosse assim por uma ilusão criada...