33 Capítulo

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"A dor da verdade é sentida no âmago do nosso ser..."

ANY GABRIELLY

Inúmeras dúvidas rondavam a minha cabeça, e eu só queria respostas.
Joshuu estava tomando banho e fiquei na cama, pensativa. Depois de alguns minutos ouvi o barulho da água cessando, e o visualizei caminhando até a cama, enrolado em uma toalha.

— Mantenha essa toalha firme, por favor.— Josh sorriu, mas era um sorriso diferente agora. Preocupado.

Alguma coisa estava errada com ele, comigo também. Pensei em puxar algum assunto, mas nada me vinha à cabeça, somente as perguntas mais frequentes.

— Você não me falou sobre o que fez para se distrair na minha ausência — pontuou e agradeci mentalmente por ele dar o primeiro passo.

— Pouca coisa. Enquanto não estava na cidade fofoquei com Joalim quando ela dormiu no apartamento, e no final de semana passado saí com algumas meninas novas do trabalho

— Fazendo novas amigas?

— Eram as pessoas que demitiu. Elas queriam de alguma forma agradecer.

— Ah... — Sua boca fez um "o", e ele voltou a atenção ao espelho próximo a nós. — Elas agradeceram a pessoa certa. Foi você quem tornou isso possível.

— Porque deixou.

— Deixei?! Você praticamente me ordenou a recontratá-las — explicou, e agora sorriu da maneira que me acostumei.

— Como diz algumas vezes, sou muito mandona.

— Mas é uma garota obediente quando é preciso.

Sua frase desencadeou algo estranho em mim. Encolhi as pernas ao lado do corpo para esconder alguma coisa que não sei bem, talvez a extensão dos meus sentimentos ou o quanto senti a sua falta.

Quando ele terminou de escovar os dentes, vi que ele ficou me observando alguns segundos pelo reflexo do espelho com as mãos apoiadas na pia.

— Temos um sério problema para resolver, Gabrielly.

— Qual?

— Você é transparente demais. Em alguns momentos isso pode ser uma fraqueza.

— E... o que podemos fazer? — questionei, cuidadosa e receosa.

— Esse é o problema: não podemos fazer nada. Ele continuou me fitando, parecia tentar ler meus pensamentos, mas sua frase já disse tudo. Ele entendia o que se passava na minha cabeça, e no fundo eu não queria ser tão vulnerável.

— Quer dizer que você e Hector fizeram a mesma faculdade? — Mudei de assunto.%

— Sim — respondeu

— Você pode me contar um pouco mais?

Sua resposta não foi imediata, muito pelo contrário. O tempo que ele demorou foi de certa forma desconcertante, para os dois.

— Hector era o cara rico e popular, que comia todas as meninas do curso e se dava bem com todo mundo com a sua lábia. Eu era o gordo solitário, que tinha a família rica, mas ao mesmo tempo não tinha nada, uma pessoa que considerava impossível ser amada um dia, já que não sentia isso nem dos meus próprios pais. Se for resumir, eu era o bullying ambulante da faculdade enquanto ele era o cara rico adorado

Ouvir isso me doeu. Profundamente.

— Posso sentir a sua dor quando fala, mas não acho que odeie o Hector.

Joshua se virou, encarando meus olhos, e vi uma tristeza emergindo do mesmo.

— Como vou odiar uma das poucas pessoas que me ajudou a superar todos os longos períodos da faculdade?

𝘼𝙥𝙤𝙨𝙩𝙖 𝙁𝙖𝙩𝙖𝙡Onde histórias criam vida. Descubra agora