4°CAPÍTULO

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Determinadas respostas afetam a nossa mente de maneira irreversível...

JOSH BEAUCHAMP

Fui até um dos bares do cassino e tomei uma dose de rakija de limão, um licor albanês.

A todo o momento relembrei o belo rosto de Gabrielly, e tinha confiança de que ela seria a melhor escolha para cumprir o papel de minha futura esposa.

Seus olhos, sua beleza estonteante, o carisma da esposa ideal, além de sua delicadeza fez com que eu me encantasse com a simples ideia de nos casarmos.

É claro que isso não passaria de encenação, contudo, ela era perfeita para o papel, e com certo treino, seria bastante convincente em sua atuação.

Vou ser o melhor professor para Gabrielly...

Em um primeiro momento não fiquei animado com a ideia do Bailey sobre limpar a minha bagunça tendo uma mulher fixa ao meu lado, mas preciso ser franco que não estava tão preocupado com o meu cassino, e sim com as minhas aventuras dentro e fora dele.

Fazer com que a opinião pública parasse de pegar no meu pé poderia gerar grandes lucros para o estabelecimento e, ainda assim, poderia continuar com as minhas aventuras sexuais.

A parte ruim era que precisava de discrição, e Joshua Beauchamp nunca passou despercebido na multidão.

Vou ter que me acostumar com o fato que vou me casar em breve.

Fechei os meus olhos e sorri, sabendo que a simples palavra "casamento" era algo que sequer cogitei em minha vida. Casar-me, ter filhos, nunca passou pela minha cabeça. E nunca vai passar...

O problema maior de uma decisão em cima da hora era que confiança requeria tempo, e não podia simplesmente anunciar que comecei a namorar agora e ia me casar.

Tudo devia ser planejado, e quando ela topasse o acordo, ia passar para a fase dois do meu plano. Podia ser o maior libertino do mundo, mas quando era necessário pensar friamente, era um homem mortal...

***

Todos os sábados almoçava com a minha mãe, Ursula, e o meu pai, Ron.

Era como uma tradição, e a única forma de verem o seu filho único de perto.

Digamos que era um homem rebelde, e tinha o mínimo de contato possível com a minha família, principalmente porque da boca de ambos só escutava coisas ruins ao meu respeito.

Não era fácil aguentar esse tipo de situação desde a adolescência, mas chegava um ponto que parávamos de tentar agradar as pessoas, e isso aconteceu quando completei a maioridade.

Tudo o que eu fiz para impressioná-los não serviu, então agora fazia o contrário, e isso acabava chamando a atenção deles... de forma negativa.

No início da minha adolescência e na fase final dela me senti sozinho no mundo. Não tive amigos leais, meus pais fingiam que eu não existia no mundo deles. Naquela época eu fui ridicularizado por meu peso, principalmente quando passei dos 130kg aos 16 anos.

Eu fui o alvo perfeito, na escola de riquinhos, que meus pais me obrigaram a frequentar, e mesmo com todos os meus pedidos para me tirarem de lá, eles foram contra.

No fundo penso que eles gostavam de ver meu sofrimento, e na cabeça de ambos, eu me tornaria um homem melhor se enfrentasse minhas próprias batalhas sem ajuda.

O resultado não foi bem o esperado, mas me tornei alguém diferente desde então. E como habilidade adquirida passei a fingir meus sentimentos muito bem.

𝘼𝙥𝙤𝙨𝙩𝙖 𝙁𝙖𝙩𝙖𝙡Onde histórias criam vida. Descubra agora