See her again.

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Nova York, 26 de janeiro de 1995

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Nova York, 26 de janeiro de 1995.

Seguir adiante é uma coisa simples, o difícil é o que fica para trás.

Uma frase escrita por mim, entendida erroneamente por muitas pessoas, exceto por uma. Pensei por bastante tempo na diferença de palavras que Camilla havia usado em sua coluna sobre a minha persona quando escreveu sobre 'In My Darkest Hour' e quando escreveu sobre 'A Tout Le Monde'. Isso me fez pensar não apenas na imagem que transmito como artista para os meus fãs, mas como pessoa. O que mulheres, homens e jovens do mundo todo pensam quando escutam o Megadeth? Quando me escutam?

Pensar demais me irritava, eu não era o tipo de pessoa que pensava nesse tipo de coisa com tanta frequência. O importante para mim era dar a todos o melhor de mim na música e somente na música, o restante, eu realmente não ligava o que se era pensado de mim. Por que isso mudou?

Soltei um longo suspiro enquanto coçava minha pálpebra, fechei a tampa da garra enquanto a água gelada parecia descer queimando na minha garganta sensível. Olhei para o lado e vi Nick e Marty brigando por algo, mas resolvi que não ia me estressar com poucas coisas naquele dia. Nos próximos dois dias seguidos, eu teria shows no Roseland Ballroom, que era uma merda de lugar, na minha opinião.

— Ah, que frio! — Nick reclamou enquanto esfregava a palma da mão uma na outra, estávamos atravessando a rua.

— Cara, você nasceu na Alemanha.
— Marty disse, Nick rolou os olhos.

— Foda-se! Isso é meio xenofóbico da sua parte, sabia Marty? Só porque eu nasci na Alemanha sou obrigado a aguentar o frio? — Junior começou a gargalhar enquanto Marty tentava devolver uma resposta séria. Rolei os olhos, esfregando os dedos entre os cachos ruivos.

Comemos em um restaurante, entretanto, me senti como um intruso. Não consegui pensar em nada significativo para dizer aos garotos e isso estava me irritando profundamente, eu adorava falar e de repente, havia pedido o apetite e a vontade de conversar e irritar qualquer pessoa que eu desejasse. Precisava encontrar algum tipo de distração e logo.

Me deitei na cama do quarto de hotel e logo, me entediei. Observei a pequena e quadrada TV chiar sem parar, provavelmente estava com alguma merda de canal aberto. Levantei-me da cama e caminhei na direção da TV para desligar a TV diretamente da tomada, mas quando meu braço tocou em uma das antenas, a TV voltou a funcionar.

— Algo com toda certeza pode e deve ser feito, estamos em um país livre, certo? — Desviei minha atenção, voltando alguns passos para trás e olhando de volta para TV. — Houve um aumento de 34% na população hispânica dos EUA entre 1980-1988 devido à forte imigração e às altas taxas de natalidade, resultando numa estrutura etária jovem para os latinos com uma idade média de 25,5 anos contra a mediana dos EUA de 32,2 anos.

Era um tipo de reportagem, algo como um breve documentário, mas por algum motivo, chamou minha atenção.

— A discriminação tem atormentado esta população devido às preocupações com a imigração ilegal e aos problemas de fluxo de drogas ilegais. — Sua voz soou em meus ouvidos, suave e doce como uma colher de mel na ponta da língua. Minha boca se curvou em um sorriso involuntário enquanto lia seu nome no canto inferior da tela.

Camilla Hernandez — Jornalista’

Nós hispânicos continuamos a sofrer com fracos resultados educacionais, barreiras linguísticas, empregos mal remunerados e pobreza. — Argumentou a mulher com sua expressão impassível, sobrancelhas levantadas, olhos bem abertos e lábios se contraindo a cada fim de sentença. — A pobreza provavelmente persistirá até o fim da década de 1990. O bilinguismo prevalece e continuará a prevalecer enquanto a imigração continuar, mas as gerações futuras começarão a usar o inglês como primeira língua.

Ela falava com convicção e indignação, Deus, Camilla sabia como convencer alguém com suas palavras, ditas e escritas. Ás vezes, até sem dizer, sem escrever, apenas... Olhar.

— 17 estados, no entanto, adotaram leis de “inglês oficial” a fim de diminuir o uso de fundos para serviços de língua espanhola. Usar o espanhol na escola é uma questão muito dividida – alguns são a favor da educação bilíngue, outros são a favor da abordagem agressiva do inglês. — Ela explicou de maneira séria, olhando fixamente na direção da câmera. — E qual o real sentido de obrigar crianças de maneira agressiva a aprender uma língua diferente, de uma cultura diferente? À medida que os hispânicos atingem a idade de trabalhar, a falta de educação impedirá a entrada em mão-de-obra qualificada.

Sem perceber, estava a alguns centímetros de distância da TV, assistindo ao breve documentário em completa surpresa. Camilla, que pareceu ter um papel principal nessa breve reportagem,
que visava impactar, continuou explicando sobre a forma como os latinos, lentamente, estavam conseguindo cargos de importância até mesmo na política americana e finalizou, nos explicando que é dever dos decisores políticos reconhecer os problemas
hispânicos e ajudar a promover soluções, pensando no interesse do povo americano como um todo.

Desliguei a TV assim que a reportagem acabou, me sentei na cama e franzi a testa, rindo. Camilla definitivamente nasceu para ser uma jornalista, mas não uma qualquer que repassa informações falsas sobre a Madonna, mas uma jornalista que defende e está sempre ao lado da verdade. A forma como ela falava com convicção, como alguém que esteve naquele mundo, eu a  admirei profundamente por isso.

Soltei um longo suspiro antes de ir até a minha mala e começar a remexer, no bolso interior, tinnha algo enrolado em um papel, algo que eu deixei lá. Assim que abri, vi a foto de Camilla com o irmão, aquela que estava supostamente rasgada e perdida.

Eu a havia consertado há algum tempo, talvez aquela fosse a desculpa perfeita para procurar a jornalista, mas como exatamente o faria e como a encontraria?

Dei um sorriso para mim mesmo, negando com a cabeça, se soubesse onde e quando a matéria que aparecera na TV havia sido feita, saberia como contatá-la.

Me levantei, indo até o telefone fixo perto da TV, teclei um número de telefone algumas vezes até ser atendido.

— Boa tarde, aqui é o Dave Mustaine, isso, do Megadeth. Posso falar com seu superior?

݁ ˖🎸 ༘ ⋆˚♫๋࣭ ₊ ⊹✎

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Hotel Room 315 • Dave Mustaine.Onde histórias criam vida. Descubra agora