Give me an interview.

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Eu sempre fui o tipo de garota extremamente apaixonada por romance e coisas idiotas que casais de filmes faziam um para o outro

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Eu sempre fui o tipo de garota extremamente apaixonada por romance e coisas idiotas que casais de filmes faziam um para o outro. Vivia rodeada por livros e outras fantasias, que me tiraram da realidade por muitos anos, até eu perceber minha paixão; a escrita. Deus, como eu amava uma boa história, com um enredo que te prende e fascina. O que me levou direto para o pé da Califórnia, onde fiz uma faculdade de jornalismo.

Não demorou muito para que, algum tempo após encerrar o curso, eu fosse contratada por uma empresa de jornalismo, eu era ótima afinal. Digamos assim, obviamente não era nenhuma uma RollingStone Magazine, ou, melhor ainda, um New York Times - meu trabalho dos sonhos, diga-se de passagem. -, mas era um ótimo começo. Louie's Magazine, uma empresa jornalística cujo principal alvo eram artistas, músicos, em específico - e Deus, como eu amo música. Para minha infelicidade e falta de experiência, acabava sempre ficando com as matérias que ninguém se interessava em ler, meus artigos eram ótimos, mas do que adiantava escrever se eu sabia que ninguém leria? Eu queria ser vista pelas minhas palavras e notícias, sabia que demoraria, contudo, não sabia que seria tão lento.

Naquela tarde, eu estava sentada atrás de uma mesa de cascalho polido com milhares de papéis ao meu redor, meu pequeno caderno de anotações com uma capa de couro batido, velho e pedindo socorro, fechado abaixo do meu cotovelo enquanto eu brincava com a caneta entre os dedos, esperando o horário.

- Milla - Imediatamente me virei, minha colega de trabalho, Ruby estava ali parada com uma xícara de café nas mãos. Eu imediatamente sorri e me levantei, começamos a caminhar enquanto tomávamos café. - tem um festival bem importante de música vindo aí, você acha que vamos conseguir cobrir?

- Você? Sim. Eu? Não. - Falei em um tom entediado, enquanto me encostava na parede e bebericava o café lentamente. - Eles não me querem lá, Ruby.

- Claro que querem, garota. Eles só precisam que você mostre do que é capaz. - Eu dei a ela um sorriso doce, ela era ótima, provavelmente a única outra pessoa, além de Louis, naquele lugar que tinha sido legal comigo.

- Eles já te convocaram, né? - Murmurei ao perceber que ela tinha mencionado se conseguiríamos, então Ruby sabia que íamos.

- Sim, - Ela começou, botando a mão no meu ombro e me dando um sorriso caloroso. - não se preocupe, vou conversar com o chefe sobre você. Tenho certeza que ele estará disposto a te dar uma chance da próxima vez.

Eu soltei um longo suspiro, mas assenti. Próxima vez. Não queria na próxima vez, queria naquele festival. Era o primeiro festival que a Louise's Magazine ia cobrir para as minhas bandas favoritas, e, depois que chorei horrores quando o Frank Zappa morreu, meu sonho era entrevista-lo, tinha certeza que não poderia perder essa oportunidade de maneira alguma.

Eu estarei naquele festival, ou não me chamo Camilla Helena Hernandez de Castillo.

[...]

- Ruby, por favor. - Disse com uma voz baixa e carregada de um choro falso, com as mãos juntas, enquanto seguia a bela mulher de pele ébano pelos corredores da empresa. - Eu prometo, eu não vou extrapolar.

- Milla, você não entende. É grande, você nunca lidou com astros do rock, eles são... - Ela se virou e segurou meus ombros. - Você precisa começar pelo básico, esses caras não são do tipo para novatos.

Me senti, de uma forma, desafiada.

- Ruby, eu juro, eu sei fazer isso. Só preciso que me dê uma chance, eu consigo. - Ela suspirou e eu sorri, ela aceitou. - Além de que, eu odiaria ver a cara da sua bela namorada quando ela escutasse você dizendo que vai ficar 3 dias seguidos cobrindo um festival ao invés de estar com ela.

Ruby rolou os olhos e eu ri, dando pulinhos.

- Tá jogando sujo, novata. - Neguei com a cabeça. - Certo, vou conseguir fazer você ir no meu lugar, mas você vai ficar me devendo.

Abracei ela com força, pronto, tinha meu passe. Só precisava descobrir quem e quando eu deveria entrevistar, como tirar doce de criança.

O plano era simples. O festival começaria sexta-feira às 21:00, Ruby teria que estar instalada no Sheraton Los Angeles International às 07:30 da manhã pelo menos, já que as entrevistas com as bandas e os artistas começaria pelo menos às 10:30 da manhã, de qualquer maneira, eu estava preparada. Ruby ligaria para nosso chefe, Louis Zeppa e diria que estava extremamente doente e que passara a noite anterior no hospital, me recomendaria e eu iria no lugar dela.

Eu estava pronta para qualquer um.

- A PORRA DO DAVE MUSTAINE!? - Saiu quase como uma súplica de meus lábios grossos enquanto Ruby listava as pessoas que eu iria entrevistar.

- A porra do Dave Mustaine. - Ruby repetiu a minha frase de maneira calma.
- Não se preocupe, embora o que a maioria das pessoas diz, ele é uma pessoa bastante compassiva quando o assunto são entrevistas, apenas não faça perguntas idiotas e óbvias, ou... Você com certeza vai ouvir respostas nada agradáveis.

- Ruby, eu sei. O problema é que quando eu tinha 14 anos, eu vi ele na MTV anunciando o Peace Sells, foi o meu maior amor de garotinha. Eu esperava conhecê-lo de uma maneira, sei lá....

- Você é boba, Milla. Ele pode ser uma pessoa compassiva nas entrevistas, mas não se engane, ele é um babaca e um canalha. - Ruby disse dando de ombros enquanto continuava falando. - Não se deixe enganar pelo sorriso bonito e o cabelo sedoso, você vai se magoar.

- Ele não pode ser tão ruim.

- Você entrevista, Camilla, nada além disso. Capiche? - Suspirei e assenti.

- Capiche.

Ela continuou falando, anotei cuidosamente seus avisos. Tudo estava completamente perfeito, nada poderia dar errado, finalmente, reconheceriam minha habilidade.

[...]

Eram por volta de 22:00 quando eu recebi a ligação de Zeppa, nosso chefe. Ruby estava ao meu lado, escutando tudo. Nos meus lábios, um sorriso que não se comparava a nenhum outro.

- Você já deve imaginar, a senhorita Robinson, que é sua amiga próxima, não estava se sentindo bem para cobrir o festival no final de semana, então, senhorita Hernandez, estaria de acordo de assumir o lugar dela dessa vez? Ela me disse que tem talento.

Mordi com força o lábio inferior enquanto Ruby dançava de um lado para o outro, meus olhos brilharam.

- Eu adoraria, senhor.

- Muto bem, enviarei por Louis às passagens e o dinheiro para às despesas, conto com você, Camilla. - Ele desligou, saltei de um lado para o outro, estava tão feliz que mal conseguia parar.

- Vai lá garota, mostra do que é capaz.

- Eu vou!

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Hotel Room 315 • Dave Mustaine.Onde histórias criam vida. Descubra agora