- então você quer um atestado? - perguntei pro recruta que tinha acabado de se voluntariar para o serviço militar.
Ele parecia desesperado por uma desculpa pra não ter que comparecer aos treinos.
- por favor, eu pago o quanto você quiser - ele dizia quase se debruçando na mesa. De todos os pacientes que eu havia atendido aqui, ele aparenteva ser o mais jovem de todos - meu pai que me obrigou a servir, vou morrer se me colocarem na frente de ataque.
- olha, eu realmente sinto muito - eu ajustei meu jaleco e tirei o estetoscópio do pescoço - mas não posso te dar um atestado falso. Acabei de começar nesse emprego, não posso ser demitida.
- nós dois somos novatos - ele continuava - você me entende mais do que qualquer um.
- não entendo. Sou enfermeira, não militar.
- qual é, você entendeu o que eu quis dizer.
Eu me levantei, já o guiando pra fora da sala.
- eu tenho outros pacientes pra atender, se me dá licença.
- e se eu quebrar o braço? Consigo um atestado? - ele agarrou meus ombros - posso fazer isso agora mesmo.
- ei, não! - me desfiz de seu toque - nem pense nisso.
- por que não? Você disse que é enfermeira. Iria cuidar do meu braço e eu conseguiria um atestado.
- sugiro que você fale a verdade para seus superiores. Assim, ninguém fica com o braço quebrado - peguei o rapazinho pelo pulso e abri a porta, vendo a fila de pessoas sentadas me aguardando. Uma quantidade considerável de homens fardados, alguns estavam sentados no chão ajustando armas e outros de braços cruzados, impacientes - até mais.
- não! Você tem que me ajudar nisso! - ele voltou a me agarrar nos ombros - não posso voltar pra casa, meu pai me mataria.
- desculpa mesmo, mas isso não é problema meu. Quando estiver doente de verdade, pode voltar aqui.
- o que? Você é paga pra isso, eu exijo meu atestado! - ele estava visivelmente fora de si e prestes a me golpear numa tentativa de me fazer obedecer as suas exigências.
Entretanto, uma mão segurou o braço do rapaz antes que atingisse minha face. O homem era ridicularmente mais alto que o garoto, o fazendo se recolher como um cachorro com o rabo entre as pernas. Na verdade, ele era mais alto que todos ali. Facilmente teria uns 2 metros.
- não atrase a fila - o soldado disse para o rapaz num sotaque alemão carregado.
O rapazinho xingou e foi embora contrariado.
O rosto do homem a minha frente era coberto por uma espécie de máscara que deixava somente seus olhos verdes à mostra. Ele estava fardado, munições e equipamentos pendurados por seu uniforme. Não via arma porém não estranharia se estivesse com alguma escondida. O uniforme era repleto de alças, que apertavam as pernas e os braços dele, ressaltando o volume de músculos escondidos por debaixo do tecido.
- sinto muito - eu disse, me referindo à pequena confusão - entre.
Ele não me respondeu, apenas entrou na sala de atendimento se inclinando pra passar pela porta. Definitivamente ele tem no mínimo 2 metros de altura, pensei ainda o decifrando.
A Major Kiera havia me dito que nem todos os militares revelam seus verdadeiros nomes ou rostos. A maioria usa pseudonimos e máscaras para manter o anonimato. Não me permitir peguntar o motivo disso, mas imagino que tenha alguma relação com os grupos e facções que eles se filiam.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Konig • COD [+18]
FanfictionMia havia sido aceita para trabalhar na enfermaria de uma base militar de alta patente. Ela só não esperava estar cercada por soldados atraentes, principalmente por Konig, um atirador austríaco de 2 metros e que por algum motivo sempre a evitava. ❗️...