Seguir adiante é uma coisa simples, o difícil é o que fica para trás.
Passei o último ano, pós morte do meu irmão, inteiro vivendo uma bolha de arrependimentos e desculpas não ditas, obsessões e buscas por um reconhecimento. Achei que era disso que precisava, alguém que me pedisse desculpas e me tratasse como se eu merecesse um prêmio por ter conseguido.
Depois de tudo, percebi que não era exatamente disso que precisava. Óbvio, como uma pessoa tentando se tornar profissional, eu ainda queria ter um certo reconhecimento na minha área, mas não faria isso ser o centro de tudo.
Pelo menos não mais.
Nova York, 26 de janeiro de 1995.
Quando decidi seguir adiante, deixando a Califórnia para trás, fiz uma lista de coisas que eu realmente gostaria de fazer. Uma delas era ajudar jovens na mesma situação que eu e meu irmão nos encontrávamos quando chegamos na América, e com toda certeza, era o item mais significativo na lista que era ligeiramente curta.
Com a ajuda de alguns amigos da minha antiga companhia, tive a oportunidade de ser contratada para gerenciar um pequeno documentário sobre a imigração de latinos para a América do Norte, com um roteiro praticamente todo escrito pela minha pessoa, o que contribuiu com toda certeza, para um salto e tanto na minha carreira. Sabia que estava disposta e perto de fazer grandes coisas, por isso não desistiria.
— Qual problema, Hernandez? — Virei meu rosto para o lado enquanto me espreguiçava, observando a mim mesma na superfície espelhada do outro lado do apartamento.
Não havia mais ninguém comigo, contudo, havia sido tomada por pensamentos. Meu cabelo estava em pé, não dormia desde a noite passada quando o rádio anunciou o show do Megadeth nos próximos dias, coincidentemente, perto de onde eu trabalhava. Só o pensamento de ter que encarar tudo de novo, me deu náuseas.
Ele tinha pisado na bola, Mustaine era o maldito cafajeste e era eu quem estava nervosa em vê-lo pessoalmente? Que idiotice. O que aconteceria? Passaríamos um pelo outro em silêncio, fingindo ser dois completos estranhos, como sempre deveria ter sido.
Respirei profundamente, me esticando e voltando a escrever em meu bloco de notas algumas ideias para materias futuras, tentando satisfazer o meu eu interior com ideias nada boas e que provavelmente iriam para o lixo de qualquer maneira, mas só precisava ocupar minha cabeça com alguma coisa, do contrária acabaria surtando. Também precisava de algumas horas de sono e um bom café.
Me levantei e fui até a cozinha, preparando um café bem forte. Alguns minutos depois, o telefone fixo tocou na sala. Me esgueirei até lá e atendi, sentindo o café queimar a língua enquanto falava.
— Camilla Hernandez falando. — Disse de maneira profissional, já que as únicas ligações que tenho recebido ultimamente, eram unicamente de cunho profissional.
— Boa tarde senhorita Hernandez, aqui quem fala é o gestor, queria saber se tem disponibilidade para aparecer aqui hoje. Sei que está folgando, mas ficaríamos contentes com sua presença.
Respirei profundamente, o que poderia ser? Nada muito ruim, nem muito bom, porém estava disposta a qualquer coisa para ocupar minha cabeça naquela altura do campeonato.
— Claro, quando precisam de mim?
— Pode vir em uma hora, estamos esperando por você. — Assenti, desligando o telefone e suspirando. Pelo menos agora, eu tinha algo para ocupar minha cabeça pelo menos nas próximas horas, dependendo do trabalho que me dariam.
[...]
O táxi parou na frente da companhia em que estive trabalhando nos últimos meses, saí do veículo e ajeitei minhas roupas e cabelo antes de subir em passos lentos pela grande escadaria. Quando entrei, várias pessoas me cumprimentaram de maneira amigável.
Peguei um café na entrada e me dirigi até o escritório do meu chefe, quando entrei, ele estava sentado revisando algumas coisas, fiquei parada até que ele me notasse. Logo, abriu um sorriso largo enquanto se levantava e caminhava na minha direção.
— Camilla, minha funcionária do mês, com os melhores números de vendas. Que bom que aceitou. — Ele disse, soltei uma risada.
— Claro, não tinha nada melhor para fazer de qualquer maneira. — Falei com um tom latente de sarcasmo, ele puxou a cadeira para que eu me sentasse e se sentou na minha frente, seu sorriso jamais deixou seu rosto.
— Sei que atualmente, prefere cobrir matérias um pouco mais voltadas para o social e políticas, mas lembro-me de tê-la escutado dizer que não se importava em escrever matérias musicais. — Ele explicou e eu assenti.
— Sim, eu comecei escrevendo matérias musicais, não vejo o menor problema em escrever sobre, desde que não se torne meu foco. — Falei enquanto bebericava meu café.
— Bom, disse que não tem nada melhor para fazer, certo? Muito bem, você foi solicitada para cobrir uma matéria nesse final de semana! — Ele disse de maneira animada, levantei uma sobrancelha, curiosa.
— É? Por que alguém solicitaria o meu serviço especificamente?
— Parece que o cara que solicitou viu sua matéria para MTV e ficou fascinado pelo seu trabalho, então ofereceu-nos uma quantia significativa para que pudesse tê-la cobrindo a matéria. Incrível não?
Eu sorri, era realmente muito bom saber que estava sendo reconhecida pelo meu esforço e trabalho duro depois de tanto tempo, talvez aquele fosse o empurrão de verdade que eu definitivamente precisava. Não podia acreditar que as coisas estavam dando tão certo, tinha certeza que depois daquele momento, definitivamente tudo estaria no lugar.
— Bom, é claro que aceito. Quem é esse cara, aliás?
— Bom, ele é... — Antes que ele pudesse continuar a falar, o barulho da porta sendo aberta o fez rir. — Eu amo esse cara, olha ele aí.
Assim que eu me virei, meu sorriso se tornou uma feição rude junto do meu copo de café caindo no chão.
— Gestor, o cara que faz o impossível acontecer, estou atrasado para nossa reunião?
A porra do Dave Mustaine, ele com toda certeza era a merda do fantasma assombrando o que deveria ser um doce sonho.
݁ ˖🎸 ༘ ⋆˚♫๋࣭ ₊ ⊹✎
ESTOU VIVA!!!!!!! sofri uma desilusão amorosa e isso me encheu de criatividade, então estou de volta 😜😜😜
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Hotel Room 315 • Dave Mustaine.
FanfictionCamilla Hernandez era uma recém formada estudante de jornalismo que buscava seu lugar na indústria do 'papel' e das 'entrevistas'. Ela começa a trabalhar para uma companhia conhecida principalmente por suas matérias sensacionalistas e ataques direto...