Capítulo 13

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   Klark 

   Algo estava acontecendo, algo que não devia estar acontecendo. Eu sentia isso como uma faca sendo golpeada entre as vísceras da própria Asfhymor. E eu seria o único a resolver isso. 

—O que estou dizendo, é que há algo errado. Algo maior do que a última vez, não sentem isso? Parece que a terra sob nossos pés está mudando.

(Erin): Está nos dizendo, que nos reuniu aqui pra falar sobre algo que nem mesmo tem certeza sobre o que é? Ora vamos, Asfhymor muda suas saídas á todo momento, é óbvio que está mudando sob nossos pés. 

—Ainda não sei o que é, mas estou perto de descobrir, e tem algo com o nosso reizinho. Aquele garoto está escondendo algo. 

(Halux): O que foi que você fez Klark?

—Como eu disse, eu senti que algo estava errado, e sempre que temos um problema, ele vem do sul. Então eu fui investigar o que estamos enfrentando dessa vez. 

(Halux): E me deixe adivinhar, você nem mesmo o contatou para que ele permitisse a sua entrada no Reino. —Revira os olhos. —Klark, Christopher é o Rei supremo de Asfhymor, ele é Rei sobre todos nós, você sabe disso. Ele foi escolhido pela própria Asfhymor, escolhido pelo nosso mundo, nosso lar. E você ousou desrespeitá-lo novamente, devo te lembrar que isso lhe custará mais do que você possa imaginar. 

—Custe o que custar. Afinal, mesmo que ele tenha sido... escolhido... Asfhymor pode estar em risco por culpa dele. 

(Erin): Já que é assim, o que descobriu na sua tal investigação?

—Denebola sentiu sangue humano em uma das mansões da floresta. 

(Halux): Levou sua cobra de estimação? Você nem ao menos foi discreto?!

—Eu precisava ter certeza, e bem... Suponho que aquela humana esteja de volta. 

(Erin): Precisamos de provas Klark, não vamos trabalhar com suposições. 

(Halux): Faça isso da forma certa dessa vez. Seja ao menos maduro e prudente, o Rei que devia ser. Ao menos deveria agir como um. 

—Que seja! Quando eu tiver provas, vocês verão. E então vão me ajudar na execução dela. 

(Erin): Se é que isso é real. —Suspira. 

(Halux): Eu já vi como isso acaba. 

—Vocês verão. Todos vocês verão! 

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S/N

—Onde elas estão? 

(Christopher): Elas?

—Minhas espadas. Sol e Mane. —Sorri ao ter consciência de poder me lembrar de seus nomes.

(Hyunjin): Ayla as guardou, antes de você voltar elas estavam no seu quarto, mas... Bem... As tiramos de lá por não saber como reagiria a vê-las ali, já que elas eram tão importantes pra você, pensamos que desencadeariam algo, talvez memórias fortes demais. Talvez informações demais. De quanto conseguiu se lembrar?

—Acredito... Que quase tudo.

(Christopher): Até onde?

—Até a descoberta dos reis sobre mim. 

(Christopher): Entendi. 

(Hyunjin): Está indo muito bem. Vem, podemos pedir pra Ayla trazer suas espadas quando ela chegar. 

—Eles estão bem?

(Christopher): Com certeza, acho que não sabíamos que estávamos em casa. Assim que viram a Ayla voltaram pra de onde vieram. Bem, eu preciso ir preciso convocar o conselho e conversar sobre o que houve, e principalmente, saber o que o Klark estava fazendo tão longe de suas fronteiras. 

(Hyunjin): Não faça nada precipitado. 

(Christopher): Bem, seja como  for, eles começaram isso. Eu vou apenas encerrar. —Diz antes de sair do quarto. 

   Ele estava claramente irritado com o que aconteceu, e eu não o culpava, desde que me lembro os outros reinos não levavam seu reinado á sério, mesmo que ele tentasse provar que era o escolhido por Asfhymor. Isso ainda me irrita na verdade, pelo que me contaram da última vez em que estive aqui, quando o último Rei de Asfhymor libertou sua alma do mundo físico, toda a Asfhymor sentiu sua perda. 

    E por um tempo houve um silêncio sufocante em toda ela, as árvores não cantavam mais, nem os pássaros, as águas pararam de correr por rios e cachoeiras e não brilhavam mais, as flores não brotavam e tudo parecia cinza. Tudo isso durou pelo tempo de luto de Asfhymor. E então aconteceu, disseram que por todo o reino uma voz forte, como muitas vozes soou pela terra, chamando por ele, pelo vento, pela água, pela luz, as árvores, os pássaros, até mesmo as menores fadas. 

   Depois da coroação, Asfhymor voltou á vida, ascendeu suas luzes, pintou suas cores, entoou seus cantos e baladas e dessa vez estava mais forte, mais vibrante, completa. Não haviam dúvidas, mas mesmo assim... Não parece ter sido suficiente. 

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Jeongin

—Não pisamos nessa parte da floresta há meses. 

(Ayla): Eu sei, mas era estranho estar aqui sem ela, e agora esse é o lugar mais seguro pra ela... Mesmo com tudo que pode acontecer. 

—E se já acordaram ela?

(Ayla): Eles não são loucos de fazer isso com ela lá dentro Innie. 

—Acha mesmo? Vindo daqueles dois eu tenho quase certeza de que fizeram algo extremamente arriscado. 

(Ayla): Eu estava tentando me convencer de que não, devo te agradecer por tirar minha ilusão de paz?

—Faça como quiser, acho melhor irmos mais rápido. 

   Em alguns minutos estávamos de volta em casa, dessa vez de verdade. Assim que entramos, ouvimos a risada dela vindo da cozinha, seguimos até lá encontrando ela e o Hyun brincando como crianças enquanto ela fazia cookies e ele tentava ajudar. Algo aconteceu. 

—O que houve?

(S/N): Raposo... —Seus olhos brilharam pelas lágrimas que se acumulavam ali, me deixando ainda mais aflito. 

(Ayla): Hyun?

(Hyunjin): Ela se lembrou. —Sorri.

—Como?

(S/N): Eu não sei explicar como exatamente, mas me lembrei do quarto onde estava e aquela memória foi se ramificando, mais do que as anteriores... Eu me lembro de quase tudo ao que parece. 

(Ayla): Até onde?

(S/N): Até ter sido encontrada pelo Klark. 

   Eu não sabia o que dizer, pareciam ser tantas coisas que estavam presas entre a minha linha de pensamento e a minha garganta, que tudo que eu consegui de fato fazer foi abraçar ela como se jamais pudesse soltar. Ela tinha conseguido, ela estava sorrindo de novo, aquele sorriso genuíno e alegre do qual sentia falta. Ela estava de volta, completamente dessa vez. Ela finalmente estava bem, faltava pouco pra se lembrar de tudo, mas já tinha ido tão longe, já tinha me orgulhado tanto.

—Você conseguiu, você é meu orgulho pequena. 

Locked MemoriesOnde histórias criam vida. Descubra agora