O mar é um lugar perigoso, às vezes um tanto imprevisível, mas quando conduzir seu navio pelos inexplorados e quem sabe mágicos mares do leste se torna sua única saída, Zoe Delacroix arrisca tudo. Afinal, o que pode dar errado quando seu primeiro e...
Era seu último dia em terra firme, isso gerava um misto de emoções na moça. O mar era sua segunda casa. Nada para Zoe era tão emocionante quanto ouvir duas frases: “Levantar âncora" e “ Terra a vista!”
A moça era uma filha das águas, estava acostumada com o manejo e força do mar; em seu entender, estar cercada por águas, além de ser o que ela chamava de casa, também era um tanto terapêutico.
Olhar para aquela imensidão lhe dava uma sensação de plenitude, serenidade e totalidade, mas ao mesmo tempo poder, força, insignificância e fragilidade. Esses sentimentos tão contrastantes enchiam-a de uma sensação inexplicável. Ao mesmo tempo em que sentia seu coração se aquecer, percebia sua barriga gelada, em uma mistura de estar em casa e começar uma aventura.
E era exatamente aquilo que a atraía; a instabilidade que lhe deixava estável, a incerteza que lhe dava segurança. Mesmo correndo o risco de parecer confusa, Zoe Delacroix não tinha medo de demonstrar o que a imensidão azul significava para ela, afinal, o mar tinha o poder de traduzir quem ela realmente era.
Contudo, estar no mar significava estar distante do pai. Ela não estaria ali para acompanhar sua recuperação e isso doía-lhe o coração.
— O que essa cabecinha tanto pensa? — Marta perguntou acariciando os fios marrons do cabelo da moça.
Zoe estava sentada na escada de casa de frente a uma janela com vista para o mar.
— Amanhã eu vou viajar — respondeu, enquanto a mulher sentava ao seu lado.
— Eu sei — Marta seguia acariciando a menina que ela tinha como filha. — Mas, isso nunca te incomodou antes, muito pelo contrário, sempre te animou.
— Essa viagem é diferente.
— Diferente como? — a governanta quis saber.
— Vamos começar um tratamento novo para o meu pai, sei que não depende de mim, mas queria estar por perto…
— Sei que isso está te afetando, porém é claro que esse não é o verdadeiro problema — Marta a encarou com uma sobrancelha erguida, fazendo a moça rir.
— Você me conhece muito bem!
— Desde que era um bebezinho sem dentes! — Marta apertou o nariz de Zoe de forma carinhosa.
— Não temos um plano — Zoe sussurrou após encarar a janela por um tempo. Marta esperou, ela começava a entender o conflito de sua menina. O perfeccionismo e desejo de controlar o mundo estava em conflito com a perspectiva do incerto destino deles.
— Não estou sabendo como lidar com isso.
— O Eterno tem muito o que te ensinar com isso, meu amor! — Marta beijou sua bochecha.
— Você acha que Ele se importa? — Zoe lhe lançou uma olhadela dolorida.
— Tenho certeza! — Marta sorriu.
— O que as mulheres da minha vida estão fazendo sentadas numa escada? — Ernes perguntou assim que passou pelo cômodo.
— Estávamos conversando! — Marta respondeu se colocando de pé. — Agora, vamos logo tomar o café da manhã. Tenho que cuidar direitinho de vocês dois!
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O pôr do sol pintava o horizonte quando Zoe chegou na mansão do melhor amigo. Ela respirava fundo antes de bater na porta, quando a voz carinhosa dele soou em seus ouvidos:
— Zoe? — ele tinha um sorriso doce nos lábios quando a moça girou em sua direção.
O rapaz tinha saído de casa para apreciar o anoitecer de seu jardim, quando percebeu a aproximação da amiga e dona de seus sentimentos carinhosos.
— Oh, você está aqui fora… — a moça se sentiu tímida.
— Ao que devo a honra dessa visita? — Sales perguntou gostando do tom rosado na bochecha da moça a sua frente. Zoe se aproximou do amigo e, com um olhar, acordaram caminhar juntos pelo jardim. O sol alaranjado deixava as flores tão brilhantes que aquecia os corações.
— Partirei amanhã de madrugada — a capitã respondeu sem olhar para o homem ao seu lado.
— Veio confirmar o tratamento de seu pai? — Sales perguntou calmamente.
— Vim me despedir de você — respondeu firme. — Se cuide durante esse tempo que estarei fora.
O sorriso de Sales aumentou, ele se sentia satisfeito por saber que ela se sentia preocupada com ele. Não que aquela fosse a primeira vez que a moça dizia aquilo antes de uma viagem, porém o rapaz notava o quanto ela estava tímida em fazer aquilo daquela vez. Ele achava extremamente fofo.
O médico parou de repente e fez com que a jovem o acompanhasse, contudo o encarando interrogativamente.
— Quero te pedir um favor — ele explicou.
— Claro! — Zoe concordou prontamente. — O que deseja?
— Quero que leve com você — ele tirou algo do bolso.
Quando finalmente entendeu do que se tratava, Zoe arregalou os olhos. Ali a sua frente estava o anel de noivado que pertencia a Grecya DeLuca.
— Sales! — Zoe quase gritou, fazendo o rapaz soltar uma risadinha.
— Eu mesmo.
— Isso não é brincadeira! É o anel da sua mãe!
— Exatamente — Sales concordou sorrindo. — Meu pai o recebeu da minha avó para propor à minha mãe.
— Uma herança de família! — Zoe arfou. — Não posso levar isso comigo! — A moça lhe lançou um olhar aterrorizado.
— Zoe — Sales começou com aquele tom carinhoso que a moça tanto conhecia —, não quero que se sinta pressionada ou forçada a nada. Eu só quero que entenda. Leve o anel como uma certeza de que estou esperando por você, quando estiver pronta, coloque ele no dedo. Então saberei que está pronta.
— Sales… — Zoe estava assustada com tanta informação.
— Por favor, volte bem! Eu cuidarei de seu pai! — E com essas palavras o rapaz deixou o anel nas mãos da amiga e correu para dentro.
Zoe não conseguia raciocinar com a linda joia, de ouro e pedra âmbar cravejada em seis lados, pesando em sua mão.
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Dia de babado forte por aqui! E pessoal esse anel é tão lindo na minha cabeça, se um dia conseguir desenhar ele, mostro para vocês.