IX

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*quem é vivo sempre aparece🤞 desculpa o sumiço, tava lotada de coisa pra fzr

Meu joelho tremia sempre que retomava as falas de Konig na enfermaria. Conseguia sentir os dedos dele no meu queixo, os olhos fixados em mim, o cano gelado da arma dele roçando na minha roupa. Konig me deixava vulnerável, me sentia pequena (em todos os sentidos possíveis dessa palavra). Desde aquele dia passei a observar melhor seus comportamentos, o que deixava nossas sessões ainda mais silenciosas. Afinal, eu era a responsável por quebrar o silêncio naquele porão já que Konig não se importava nenhum pouco em conversar.

Os dias na enfermaria de repente ficaram mais longos e os nossos treinamentos se tornaram mais curtos, mesmo que os horários continuassem os mesmos. Algo em Konig embaralhou meus sentidos, me sentia estranhamente intrigada por aquele soldado de 2 metros. Talvez mais do que deveria. Queria que ele respondesse minhas perguntas. Queria ouvir ele dizer o que eu já sabia.

Aliados.

Sorri comigo mesma, curiosa pra saber como Konig interpretava o significado dessa palavra. Certamente não era da mesma forma que a minha. Konig tinha essa coisa de elevar a situação, seja ela qual for. Parecia que ele sentia em dobro, por mais que não verbalizasse. Contudo, ele demonstrava perfeitamente.

- Mia.

Assim que ergui a face, Major Kiera me olhava com os braços na cintura. A postura perfeita, impecável demais até pra alguém da patente dela.

Disfarçei o constrangimento de ser pega sonhando acordada no meio do expediente e sorri da melhor forma que pude.

- pois não?

- uma das poucas pessoas que vejo sorrindo por aqui.

- sorrindo?

Ela me olhou esperta, gostando de me intimidar.

- não parou de sorrir desde que cheguei.

Senti o constrangimento aumentar. Eu estava sorrindo, mas só um pouco. Não era como se fosse suficiente pra deixar a Major Kiera passar despercebida por mim.

Endireitei na cadeira, ajustei o jaleco e tentei manter a postura profissional.

- posso ajudar com alguma coisa? - perguntei, ignorando o olhar malicioso que ela me lançava. Algo nas mulheres desse lugar era ridicularmente intimidador.

- só vim avisar que você viaja amanhã cedo.

- desculpe? - pensei ter ouvido errado.

Ela trocou o apoio do corpo pra uma das pernas e me olhou séria, escondendo as mãos no colete.

- terá uma missão importante amanhã, o esquadrão é bom mas sem um enfermeiro fica difícil. Os soldados convocados estão entre os melhores de cada patente. Precisarão de você na linha de frente.

Senti meus ossos pesarem na cadeira e tinha certeza de que estava pálida. Eu mal se quer conseguia lidar com os problemas locais na enfermaria, quem dirá sob pressão na linha de frente.

- o Matt não seria melhor? - sugeri, torcendo pra que ela me liberasse dessa tarefa.

- a conversa não é sobre ele. Esteja pronta amanhã cedo, passo na sua porta pra te buscar.

- espera. Quantos dias vou ter que ficar la?

Ela sorriu, como se tivesse escutado a coisa mais idiota do mundo.

- deveria saber que batalhas e confrontos não tem hora marcada pra acabar.

Ela se virou pra ir embora.

Konig • COD [+18]Onde histórias criam vida. Descubra agora