Para Will parecia que os dias estavam se passando mais rápido, ele estava no piloto automático, não ligava para muita coisa. Afinal, se ele pensasse muito no futuro, ficaria ansioso, com medo de dar tudo errado. E se ele pensasse muito no agora, ele também ficaria ansioso, justamente porque estava dando tudo errado.Ele havia ganhado o último campeonato, na verdade, sua equipe, ele foi praticamente carregado. Seu desempenho no futebol já está negativado de tão ruim. Ele não tinha mais vontade de comer, seu físico estava horrível. Ele havia ficado as férias inteiras deitado na cama vegetando.
Will não queria pensar no que estava acontecendo. Ele tinha apenas uma certeza, no final do ano tudo daria certo. Sendo assim a questão era apenas seguir seus dias.
As aulas haviam voltado e Will não estava nada preparado para isso, ele precisaria de uns três messes para conseguir de fato descansar, isso se sua cabeça permitisse, parecia que mesmo depois de um cochilo de dez horas ele ainda estaria cansado.
— Will? — Thalia o desperta de seus devaneios.
— Humm — Ele diz olhando para o grupo que havia recentemente voltado de viagem.
— Cara, você tem certeza que está bem? — Pergunta Percy pela milésima vez no dia.
Will sabia que não estava bem, mas nem ele sabia por quê. Bem, talvez ele imaginasse alguns motivos. Talvez sua vida inteira dependendo apenas dele, mesmo sem nenhuma possibilidade de fracasso, era algo pesado. Talvez seu destino, que poderia ser de volta as periferias da Argentina ou no topo do mundo com os melhores dos melhores do futebol americano, era algo insanamente polarizado e pesado. Talvez toda essa pressão para tornar sua natureza naturalmente descontraída em um estudante exemplar, era algo pesado.
Mas, no fundo, ele sabia que esses não eram os reais problemas. O garoto passou por situações assim durante sua vida inteira, e sempre saiu delas com o queixo erguido. Mas agora era diferente, agora parecia que ele havia murchando. Oque antes era coragem, virou apenas teimosia, oque antes era descanso, virou apenas preguiça e oque antes era uma força de vontade absurda de vencer, virou apenas uma força de vontade de sobreviver, força essa que ele via indo pro ralo todos os dias, o deixando como um zumbi, vagando pela terra porque não pode morrer. Ele sabia que ele não era assim, até poderia ser um garoto "rebeldezinho" e nada intelectual, mas sempre foi experto e dedicado. Hoje ele só era um drogado que gostava de dormir e assistir Star Wars.
— Will?
— Eu lembrei agora que tenho que ir indo galera, tenho uns negócios para resolver — Will nem sabia quem havia dito seu nome e esperava sinceramente que seu silêncio não tivesse respondido à pergunta de Percy.
— Eu quero um duplo quarteirão, uma batata frita grande com Bacon e cheddar e um suco de uva de 700 ml
— Crédito ou débito? — A mulher responde pegando a maquininha
— Crédito — Will aproxima o cartão e com um "Bip" agora tinha seu almoço.
Will havia resolvido matar aula no McDonald's, ele merecia isso ou pelo menos achava que merecia isso. Se sentou em qualquer mesa e começou a devorar o lanche. Fazia tempo que ele não fazia isso, realmente devorava algo com gosto.
Nesse último mês tudo havia mudado, parecia que o mundo havia ficado pequeno demais, e nesse mundinho isolado ele apenas queria dormir e se drogar. Ele não queria falar, não queria desabafar, brigar e bem explicar, ele queria ficar confortável e apenas ignorar tudo.
Seu "pequeno mundinho" consistia em seu quarto, mais especificamente sua cama, o corredor, o banheiro e ele, Nico Di Ângelo. O garoto, na verdade, não tinha valor sentimental algum para o loiro, ele não era algo necessariamente "bom", mas agora sua presença não era mais vista como um incômodo, Nico havia se tornado algo que de certa forma era familiar. Will imaginava que o tempo de convivência fazia isso com as pessoas.
"Acho que todo mundo consegue se acostumar com qualquer coisa" pensa ele, ficando em dúvida se isso é algo que poderia ser generalizado ou não
Por mais que Will não tenha saído de seu quarto durante seu mês de surto, ele havia percebido que a atmosfera havia mudado, oque era ótimo. Ele não aguentava mais não poder pegar algo na cozinha porque Nico estava na sala ou não ficar confortável na sala porque Nico estava na cozinha, isso realmente era desgastante.
Porém, por mais que eles não estejam sendo babacas um com o outro, ainda havia um pequeno desconforto quando estavam próximos, Will se sentia um pouco tenso, por algum motivo que nem ele sabia o qual.
Outro fenômeno estranho que o loiro reparou era que quanto menos babaca ele era com Nico, com mais vergonha dele ele ficava. Antes Will não se importava se iria deixar a casa inteira fedendo a erva, agora ele até se preocupava em tomar banho rápido para Nico não precisar segurar o xixi. Ele queria estar apresentável perto de Nico, ele não queria fazer coisas estranhas na frente de Nico, ele se importava muito com tudo que ele faria perto de Nico, oque parecia meio louco e ele não queria gastar tempo tentando entender apenas para chegar em respostas cansativas que envolveriam demais Nico.
Will chacoalha a cabeça, tentando voltar para o presente, onde ele estava com um sanduíche meio frio em suas mãos. Quanto tempo ele havia ficado parado pensando?. O tempo ultimamente andava diferente para ele, às vezes muito rápido e outras vezes devagar além da conta.
— Moço, eu acho que esta tocando — Diz uma mulher, olhando estranhamente para Will que ainda estava com o olhar perdido. Ele não havia escutado seu celular tocar.
— Ah... obrigado— Ele não sabia oque falar nessa situação, "obrigado", "Tá bom" "Valeu", "Por favor não me ache maluco por não ouvir meu celular tocando bem na minha frente" Ou apenas um "vai cuidar da sua vida"?
— Will, onde você está? — era Jason com tom preocupado, falando em um tom mais nervoso que o normal. Será que sumir para ir do nada no mec era normal?
— No McDonald's
— Você é doido? — "Sim" era oque Will queria falar, mas ele preferiu dizer um
— Talvez
— Então vem para aula agora cara
— Tá bom — ele diz desligando
Ele estava realmente cansado de precisar se explicar, ele não queria dizer que estava cansado e isso o deixaria mais cansado ainda. Uma hora ele pararia de fingir e abriria o jogo, mas no momento ele estava muito cansado para isso. Só no momento.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Prove-me seu valor
FanfictionHistória concluída É o último ano de faculdade de Will Solace, o quarterback promessa de Harvard, e parece que o universo inteiro está jogando contra ele. Com as perseguições do diretor regente, estranhos surtos psicológicos, problemas com vícios e...