VI

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Ano 545 - Gaily

- Eu disse que quem valesse a pena iria aparecer, polegar - logo que Nínive saiu, Fergus apareceu para tirar onda com Zoe.

- Uma pessoa, Fergus? - Zoe debochou, mas ainda estava impactada com a história da moça.

Nínive foi deixada em um orfanato após a morte precoce da mãe. Ela ainda era um bebê. O pai por sua vez, talvez nem soubesse da sua existência e para ela, isso não importava. A moça cresceu dando seus pulos. Ela não queria ser um fardo para ninguém. Porém, ainda muito nova, percebeu que o mundo era um lugar perigoso para uma jovem mulher. Contudo, Nínive estava decidida a não desistir de, pelo menos uma vez na vida, ser respeitada por ser quem ela era.

Foi nesse contexto que a cacheada ouviu falar de Zoe Delacroix. Essa foi sua esperança. A famosa capitã estava construindo seu legado, estava sendo respeitada, mesmo que fosse uma mulher, e isso parecia-lhe uma utopia, porém Nínive se desafiou a tirar suas conclusões com os próprios olhos e saiu satisfeita daquele escritório; uma nova história começaria para ela.

- Não enche, polegar! - Fergus revirou os olhos, enquanto a moça gargalhava.

- Você tinha algo para me dizer.

- Ah, é mesmo! - o negro arrastou a cadeira e se sentou novamente à frente da moça. - Há alguns anos, os reis de Versya foram assassinados por uma revolta. Não se sabe ao certo quem foram os responsáveis.

- Entendo, já ouvi algo a respeito - Zoe acompanhava o raciocínio do amigo.

- Acontece, que a herdeira, um lindo bebê loiro de olhos azuis...

- Por que a discrição é importante? - Zoe interrompeu.

- Não seja chata! - Fergus reclamou com um sorriso, que a jovem acompanhou. - Você é irritante às vezes!

- Só às vezes? Não me desmereça assim! - a capitã fingiu ultraje, fazendo o amigo gargalhar.

- Continuando, ela foi levada para os mares do leste a fim de ser escondida.

- Os mares do leste são os mais perigosos - a capitã pensou alto. - Muitos navios afundam no cemitério das águas turvas.

- Eu sei - Fergus concordo.

- Por que me contou essa história? - Zoe encarou o amigo com uma sobrancelha arqueada.

A moça sabia que seu vice era um homem prático. Fergus, por mais sarcástico que fosse com ela, ainda era a pessoa mais centrada que conhecia quando o assunto era trabalho, isso fazia deles uma ótima equipe, já que eram iguais nesse ponto.

- A proposta que recebemos é - fez uma pausa de suspense, como se já não fosse óbvia a sua conclusão - encontrar a princesa!

- Sério? - Zoe revirou os olhos. - E como vamos fazer isso?

- Zoe, o pessoal que nos contratou vai nos explicar - Fergus deu de ombros.

- O risco é muito alto.

- Por isso, o preço também - o negro deu de ombros.

- Quanto? - Zoe o encarou com os olhos semicerrados.

- Cinco milhões! - depois disso, somente um assobio foi ouvido no cômodo.

- Cinco milhões! - depois disso, somente um assobio foi ouvido no cômodo

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Zoe passou o resto do dia pensando.
O que não era novidade, já que a moça gostava de se preparar para qualquer situação.

Aquele sem dúvidas era um trabalho perigoso, mas também muito importante. Encontrar a princesa faria com que o Flor de lótus fosse eternizado na história, e isso nenhum dinheiro poderia pagar. E por falar em pagamento, aquilo era muito mais do que ela arrecadava em dois anos de serviço.

Além de tudo, ainda tinha a necessidade de custear o tratamento do pai.

Ela precisava de um novo trabalho.
A questão em pauta era se o risco valia o benefício.

Querendo espairecer a mente, a capitã resolveu dar uma volta pela cidade, inconscientemente acabou na casa do melhor amigo.

- Zoe? - a voz de Sales era alegre por vê-la. - Que ótima surpresa!

- Oh! - a moça olhou em volta. - Sai para caminhar e acabei aqui! - Ela riu de si mesma.

- Ótimo! - o doutor comemorou. - Agora posso te acompanhar.

- Seria perfeito - Zoe concordou animada.

Havia algo na presença de Sales que a deixava à vontade, ele era como a lembrança de uma época onde tudo se resolvia sem muito esforço, e a moça realmente gostava disso. Estar na companhia do rapaz era algo natural, ele a conhecia como a palma da própria mão e isso enchia o coração de Zoe com calmaria, pois sabia que com Sales, só precisava ser ela mesma e isso bastava.

- No que tanto essa sua cabecinha pensa? - o rapaz quis saber depois de um tempo andando em silêncio.

- São tantas coisas - ela riu sem humor.

- Zoe - Sales a chamou com aquele tom carinhoso que ela tanto gostava -, você não precisa ter sempre todas as respostas. Ninguém pode exigir isso de você!

- Mas, e se quem estiver exigindo for eu mesma? - Ela o encarou um pouco envergonhada.

O rapaz riu e abraçou-a fraternalmente. Sales sabia o quanto Zoe sofria com sua necessidade de ser perfeita em tudo, e ele só queria que ela entendesse que não precisava carregar o mundo sozinha.

- Então, você pode se convencer a olhar para os lados - o moreno respondeu simplesmente.

- Como assim? - Zoe o encarou confusa.

- Veja que existem muitas pessoas dispostas a te ajudar a carregar o peso - dito isto, Sales continuou a andar, deixando a moça parada no meio do caminho. - Você não vem? Vamos lanchar com a minha mãe.

E assim ambos os jovens voltaram para a mansão DeLucca.

- Zoe! - Grecya se aproximou com os braços abertos e um sorriso imenso. - Que saudade que eu estava de você!

- Tia Grecya! - a moça retribuiu o abraço, ela considerava a mãe de Sales como a figura feminina que não teve, por isso a chamava de tia.

- Sales me falou que tinha chegado. Uma pena que não estava aqui naquele dia - a mulher explicou. Os olhos verdes dela combinavam perfeitamente com a pele oliva como a do filho.

- Não tem problema - Zoe riu.

- Venha, vamos lanchar! Temos muito o que conversar. - Grecya engatou o braço no da moça, mas antes de saírem, Sales sussurrou no ouvido da amiga:

- Prepare-se para ser mimada como uma boneca - a voz dele era divertida.
Zoe se limitou a rir alegremente. Tia Grecya também não tinha muita presença feminina por perto, por isso ambas sempre foram muito próximas, Zoe era apenas uma menininha quando foi adotada pela mulher.

A jovem dama gostava disso, ela se sentia em casa com a família DeLucca.

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