12°CAPÍTULO

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A vida é marcada por altos e baixos, e em algumas ocasiões é necessário se arriscar para ganhar uma recompensa...

ANY GABRIELLY

Ainda sem fôlego subi até o meu andar. Foi inevitável não relembrar meus últimos minutos, e acabei deixando um sorriso bobo escapar dos meus lábios.

Minha mente ainda estava confusa e trabalhando a todo vapor para entender tudo que estava acontecendo. Ainda em devaneio observei de longe uma pessoa ao lado da minha porta.

— Joalin! O que está fazendo parada na porta do meu apartamento? — perguntei, surpresa.

—Acho que sabe meu problema de ansiedade. Não consegui esperar até amanhã e estou tocando a sua campainha há dez minutos.

Eu a observei por alguns segundos e do nada comecei a rir. Minha amiga era desse jeitinho: desesperada e ansiosa. Não a julgava, éramos bastante parecidas, e se fosse eu ouvindo o que disse a ela mais cedo provavelmente estaria "acampada" em sua casa.

— Tem certeza de que quer saber isso hoje? — debochei, e ela faltou avançar em mim.

— Já pedi uma pizza e ela chega em trinta minutos. Anda, abre essa porta logo! — rindo fiz o que ela pediu, entrando em meu apartamento. — Sei que marcamos na minha casa, mas você é mais organizada que eu, e lá está uma zona.

Joalin praticamente se sentou, olhando-me como se estivesse exigindo um estudo da minha vida, ou melhor, de uma parte dela.

— Comece abrindo essa boca.

— Não sei por onde começar. —  Bufei, sentando-me, relembrando meus últimos minutos.

—  Tente começar... pelo começo.

Sorri por alguns segundos, mas na sequência respirei fundo, relembrando o jantar e o restante da noite. Após mais algum tempo contei tudo a ela, que me ouviu atentamente sem me interromper. Falei sobre tudo, desde os planos que fiz com meu Josh, até mesmo o que me reservava no futuro.

Sabia que Joshua precisava de discrição, mas confiava 100% em minha amiga, e ela jamais contaria para alguém.

— Chocada...! — Ela colocou uma das mãos na boca quando terminei, seus olhos agora estavam esbugalhados e fixos nos meus.

— Nós não fizemos nada demais, só... demos uns beijos — revelei, e minha amiga se ajeitou melhor no sofá, desconfiada.

— Bom, vamos aos prós e contras. Prós: gostoso, rico, tem a mão grande, beija bem, é alto, maxilar cerrado, olhos azuis, gosta de você... — Ela cessou a fala, admirando o teto. — Ah, quer saber, sem ver esse homão eu já estou apaixonada.

— E os contras? — perguntei, ainda sorrindo com a sua colocação.

— Narcisista, promíscuo, controlador, se acha o dono do universo, é um monstro sentimental, tem a mão grande...

— Espera, eu pensei que a mão grande era uma qualidade.

— Quando ele te enforcar pela primeira vez vai entender que pode ser as duas coisas.

Não aguentei e começamos a gargalhar juntas.

— E qual o veredito final?

— Que eu daria pra ele todos os dias, até os defeitos do homem eu adorei. — Revirou os olhos.

—  Você tem certeza de que entraria em uma furada dessas? — questionei, enquanto ia até a geladeira pegar água.

— Sim. Quer dizer, não sei. Não confio nos homens, eles só servem pra eu quicar neles. De resto são dispensáveis. Ele vai querer comer você. Esteja avisada.

— É sobre isso...

Eu me distraí por alguns segundos e voltei para o sofá, ainda grata por ter uma amiga que fala na lata o que era preciso.

— O que está deixando de me contar?

— Você me conhece, amiga. Me apego fácil, fingir não é o meu forte, e bem ou mal, ele não saiu mais da minha cabeça depois que voltamos do restaurante.

— Seu problema é outro, não é paixão.

—  Como assim?

—  Há quanto tempo não transa? — perguntou, chegando mais perto.

— Nem sei. Trabalho tanto que não tenho mais tempo pra isso. Beijar na boca? Também esqueci.

Quer dizer, certa pessoa me relembrou... Foi instantâneo recordar do nosso beijo, ele ainda estava bem fresco na minha memória. Desejava que aquele momento não sumisse tão facilmente, mas tinha medo de que ele existisse. Sim, eu sei que é contraditório.

— Você vai me apresentar esse homem! — falou, decidida.

— Ele não pode saber que...

— Claro que não vou dar pinta que sei tudo, Any. Não subestime a minha inteligência —;pontuou, interrompendo-me, balançando seus cabelos.

— Tudo bem.

Naquele momento o celular da minha amiga vibrou, e pelo sorriso em seu rosto sabia que o que ela mais amava no mundo estava pronto.

— A pizza chegou, e não falamos de homens enquanto estamos comendo pizza!

Joalin era uma figura, e por isso a amava desse jeitinho.

𝘼𝙥𝙤𝙨𝙩𝙖 𝙁𝙖𝙩𝙖𝙡Onde histórias criam vida. Descubra agora