XXXII • (Parte 2)

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Acordei com uma dor de cabeça forte e uma gritaria próxima. Olhei ao redor e ainda estava algemada na veículo militar, que parecia estacionado. De onde eu estava, deitada no banco gelado, era possível ver o ambiente ao meu redor já que uma parte do automóvel era aberta. Madrugada, pensei, só não sei de qual dia exatamente.

A dor de cabeça provocava um zumbido no meu ouvido. Merda. Estava com sintomas de desidratação, a minha face suja de sangue seco e as minhas mãos tremendo. Talvez de fome, de sede ou de terror das últimas horas mantida em cativeiro aqui.

A gritaria aumentava e me forcei a esticar o rosto pra identificar de onde vinha.

Jude. Tinha certeza de que era ela gritando.

- e o que você quer que eu faça? - ela gritava irritada.

- quero que você fique comigo. Entramos nessa guerra juntos. - Kade respondia no mesmo tom.

- você me ameaçou a vir pra cá! Não é como se eu quisesse ser sua parceira de crime.

- você já é minha parceira.

- deixei de ser no dia que você...

- porra! O que eu tenho que fazer pra você entender que a porra daquele bebê era meu também?

Escutei alguns grunhidos e sons de combate físico. Me remexi, sentido que deveria ajudar. Tentava me soltar daquela algema terrivelmente apertada.

- você me deve isso, Jude. Você e a puta da enfermeira mataram o meu filho. Você minimamente deveria me agradecer por eu não ter te matado naquele dia. Se está aqui comigo é porquê você é sim minha parceira de crime e teme por sua vida.

Era como eu imaginava. Ele havia a forçado a entrar nesse grupo. Algo dentro de mim se partiu em saber o que Jude deveria ter passado ao longo desses dias.

Outro embate, porém dessa vez alguém havia caído violentamente no chão.

- filho da puta! - ela gritava alto - eu deveria ter deixado você me matar!

Escutei um barulho forte de soco.

- me mata, Kade! Anda logo com isso!

Me remexi com mais força. Precisava sair daqui e fazer alguma coisa. Puxava tão forte a algema que o metal começava a cortar minha pele. Cogitei puxar até que minha mão passasse pelo buraco, mesmo que resultasse em alguns dedos deslocados. Usei a máscara como apoio para morder e não fazer barulho.

Começei a forçar e sentir minha mão esquentar em uma dor aguda.

- vou fazer você pagar tudo o que fez ao meu filho! O que fez a mim.

Porra. Mordi com mais força, sentindo meu dedão retorcer. Fechei os olhos e me concentrei em morder o pano até que escutei algo se quebrar. Imediatamente uma dor latente atravessou meu braço.

Eu estava livre.

Minha mão estava em um tom de roxo e vermelho, mal se mexia. Lágrimas de dor e de alívio caíram silenciosamente. Ela estava completamente quebrada. Meu plano de deslocar alguns dedos havia falhado miseravelmente, no entanto eu ainda tinha outra mão. Deve servir, pensava enquanto me recompunha da dor.

Tirei a máscara da minha boca e improvisei uma atadura, me controlando pra não emitir som. Nunca havia sentido uma dor igual a essa.

Saltei do veículo e corri em direção ao barulho dos grunhidos dentro da mata densa.

Chegando lá, encontrei Jude lutando pra roubar a arma de Kade enquanto rolavam no chão num embate físico selvagem. Ela estava com vários machucados e ele parecia satisfeito em machucá-la.

Konig • COD [+18]Onde histórias criam vida. Descubra agora