XVIII

44 7 2
                                    

Ano 545 - Cemitério das águas turvas

O sol ainda não tinha nascido quando todos já se encontravam reunidos no convés. Zoe tinha avisado na noite anterior que precisariam se levantar cedo, por isso todos se recolheram logo após o jantar.

O clima ainda estava frio por conta da noite que dava lugar ao dia que nasceria dali a poucas horas, quando a capitã do Flor de lótus tomou a palavra para explicar aos seus marujos qual seria o plano que eles desempenhariam.

- Bom dia, tripulação! Espero que tenham tido uma ótima noite de sono, pois hoje teremos uma extensa missão pela frente, desejo contar com cada um de vocês para que possamos vencer o cemitério das águas turvas.

- Conte conosco, capitã! - responderam em coro.

Aquela energia de equipe fez They soltar um sorrisinho, estava feliz por ter escolhido aquele navio para a sua viagem.

- Durante a tarde de ontem, estivemos discutindo como passaríamos por essas águas tão perigosas e tão conhecidas por sepultarem navios inteiros. - Zoe sempre foi o tipo de capitã transparente, não gostava de deixar seus subordinados com dúvidas do que eles estavam para enfrentar. - O Sr. Wrigth nos deu uma excelente ideia, mas para que possamos desempenhá-la com maestria, precisarei da cooperação e do esforço de cada um de vocês. - A morena fez uma pausa e percebeu o assentimento de todos os seus marujos. - Não sei se todos sabem, mas o cemitério é formado por numerosas pedras submersas, precisaremos nos mover com cautela e muita paciência. Para tanto, teremos que nos mover pelos remos. Posso contar com vocês?

- Estamos com a capitã! - foi o forte brado ouvido pelo convés.
Era o tipo de coisa que fazia os pelos arrepiarem de êxtase, ao ter a certeza de que estava se fazendo parte de algo maior que si mesmo, Theirry amava essa sensação.
Zoe e Fergus estavam dividindo a tripulação em equipes, Nínive ficou responsável por avisar a equipe das âncoras que elas deviam ser baixadas, já o grandalhão seria responsável pelos remus, por isso se dirigiu a escada que levava aos níveis inferiores do navio, sendo seguido por seus homens. Theirry e Kai já seguiam Fergus quando Zoe os chamou:

- Para onde estão indo? - quis saber confusa.

- Estamos indo ajudar, Abelhinha! Achou que só iriamos assistir? - They se aproximou dela com o sorrisinho enviesado. A moça revirou os olhos antes de responder:

- Não é uma boa escolha...

- Sei que você não acha, mas somos fortes e resistentes, treinamos muito... - Theirry argumentou deixando Zoe um tanto quanto exasperada por não conseguir que ele a ouvisse.

- They, deixa ela se explicar! - Kai interveio, recebendo um sorriso de agradecimento.

- Eu preciso do seu trompete - Zoe começou sua explicação, o representante de Versya já abria sua boca para zoar com a capitã, quando Kai acertou-lhe um tapa na nuca; foi impossível para Zoe não rir. - Obrigada, Kai! Você é incrível! - o rapaz de olhinhos puxados corou perceptivelmente. - Porém, voltando ao assunto, Sr. Wrigth, eu preciso de você lá em cima. Dando sinais sonoros com seu instrumento. Assim poderemos ter uma visão do mar e nos comunicarmos com todo o navio automáticamente.

- É uma ótima ideia! - Nínive elogiou.

A dona dos cabelos cacheados agradeceu mentalemente por não ser ela a ter que subir até o fim do mais alto mastro; ela não era muito chegada a alturas.

- Eu concordo! - Kai acrescentou, para o choque da moça de pele chocolate.

- Vou pegar meu instrumento - They proferiu satisfeito -, não tão inútil assim! - Ele não pôde deixar de alfinetar.

Volitar das águasOnde histórias criam vida. Descubra agora