O mar é um lugar perigoso, às vezes um tanto imprevisível, mas quando conduzir seu navio pelos inexplorados e quem sabe mágicos mares do leste se torna sua única saída, Zoe Delacroix arrisca tudo. Afinal, o que pode dar errado quando seu primeiro e...
Theirry ainda não conseguia entender o motivo daquela parada no meio do mar. Isso o deixava curioso. Contudo, após se recompor das palmas, Zoe declarou em bom tom:
- Vamos preparar um jantar no convés! - A ovação foi completa. - Não se esqueçam da música! - a capitã sorriu, mas o rapaz achou forçado demais.
Os marujos começaram a andar de um lado para o outro. Theirry tentou encontrar com a moça que poderia responder suas perguntas, porém ela se misturou entre as pessoas e sumiu de suas vistas.
- Quem você está procurando? - Kai perguntou enquanto o acompanhava pelo convés movimentado.
- A Zoe - respondeu, e logo avistou Nínive.
Ele se aproximou da moça que estava indo até a cozinha, que ficava na popa do navio; They só a alcançou quando a mesma entrou no cômodo.
- Jacques, preciso de velas! - A dona da pele negra pediu ao cozinheiro. - E fósforos.
O cozinheiro era um homem interessante, além de ser alto e esguio, tinha um humor exigente tanto para comida, quanto para pessoas. Para conquistar sua rabugice era necessário entender de comida e bons ingredientes.
- Olá, minha doce menina! - Jacques sorriu simpático para a moça.
Nínive havia conquistado o cozinheiro, pois ao abastecer o navio conseguiu preços incríveis para os melhores produtos de Gaily. Afinal, ter crescido perambulando por Gaily tinha seus benefícios.
- Já vou providenciar! - o cozinheiro se dispôs. - Mark, vá até a dispensa, por favor, e separe as velas. Estou vigiando essa panela.
O assistente logo se dirigiu até o local indicado. Theirry, por sua vez, tratou de fazer a parte que lhe cabia:
- Oh, finalmente estou conhecendo o responsável por aquela Paella excepcional que comi ontem! - Jacques começou a sorrir, mas o representante de Versya não parou por ali. - Que espécie de polvo era aquele, nunca comi nada tão saboroso! Você usou o caldo dos mexilhões para cozinhar o arroz na receita? Foi isso que trouxe o frescor do mar?
E foi assim que o rapaz conseguiu não só a atenção, como a afeição do cozinheiro mais mal-humorado de Gaily.
Após Jacques responder as dúvidas de They sobre a receita, Mark finalmente chegou com as velas que Nínive estava esperando.
- Obrigada, Mark! - Ela pegou as velas e já se virava para ir embora.
- Ah, Nínive - They chamou antes que a moça se afastasse. - Obrigado, pela dicas, Jacques, depois apareço aqui para aprender algumas dicas com você!
- Será um prazer, meu bom rapaz! - o velho sorriu e continuou seu trabalho. They se aproximou de Nínive, sendo seguido por sua sombra muda, como a moça passou a denominar Kai.
- Onde está Zoe? - O representante de Versya foi direto ao ponto. - Sei que essa parada no meio do mar, não foi apenas para fazer uma festa.
Nínive bufou. A capitã tinha lhe pedido descrição. Mas, lá estava o rapaz sabendo mais do que devia. Como explicar para ele no meio do convés o motivo da parada de emergência, Nínive declarou:
- Me siga. - Theirry assentiu e acompanhou a moça.
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A cacheada entrou pela porta da popa que dava num corredor, seguiu por ele, passando por diversos quartos menores, um deles pertencia aos rapazes que a seguiam, e então bateu na última.
- Entre! - a voz de Zoe soou clara mesmo através da grossa madeira. Nínive abriu a porta e após entrar, deu passagem para os dois representantes de Versya.
- Sei que pediu discrição - começou a explicar -, mas ele já tinha entendido que tinha um motivo por trás de nossa parada; eu não poderia explicar nada no meio do convés.
Zoe assentiu, mantendo a postura pensativa e Fergus abriu um sorriso convidativo. Foi nesse momento que Theirry pôde visualizar o cômodo em que estava. Vendo a cama ao lado da janela, arrumada com esmero, e o báu de roupas bem próximo, ele notou que estava no quarto da capitã. Outra coisa que lhe chamou a atenção foi a grande mesa com alguns mapas espalhados, os responsáveis pelo navio se reuniam em torno dela.
O quarto de Zoe era confortável e espaçoso, por isso, ela também o usava como sala dos mapas. Isso economizava espaço e lhe mantinha próximo do seu material de estudo. A capitã nunca gostou de ser pega de surpresa.
- Nini, por favor, acenda as velas - Zoe pediu.
O cômodo não estava tão escuro, graças a luz do pôr do sol que entrava pelas janelas do quarto, contudo a mesa não estava tão iluminada quanto o necessário.
- Como posso ajudá-lo, Sir Wright? - They conteve o sorriso ao ouvi-la lhe chamando pelo sobrenome, nem parecia que na noite anterior tinha falado seu nome com tanta naturalidade.
- Fiquei preocupado com a pausa inusitada na viagem.
- Não se preocupe, isso só melhora a disposição dos marujos. Não seremos prejudicados.
- Não é isso que me preocupa. Fergus, Kai e Nínive acompanhavam o bate-papo em silêncio; todos já sabiam que esse era o melhor procedimento.
- E o que seria?
- Você não daria uma ordem tão repentina se não fosse necessário. Principalmente, por ter colocado aquele rapazinho em risco.
- Ele não deveria estar onde estava - de alguma forma, o fato de Theirry já conhecê-la, irritou a moça.
- Isso não muda o fato de que você não daria uma ordem com tanta pressa, caso não fosse estritamente necessário.
Ambos se encararam por um tempo, o silêncio era mortal, They segurava o sorriso a fim de não irritar ainda mais a capitã a sua frente. Por mais que isso fosse divertido, o rapaz queria que ela o tivesse como aliado, não como inimigo.
Zoe soltou um suspiro rendida. Theirry era inteligente demais, para o próprio bem. Não havia motivos para esconder dele, algo que ele descobriria no dia seguinte junto com o resto da tripulação.
- Chegamos ao Cemitério das Águas Turvas.
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Galerinha, sobre domingo passado, eu distrai fazendo um relatório de estágio da faculdade e esqueci que era domingo!