O garoto de ouro

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— Solace! — Gritavam os vários repórteres apontando microfones e câmeras para a cara do Quarterback, cujo único objetivo de vida, no momento,  era chegar ao vestiário.

— Como se sente tendo classificado Harvard para as oitavas de finais? — Alguém fala, mas Will estava mais concentrado em sua respiração, no caso em se manter respirando.

— Eu não classifiquei o time teiro sozinho, todos fizeram sua parte — Murmura ofegante a resposta que já havia ensaiado bilhares de vezes, mas os repórteres não param de o seguir.

"Eu só preciso chegar no vestiriário, no final dessa merda desse campo" Ele ainda estava na metade.

— O peso sobre o menino de ouro é enorme,  já que,  Harvard não ganha nenhum inter-escolar desde 1980. Como você, tendo apenas 21 anos, lida com o peso de uma universidade inteira sobre suas costas? 

"Eu não lido" Pensa o garoto dos cabelos loiros e olhos azuis, sem responder à pergunta imediatamente.

— Como eu disse antes, esse peso não é só meu, o time inteiro sofre pressão, mas lidamos muito bem com ela, de maneira que nos impulsione e não nos afunde —  Ele sabia que mesmo se oferecesse um milhão de respostas, ainda assim não seria o suficiente para eles, mas respondeu essa pergunta em específico porque o tocou, e não queria demonstrar isso.

Nesse momento, o garoto sentia como se estivesse em alto mar, bem na noite em que a lua atingisse seu ponto máximo no céu. Ele estava lutando contra as ondas que recaiam sobre ele. Tentava buscar ar, porém, lentamente a maré o puxava, tornando inútil qualquer esforço. Ele se afogava de maneira lenta e dolorosa.

  Apertando o passo, o garoto chega ao outro lado do campo, entrando no vestiário e assim fugindo dos malditos repórteres. Não havia mais ninguém ali, todos seus amigos haviam ido embora após Quiron, o diretor da universidade, ter praticamente forçado Will a dar muitas entrevistas.

— Inferno — Diz Will em uma tentativa falha de recuperar o fôlego. Seu corpo tremia e parecia que ele iria vomitar. Oque não poderia acontecer, já que, William Andrew Solace, a promessa de Harvard, não podia ser pego tendo uma crise de pânico.

O refeitório da universidade estava mais agitado que o normal, até mesmo para o primeiro dia de aula. Todos olhavam para Will, o cumprimentando e sorrindo, oque fazia o dia do garoto ficar um pouco melhor. A última noite havia sido difícil, ele havia caído em um "limbo existencial" e acabou perdendo o sono nesse negócio de "olhar pro nada e pensar em tudo". 

Will costumava gostar do começo do ano letivo. Novas pessoas, novas aulas e principalmente menos um ano de faculdade. Mas gostava mais ainda quando classificava seu time para o inter-universitário da NFL. Simplesmente a segunda maior competição de futebol americano dos Estados Unidos.

— Nossa, eu não aguento mais isso. Só falta te beijarem — Diz Percy Jackson, Vice capitão do time de futebol americano da universidade.

— Eu também não — Diz Jason Grace, que também era do time de futebol, e tentava encontrar uma mesa vazia — Hoje está muito mais cheio do que o normal. 

— Não tem lugar no nosso lado para sentar — Diz Thalia Grace, irmã gêmea de Jason e melhor amiga de Will Solace. Eles eram tão grudados que durante o primeiro e  segundo ano todos pensavam que eles namoravam escondido, porém a teoria dos universitários foi por terra quando Thalia se assumiu lésbica — Esses calouros nem sabem qual é a república deles e já vão sentando em qualquer canto — Diz fazendo seu biquinho mal-humorado clássico.

  Uma coisa que deixou Will muito confuso quando era calouro foram essas repúblicas. As repúblicas universitárias em Harvard eram divididas em quatro. Os leões, que era o pessoal dos esportes. Os falcões, que faziam os cursos de biológicas. Os texugos que eram de humanas. E as serpentes, o pessoal inteligente e metido de exatas e entre outras porcarias. Pelo que Will sabia, esse sistema já era antigo, sendo feito para que as pessoas se adaptassem melhor á escola.

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