A noite estava calma, estava deitada no peito de Konig enquanto observava o anel brilhando no meu dedo.
Sorri ao relembrar os últimos anos ao seu lado, sabendo que fiz a escolha certa ao dizer sim para esse homem. Lembrei da primeira vez que o vi, da primeira vez que o beijei, da primeira vez que o toquei e da primeira vez que me deixei ser tocada por ele. Nunca imaginaria que seria a noiva desse homem assustador. E ridiculamente lindo.
- ainda acordada? - escutei sua voz de sono acima de mim.
Meu coração se aqueceu instantaneamente.
- é tão lindo - falei enquanto girava o anel no meu dedo - não consigo parar de olhar.
Senti ele sorrir e seus braços logo se acomodaram ao meu redor, me apertando contra seu corpo nu.
- é o que acontece comigo. - ele respondeu.
- como assim?
- não consigo parar de te olhar, também. Você é linda.
Algo frio percorreu meu corpo bem atrás do umbigo. Ele percebeu que havia ficado sem resposta e se aproximou do meu ouvido, mordiscando a ponta da minha orelha.
- vou passar o resto das nossas vidas dizendo isso para você... - sua voz rouca roçava minha pele, me arrepiando - ao acordar, direi que é linda enquanto trago seu café... - ele desceu seus lábios para o meu pescoço - depois, direi que a amo... - senti beijos molhados na região me fazendo ficar ofegante - e depois vou te relembrar que é minha enquanto entro lentamente em você.
- Konig...
- shh - ele segurou minha mão para que eu parasse de girar o anel, prendendo meu pulsos - ainda não disse que a amo. Posso fazer isso de uma forma diferente hoje.
Ele se virou por cima de mim, puxando meus braços acima da minha cabeça e me prendendo. Com a mão livre, ele segurou na base do meu pescoço e se aproximou da minha face.
- abra as pernas pra mim, meu amor.
De repente me senti estranha. Paralizada, mas ele continuava a me provocar.
- Mia.
Não conseguia responder a seu chamado.
- Mia... - ele dizia de modo urgente - Mia!
Konig me carregava nos ombros enquanto corria. Só quando vi o sangue que jorrava de seu braço me dei conta do que estava acontecendo e desejei que tudo fosse um grande pesadelo. Queria voltar ao sonho e esquecer da vida real.
- Mia! - ele disse mais uma vez.
Grunhi confusa, retomando os últimos acontecimentos. Ele me carregava em um só braço, o outro estava ferido e segurava a arma gigantesca. Não fazia ideia de como ele conseguia correr e me carregar após ter sido baleado.
Congelei. Era isso.
Ele tinha sido baleado. Não uma, mas várias vezes.
- Konig. Para.
Escutei ele respirar aliviado.
- você está bem? - ele perguntou ainda correndo e olhando para os lados. Sua voz estava fraca, o músculo de seu braço tremia sob o tecido abaixo de mim.
- para, agora! - tentei sair de seu ombro mas ele me ignorou - Konig, você corre risco de vida. Tem que parar e me deixar cuidar de você.
Sinceramente, não havia muita coisa que eu poderia fazer por ele naquele momento. Estava sem meus equipamentos e ele estava com balas alojadas no braço.
Escutei uma porta ser arrombada e quando fui arremessada na cama, soube que era o nosso quarto. Konig travou a porta e se ajoelhou no chão, tentando juntar suas forças e estocar o sangue.
Corri até ele e me lancei ao seu lado, analisando seu braço sem me importar com a bagunça que seu sangue fazia em minhas mãos.
- aí meu... - disse completamente assustada. Não queria pensar em consequências ruins, mas aquilo estava verdadeiramente feio. O medo só aumentava ao pensar que não poderia fazer nada ali - Konig...
- não irei morrer, Mia - ele falava pausadamente, grunhindo de dor - porra...
Não queria chorar ali. Deveria ser forte, mas uma ardência desnecessária começou em meus olhos. A única coisa que me veio a cabeça foi fazer um torniquete.
Rasguei a barra do meu vestido e começei a prender em seu braço, sentindo meu coração apertar a cada som que Konig fazia. Minhas mãos tremiam a medida que eu tentava enrolar firme o tecido.
- Mia, preciso que me escute.
- antes, me prometa que não vai morrer.
Ele gemeu de dor quando apertei pela última vez, torcendo pra que o sangue parasse.
- eu prometo - ele disse.
- vou chamar uma ambulância.
Quando ia me levantar, ele me puxou para o chão. Fiz menção de sair dali mas ele me segurou ainda mais firme, me fazendo olhá-lo nos olhos.
- não sei quando a verei de novo.
- o quê? - achei ter escutado errado.
Ele tossiu ao segurar mais um grunhido de dor.
- eu os matei.
Senti o ar sumir dos meus pulmões. Estava muda. Eu deveria me levantar e chamar a porra da ambulância, mas não sabia se conseguiria me levantar depois dessas palavras.
- Rod e a mulher de óculos - ele completou - haverá consequências para mim. Na melhor das situações, perco o meu cargo e sou mandado para outra base, me alio a outros grupos e começo tudo de novo.
- Konig.
Podia sentir meus olhos marejados.
- na pior das situações, eu...
- pare com isso, por favor - minha voz falhou e finalmente cedi ao medo e às lágrimas que tentava segurar - por favor.
Fechei os olhos completamente envergonhada por ter causado essa situação e principalmente por não saber como resolvê-la. Não queria que ele me visse chorar, até porquê não era eu que precisava de consolo ali.
- vou chamar a ambulância e depois que você melhorar, podemos falar sobre isso.
Senti sua mão acariciar minha bochecha e limpar as lágrimas que escorriam por minha pele. Esse gesto fez com que eu desabasse mais ainda. Segurei em sua mão, quase numa prece pra que ele não desaparecesse.
- Konig, por favor.
- quero que continue em seu cargo. Irei dar um jeito com o meu, mas até lá nós não...
- eu disse que ficaria com você.
- não é o nosso fim, Mia. É apenas o início - ele se aproximou com dificuldade pra se equilibrar. Konig pegou meu rosto com as duas mãos e me forçou a olhá-lo mais uma vez - quando eu disse que queria que você fosse minha, eu realmente desejei isso. Ainda desejo e honestamente é isso que me move. Não estou falando que vou abandoná-la, não há nenhuma parte de mim que poderia sequer pensar nisso. Por isso, preciso que continue viva e em seu cargo. Saberei onde você está e farei o máximo pra reencontrá-la. Sou seu até que a porra do meu coração pare de bater. Vivo por você, mato por você e morro por você. Irei te reencontrar, tem a minha palavra.
Ele começou a se levantar.
- espera - me levantei também - eu...
- abra a porta! - alguém bateu do outro lado - sabemos que está aí, Konig!
- vá para o banheiro e tranque a porta. Só saia de lá quando me levarem daqui - ele disse para mim, tossindo mais uma vez - por favor, Mia.
Queria ao menos ter uma despedida descente ou estar em condições de hesitar e enfrentar seja lá quem for. Mas o olhar de Konig também era de medo, era nítido que ele falava a verdade e temia me perder.
Sem pensar duas vezes, entrei no banheiro e travei a porta.
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Konig • COD [+18]
FanfictionMia havia sido aceita para trabalhar na enfermaria de uma base militar de alta patente. Ela só não esperava estar cercada por soldados atraentes, principalmente por Konig, um atirador austríaco de 2 metros e que por algum motivo sempre a evitava. ⚠️...
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