VI

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Eu estava morta mas já sabia como segurar em um rifle. Passei a semana toda treinando após o expediente, Konig não era o melhor professor do mundo mas era alguém experiente, demonstrava mais do que falava. Nossas sessões eram silenciosas. Konig era silencioso. Não sabia ao certo se ele evitava falar comigo de propósito como um meio de atrasar meu aprendizado ou por conta da ansiedade. Descartei a primeira opção, talvez Konig não fosse tão sádico assim.

Paralelo a isso, tive notícias de Jude. Ela havia me puxado em uma das minhas voltas pro dormitório, comemorando que a pílula tinha feito efeito, embora o namorado continuasse furioso comigo alegando que tinha envenenado ela. Tecnicamente, parte disso era verdade. Seja como for, acabei ganhando uma amiga e um inimigo de brinde. Kade não suportava olhar pra mim e não perdia a chance de me humilhar.

- sabe imobilizar uma pessoa? - Konig perguntou.

- achei que nossas aulas eram de tiro.

- defesa pessoal vai além de armas de fogo.

Abaixei o rifle que ele tinha me emprestado, erguendo meu olhar até o dele.

- se chutar os joelhos pra fazer o adversário cair contar como imobilização, então sim. Sei imobilizar uma pessoa.

Tive a impressão que ele sorria sarcástico por baixo da máscara. Ele colocou a arma no chão e cruzou os braços, cravando seus olhos nos meus.

- vá em frente.

Sorri diante de tanta confiança em si mesmo.

- quer que eu te derrube? - perguntei mesmo já sabendo a resposta.

- ouviu o que eu disse. Vá em frente.

Não me considero alguém competitivo, mas quando sou provocada sou capaz de tudo, até mesmo de derrubar um homem de 2 metros. Larguei a arma e endireitei a coluna, percorrendo os olhos pelos pontos sensíveis no corpo de Konig, pensando em quais articulações atingir.

O uniforme dele era justo e apertava as coxas, revelando que também tinha força de um monstro nas pernas. Konig por inteiro era um monstro. As vezes me questionava se ele usava alguma coisa pra ser tão grande assim, ou se os treinos eram o suficiente pra deixá-lo tão forte. Se a resposta fosse a segunda opção, então definitivamente ele era um monstro.

As mãos grandes estavam escondidas embaixo do antebraço, inquietas e esperando o momento de contra-atacar. Era até aí que meu olhar alcançava sem que eu erguesse a cabeça.

Parti pra cima, golpeando com a perna a parte de trás do joelho, no entanto ele apenas estremeceu de leve. Nem se quer desequilibrou. Senti os músculos tensos que o revestiam. Tentei mais uma vez, colocando mais força. Obviamente, sem sucesso.

Konig continuava a me olhar de braços cruzados, se divertindo com a cena. Me senti ainda mais provocada.

Dessa vez parti pro combate corpo a corpo, e como se fosse um muro pulei pra alcançar os ombros e tentar virá-lo com o meu próprio peso para que o imobiliza-se no chão.

Konig descruzou os braços, o que já considerei uma vitória. No entanto, foi ele que me virou, ainda de pé me colando em sua frente e me dando um mata leão com os braços. Ele não fazia força, como se debochasse ainda mais.

Agarrei no braço que prendia minha face, tentando sair dali. O bíceps dele me esmagava de um jeito tão ridículo que fez minha energia sumir de repente.

- tá, eu perdi! - eu disse me rendendo.

- se eu fosse seu inimigo, estaria morta agora.

- eu já sei que sou ruim, dá pra parar de tomar vantagem disso?

Konig • COD [+18]Onde histórias criam vida. Descubra agora