Capítulo 14

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S/N

   Aos poucos eu me sentia voltar, e com isso uma coisa se conectou na minha mente.

—Hyun? —Chamo o fazendo olhar pra mim. —Você também estava lá, não estava?

   Ele soltou o cookie no prato e voltou toda sua atenção pra mim.

(Hyunjin): Sim.

   Então todas as vezes que eu não conseguia dormir, todas as vezes que sentia que não estava sozinha, que sentia algo familiar demais mas não conseguia entender a razão pra tudo aquilo... Era por causa dele.

—Obrigada. —Agradeço o abraçando.

(Hyunjin): Não precisa agradecer, eu prometi que não ia te deixar nunca. Afinal, você é minha irmãzinha. —Diz bagunçando meu cabelo.

   Eu odiava quando ele fazia isso, mas eu senti tanta falta disso.

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   Minhas espadas eram exatamente como eu me lembrava, o mesmo peso, o mesmo brilho todas as vezes que eu as tocava. Dessa vez elas pareciam pesadas como da primeira vez em que as peguei, isso porque havia passado meses sem treinar com elas.

(Ayla): Se lembra de como usá-las?

—Base ampla, e distribuir a força da forma certa, não atacar apenas com os braços mas com todo o corpo. Sim. —Sorri.

(Ayla): Sendo assim, só precisamos melhorar seu condicionamento físico. Mas podemos deixar isso pra amanhã. —Diz antes de sair do quarto.

   A segui pelas escadas e descemos até a sala de jantar, o Raposo e o Hyun tinham saído cedo indo até a Mansão Ennik, enquanto eu me arrumava ela tinha feito o café da manhã, e pegado minhas espadas pra mim. Chegando na sala de jantar, a mesa estava posta com bolinhos, sanduíches, frutas e uma chaleira no centro. Nos sentamos e eu pude ver tudo melhor.

   A chaleira estava ao lado do meu prato, uma bebida reluzente esfriava na caneca, quando digo reluzente não era porque ela refletia alguma luz do ambiente, mas ela mesma brilhava. O cheiro era tão bom quanto eu me lembrava, chá de Lummis. O chá era feito com folhas da árvore Lummis, ela era diferente das outras árvores de Asfhymor, ela não cantava nem mesmo falava, mas era maior do que qualquer outra, elas conseguiam iluminar quase toda a floresta com suas folhas.

   Elas também perfumavam a floresta ao redor delas, por mais que sua árvore fosse imensa, suas folhas eram como quaisquer outras, não maior do que a palma da mão. O chá tinha propriedades calmantes e tinha um gosto suave e tão agradável que era impossível de se esquecer... Ou quase impossível.

—Obrigada. —Digo assim que pego a xícara.

(Ayla): Pelo que? —Pergunta afastando a xícara da boca.

—Por cuidar de mim sempre.

(Ayla): Ora, somos amigas. E você está claramente ansiosa com alguma coisa. —Afirma cerrando seus olhos. —Quer falar sobre?

—Acho que eu devia ter ficado em casa.

(Ayla): Por que?

—Se eu tivesse ficado, vocês não estariam correndo nenhum risco.

(Ayla): Até parece que não nos conhece, é claro que estaríamos correndo riscos. —Ri fraco. —Não se culpe por isso, e além do mais, o Chris já está resolvendo o caso da invasão.

—Mas não haveria uma invasão se não fosse por mim.

(Ayla): Até parece que o Klark ficaria em seu próprio reino. Você sabe como ele é...

   Seu olhar ficou sombrio ao mencionar o Rei de Asdry. Quando nos conhecemos, a Ayla tinha barreiras imensas, não foi fácil sermos amigas ela sempre se mostrava intocável e distante, e na maior parte das vezes me assustava. Quando finalmente começou a confiar em mim, ela me contou a razão de ser assim. A Ayla não era uma feérica comum, ela era algo mais antigo e mais forte, que recebeu permissão pra morar em Asfhymor, mas era constantemente caçada.

   Um dos Reis da época, Klark havia dado a ordem pra que olhassem por todos os reinos a procura dela, ele queria a cabeça dela como prêmio. Quando a pegaram ela foi torturada, e se não tivesse lutado eles a teriam queimado. Durante muito tempo ela fugiu, mas naquela noite, ela lutou e fez com que cada um dos que a feriram pagassem, mas não foi o suficiente. Klark foi o primeiro a fugir quando os poderes irradiaram dela. Ela ainda carrega as cicatrizes que conquistou naquela noite, ela prometeu que jamais fugiria novamente e cumpre a promessa há séculos desde então.

(Ayla): Você não precisa se preocupar com isso, não mesmo. Nós amamos você, e você sabe que faríamos tudo por você. Nós vamos pensar em algo, e vai dar tudo certo.

—É tudo que eu mais quero.

   Batidas na porta nos colocaram de pé e em alerta, ela seguiu o caminho até a entrada. Os meninos não bateriam... Tentei ouvir quem poderia ser pelas vozes, mas eu não conseguia me concentrar o suficiente, estava nervosa demais pra isso. Logo a porta foi fechada e a Ayla voltou a sala de jantar acompanhada, me senti relaxar e então voltei a me sentar.

—Você nem mesmo precisava bater, Seung.

(Ayla): Ele prefere nos matar do coração.

(Seungmin): Como eu já disse... —Diz lançando um olhar mortal pra feérica ao lado. —Eu não sabia se estavam aqui.

(Ayla): E eu... —Diz devolvendo o olhar com um tom ácido na voz. —Já disse que essa não cola, você consegue muito bem ouvir se estamos ou não em casa. E se não soubesse, teria nos procurado na Mansão Bell.

(Seungmin): Certo, tudo bem... Eu poderia mesmo apenas entrar, mas que graça isso teria?

(Ayla): Eu te esfolaria vivo se não fosse tão importante pra ela.

(Seungmin): Mal posso esperar pra te ver tentar, criatura.

—Por favor, podem flertar quando eu estiver na biblioteca?

   A Ayla acabou se engasgando com o chá e o Seung parecia mais vermelho do que as rosas que enfeitavam o jardim da Mansão.

(Ayla): O que?!

   Antes que a minha vida corresse um risco real, a porta da frente foi aberta e logo os meninos estavam na sala de jantar.

(Jeongin): Por que o Seungmin parece nervoso?

(Hyunjin): S/A? —Pergunta claramente segurando uma risada.

—Melhor não. —Respondo sentindo o olhar mortal da Ayla em mim.

Locked MemoriesOnde histórias criam vida. Descubra agora