Pessoas passavam por mim indicando o fim de expediente. Eu tinha em torno de 1 hora até meu plantão se iniciar mais uma vez, procurava gastá-lo da melhor forma possível, buscando um local para espairecer.
Intercalava meus olhos entre o relógio de pulso e as pessoas que esbarravam em mim pelos corredores estreiros e mal iluminados da base. Tentava não me perder, embora fosse inacreditável a minha capacidade de me confundir com tantas esquinas e becos daquele lugar mesmo após meses.
Pensava no que levaria para o evento que se aproximava, no que faria caso algo de ruim acontecesse, repassava mentalmente os ensinamentos de Konig sobre manusear armas, formulava frases prontas para caso precisasse me apresentar. A ansiedade acelerava meu coração, o trabalho me deixava cansada mas me esforçava para manter apenas os pensamentos bons.
Eu tinha um trabalho com uma excelente remuneração, um cargo de relevância, excercia a função que eu tanto amava. Não deveria existir espaço para tantas incertezas na minha mente, mas existia.
Um baque me assustou repentinamente, como se alguém tivesse sido arremessado com uma força violenta contra a parede do corredor ao lado. Desacelerei os passos, em alerta buscando possíveis ameaças e locais onde poderia me refugiar caso fosse uma espécie de assassino em série. Aja como uma mulher corajosa, Mia. Minha voz interior dizia antes que eu desse meia volta.
Era um lugar mais afastado que os demais, o que me permitia escutar a briga que começava a se formar. Ao menos era o que eu achava.
Mais um baque, dessa vez seguido de um grunhido de dor. A voz era masculina, choramingava alto. A única parede que nos separava tremeu com a colisão, me fazendo congelar no lugar imediatamente. Fiquei perplexa com a força que era desferida ao homem. Mais que isso, estava perplexa por ele ainda estar vivo. Escutei passos, como se ele tentasse se levantar, obviamente interrompido mais uma vez. A parede voltou a tremer.
Não bastou uma frase pra que eu reconhecesse em menos de uma sílaba o dono da voz que choramingava.
Kade.
Aquilo aguçou minha atenção.
- já disse! Não fui eu que contei - ele dizia desesperado.
Mais um estrondo. O concreto tremeu mais uma vez.
- porra! Quer me matar por algo que nem fiz? Não tenho culpa se você não sabe disfarçar! Uma hora ou outra iriam descobrir - a voz saía pausadamente - não tenho nada a ver com a sua amizade com Rod.
Dessa vez o estrondo foi o maior possível. O barulho do corpo de Kade caindo no chão, indicava que a outra pessoa já tinha chegado ao limite dos murros. Mais um movimento seria letal a Kade. Escutei passos inquietos, como se aquele que batia estivesse andando em círculos. Engoli seco, tentando não fazer nenhum barulho.
Kade cuspiu, a respiração completamente descompassada.
- Rod descobriu e não foi sozinho - a voz de Konig estava grave demais.
Meu corpo gelou, meu sangue parou de correr. Konig estava esmurrando Kade bem ao lado.
Ele suspirou pesado.
- porra - o soldado xingou em alemão - eu juro que se tiver sido você...
- não foi! Caralho, Konig - Kade gritou - Já viu como você age quando ela aparece?!
Ela. Além deles, existe uma mulher que desperta em Konig os piores instintos que um ser humano poderia ter.
Ela. Esse pronome começou a martelar no meu crânio.
- se tem tanto medo de Rod, por quê não enfrenta ele como um homem de verdade? Por quê não resolveu isso quando teve a chance? Esperou se envolver com uma enfermeirazinha achando que ele não estaria de olho. Ele te quer morto, cara. Você é ingênuo demais.
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Konig • COD [+18]
FanfictionMia havia sido aceita para trabalhar na enfermaria de uma base militar de alta patente. Ela só não esperava estar cercada por soldados atraentes, principalmente por Konig, um atirador austríaco de 2 metros e que por algum motivo sempre a evitava. ❗️...