Capítulo 16

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    Eu sabia que podia aguentar mais, bem, pelo menos meu corpo conseguiria, mesmo que a minha mente gritasse pra que eu parasse. Eu segurava as espadas como costumava fazer, e só consegui fazer isso depois de dias treinando com uma de cada vez, me reacostumando ao peso delas somado ao meu.

(Ayla): Okay, pausa.

—Por que?

(Ayla): Por que mesmo que você consiga ir mais longe, eu não vou forçar a sua mente. Até porque um cansaço mental é pior do que um físico.

—Oh, okay.

(Ayla): Mas não se acostume com isso, vamos aumentar a carga a cada dia. Vai estar até melhor do que antes em pouco tempo.

—Isso seria satisfatório.

(Ayla): Vai ser. —Sorri. —Agora vamos voltar, tenho certeza de que tem alguém te esperando em casa.

—Senti tanta falta disso. —Digo entrelaçando meu braço ao dela.

(Ayla): Eu também. Sinceramente, eu pensei que não voltaria...

—Até parece que não me conhece.

(Ayla): É que não estava sozinha.

—É, eu tinha três babás.

(Ayla): Claro que eles não iam te segurar. —Ri.

   Ela parou de rir repentinamente, seu olhar mudou, suas pupilas se fecharam quase que instantaneamente, ela voltou seu olhar ao nosso redor, procurando por algo, ela estava em alerta e eu não conseguia imaginar o que poderia estar vindo, mas sabia que não seria algo pequeno. Eu podia sentir algo na vibração do solo, algo diferente de quando cheguei.

—Ay?

(Ayla): Não dá tempo de fugir... Denebola está aqui.

—A cobra do Klark?!

(Ayla): Fica atrás de mim.

—Ayla...

(Ayla): Eu tenho certeza de que ele já sentiu e deve estar vindo, vamos só... Esperar.

   Eu já podia ver, cada uma das escamas, cada uma das presas, seus olhos, e principalmente sua marca vermelha que se destacava sobre sua pele branca. A marca parecia pintada com puro sangue, e eu não duvidava que pudesse ser. Ela passava pelas árvores sem problema algum graças ao seu tamanho, que na maior parte das vezes superava as árvores pela qual passava, parecia se divertir com tudo aquilo, e se ela estava ali... Seu tutor não estaria tão longe.

   Quando estava a poucos metros de nós, ela pareceu se encolher... Estava se preparando pra atacar. Seus olhos não passavam de riscos alaranjados se destacando de forma assustadora, ela permaneceu parada por poucos segundos, até que finalmente se lançou em nossa direção, as presas grandes e brilhantes sendo projetadas em expectativa, suas pupilas já quase invisíveis de tão finas. 

   Ayla empunhou sua espada com mais firmeza, firmou seus pés ao chão e se preparou para atacar, o poder que irradiava dela era palpável e parecia cada vez mais forte á medida que a serpente se aproximava. Ela se estendeu sobre nós quase utilizando toda sua extensão como se pudesse ficar de pé, não podíamos atacar primeiro, isso seria começar uma guerra. Embora eu tivesse consciência de que a guerra era inevitável a essa altura. 

   E então ela atacou, mas não rápida o suficiente para a defesa da feérica, a espada presa e pressionada entre as extensas presas, ela mantinha a pressão na lâmina segurando todo peso do animal nos braços, ela empurrou a cobra ao chão quebrando uma das presas e cortando um pouco dos cantos da boca do animal, o que a fez se contorcer em desespero e irritação. 

Locked MemoriesOnde histórias criam vida. Descubra agora