A parte mais fodida de uma turnê, com toda certeza é quando você se pega deitado em um quarto barato de hotel, pensando no quanto sua vida se tornara monótona e até meio medíocre, você não quer pensar assim porque ama o que faz, mas simplesmente não consegue evitar.
Deitei a cabeça no travesseiro e encarei o teto por longos 50 segundos antes de fechar os olhos. Nunca fui pessoa que sentia remorso fácil, eu fazia o que queria e quando queria, sem me importar se alguém poderia sair ferido no processo, era fácil ser assim, deixava as coisas mais fáceis.
Quando, após um silêncio perturbador, minhas pálpebras finalmente se fecharam, mas eu desejei que elas nunca mais o fizessem. Era aquela velha sensação de não conseguir fugir daquele que te persegue.
Mesmo com os olhos fechados, eu só conseguia ver os grandes, redondos e brilhantes olhos dela. Olhos avelã que me encaravam de maneira raivosa, junto com suas sobrancelhas finas franzidas para baixo e seus lábios cheios se contraindo.
Abri os olhos imediatamente, me sentando na cama do hotel e soltando um longo e alto suspiro antes de me levantar e caminhar até a minha mala para procurar algum antibiótico para dor de cabeça, comecei a abrir caminho entre as minhas coisas e notei algo que não estava lá anteriormente. Ergui uma sobrancelha enquanto pegava em mãos um CD versão deluxe do single, Silver Springs, do Fleetwood Mac. Virei o CD e vi um pequeno papel grudado.
“Acho que você precisa aprender o que é uma banda de verdade :) -C.H.”
Rolei os olhos, rindo baixo enquanto alisava o CD entre os dedos. Um sorriso genuíno nasceu nos meus lábios.
A porta do meu quarto abriu, Junior entrou com um jornal em mãos e com um sorriso bastante malicioso nos lábios. Ergui uma sobrancelha.
— Ela escreveu sobre você.
Engoli um seco enquanto mantinha minha feição natural.
— É o trabalho dela, e não quero saber o que escreveu.
— Ah, você quer sim.
— É ruim?
— É terrível.
— Me dá logo essa merda. — Peguei o jornal da mão dele, na capa havia algumas fotos do festival e algumas pequenas entrevistas, abri a primeira página e tinha uma foto do Megadeth tocando e uma coluna inteira. Mordi o lábio inferior.
“Durante meus atípicos três dias no festival da Califórnia, descobri muitas coisas, entrevistei muitas pessoas, mas uma delas em particular é quem eu gostaria de parafrasear e citar nesse artigo. Dave Mustaine. Em 24 de maio, 1988 eu escrevi:
“Não consigo evitar de sentir uma estranha conexão com as letras do single 'In My Darkest Hour', do Megadeth. Acho que qualquer pessoa que já teve o amor negligenciado, de qualquer fonte que fosse, consegue se identificar. Passo muito tempo ponderando como esse negligência me afetou, ou como afetou meu irmão. Para mim, uma música deve soar dessa forma, a forma que toca no interior de nossas almas e reacende a chama. Dave Mustaine é um verdadeiro mártir quando o assunto é esse, melhor que sua banda anterior por completo, se me permito dizer em voz alta. De qualquer maneira, isto é apenas um rascunho.”
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Hotel Room 315 • Dave Mustaine.
FanficCamilla Hernandez era uma recém formada estudante de jornalismo que buscava seu lugar na indústria do 'papel' e das 'entrevistas'. Ela começa a trabalhar para uma companhia conhecida principalmente por suas matérias sensacionalistas e ataques direto...