10°CAPÍTULO

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A confiança é um passo que se faz necessário em qualquer relacionamento...

JOSH BEAUCHAMP

Ontem fiz uma reserva no Joel Robuchon, um dos restaurantes franceses que mais gostava na cidade.

Ele ficava dentro do Grand Las Vegas, um dos hotéis proeminentes da cidade, que também era um cassino. Em determinadas situações gostava de jantar fora, e essa era uma ocasião especial.

— Nossa... aqui é muito chique.

— Se acostume, baby — peguei uma de suas mãos, ajudando-a a se sentar —, são lugares assim que irá frequentar a partir de hoje.

Após sermos atendidos, reparei bem no rosto de Any, que parecia confusa com o cardápio.

— Esse Le Caviar...?

— Quer pedi-lo?

— Não sei bem o que é. Tem como me explicar? — perguntou, sem graça.

— Não — respondi.

— Será melhor quando experimentar e ter a surpresa. Eu fiz isso da primeira vez.

Observei Gabrielly sorrindo, em seguida entregou o cardápio.

— Quero o mesmo dela. Depois que novamente ficamos a sós ela perguntou:

— Não vai beber nada?

— Por enquanto não. Tenho outros planos nos próximos minutos.

— Quais?

Analisei a bela mulher à minha frente, ainda hipnotizado com a sua beleza.

— Que tal nos conhecermos melhor?

— Como se fosse um encontro de verdade? — indagou, dessa vez sorrindo.

— Isso mesmo.

— Depende. Vai responder todas as minhas perguntas?

— Provavelmente não, mas veja pelo lado bom, pelo menos sou um homem direto — disse, esgueirando a minha mão, tocando seu braço, sentindo-a arrepiar-se.

Gabrielly ainda não sabia no que se meteu. Os primeiros dias seriam difíceis, até mesmo para mim, porém quando tínhamos um objetivo em mente tudo ficava mais fácil.

— Temos que parecer apaixonados em todos os momentos?

Abri um sorriso, observando o seu rosto delicado. Sabia que teria alguns problemas em me segurar quando ela estivesse comigo, contudo, não pretendia falhar naquela missão crucial.

— Em dez segundos olhe para o seu lado direito, e em seguida para a entrada principal do restaurante — revelei, calmo.

— Estamos sendo...

— Observados? Sim — a interrompi, sorrindo, sabendo que a minha ideia estava começando da maneira que desejava.

— Como disse, eu não tenho o costume de sair com mulheres publicamente, prefiro fazer coisas escondidas.

— Entendo, meu amor.

Gabrielly agora sorriu, enquanto entrelaçava nossos dedos. Uma das minhas grandes preocupações estava se esvaindo, e não teria problemas com a minha futura esposa, entretanto, precisava saber um pouco mais sobre ela, principalmente em relação às suas aspirações.

Aprendi que ninguém era um bom samaritano, e o que ganhamos em troca da nossa ajuda devia ser algo muito além daquilo que podíamos dar. No fundo todos queriam algo.

— Por que aceitou participar dessa farsa, Gabrielly? Dinheiro, fama, luxo...?

Ela não me respondeu de imediato, somente fixou seus olhos
nos meus.

Dei alguns segundos para que ela pensasse, mas suas íris desviaram das minhas, e em seguida ela olhou para cima, como se buscasse respostas nos céus, antes de se virar novamente para mim.

— Não sou interesseira, muito menos quero ser reconhecida nas ruas enquanto caminho — revelou por fim, após suspirar.

— Eu só quero me sentir parte de algo importante, entende? Todos os dias faço a mesma coisa, e tudo sempre parece ficar mais difícil e robótico. Na realidade, não tenho nenhum interesse por você ou por qualquer homem no momento — completou as últimas palavras com o olhar baixo.

— Nossa... — Coloquei a mão em meu peito, fechando meus olhos. — Você partiu meu coração! Isso é você... terminando tudo comigo?!

Foi inevitável que um sorriso bonito não iluminasse o seu rosto, mas em seguida ela segurou uma de minhas mãos bem forte.

— Não, sou eu dizendo que sou uma mulher complicada, meu amor — pontuou, agora um pouco mais séria.

— Agora, respondendo à sua pergunta, estou simplesmente me deixando levar pelas minhas escolhas. Sempre tive medo de agir por impulso, mas aceitei o seu pedido, mesmo não sabendo o que me aguarda. E... é isso o que tenho a dizer.

Conforme o tempo passava e conversava com Gabrielly tinha mais certeza de que meu plano podia sim funcionar. Precisava pensar em uma maneira de não deixar que ela se sentisse presa a mim, e isso seria um desafio e tanto nos próximos meses.

— Me diga: qual o seu maior sonho?

— Tenho vários — respondeu, baixinho.

— Estou escutando.

Em um primeiro momento ela se retraiu, em seguida me observou, ainda vacilante. Gosto de notar a sua vulnerabilidade. Any era sincera, e por mais que tivesse dúvidas dos seus desejos mais profundos, sentia que o seu coração estava aberto a novas experiências.

— Acho que o meu maior sonho é me casar e ter filhos.

Passei a mão pelos cabelos, ainda a observando. Isso podia ser um grande problema.

— Eu já te disse e quero que grave bem isso na memória, Gabrielly. Não compartilhamos o mesmo sonho, e não quero que crie expectativas — pontuei com certa rudeza. Não entendi o porquê de ela começar a rir, mas antes de questioná-la tive a minha resposta:

— Você mesmo disse que depois de um tempo vamos nos separar, então não será um problema. Você não será o homem que vou amar e ter filhos no futuro.

Não sei exatamente o motivo, mas ouvir isso não foi muito legal. Foi como se eu não fosse capaz de fazer alguém feliz. Mas... quem era eu para julgá-la. Nós dois não queríamos casar um com o outro, então por que ela falar isso me incomodaria?

— Justo.

Após a comida chegar pedi um vinho, e permanecemos no restaurante por quase uma hora. Algo bem no fundo me dizia que podia confiar em Gabrielly, porém o maior desafio era confiar em mim mesmo naquela nova jornada, logo eu, um homem que vivia com tantos demônios... 

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